Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Sentimento de pertença e sua relação com a participação social em lutas comunitárias em um assentamento indígena citadino.
KÁSSIA PEREIRA LOPES, MARCELO GUSTAVO AGUILAR CALEGARE, MARCELO GUSTAVO AGUILAR CALEGARE, MAYARA DOS SANTOS FERREIRA, MAYARA DOS SANTOS FERREIRA

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Em reação aos diversos processos de opressão sofridos por grupos étnico-raciais, profissionais se organizaram em prol de atuações que atendessem esta camada populacional. Neste cenário, surge a Psicologia Social Comunitária, passando a considerar condições socioeconômicas e culturais das populações latino-americanas, sendo esta a abordagem utilizada para ponderar as reflexões deste estudo. O Amazonas é reconhecido pela presença significativa de populações indígenas, em áreas ribeirinhas e também citadinas, este último intensificado pelos movimentos migratórios, que acontecem em sua maioria, pela busca de melhorias nas condições socioeconômicas, de saúde e educação. O sentimento de pertença, termo aqui proposto, refere-se à criação de vínculos afetivos entre pessoa-espaço, contemplando relações de convivência. Considera-se, importante pensar este termo associado as realidades comunitárias de indígenas em ambiente de cidade, pois quando presente, tal pertencimento desencadeia no individuo, processos internos de identificação, personificação e cultivação, importantes para a constituição da participação comunitária. Deste modo, este trabalho visa refletir a realidade interativa da comunidade indígena citadina “Assentamento Indígena Sol Nascente”, localizada em uma área de ocupação em um bairro na cidade de Manaus. A experiência parte do projeto de iniciação cientifica e de extensão realizado nesta comunidade, que é composta por famílias indígenas de 12 etnias e também não-indígenas. A pesquisa foi realizada através de visitas semanais, utilizando como instrumentos de coleta de dados questionários semi-estruturados, conversas informais, e reuniões com comunitários e liderança. Buscando uma compreensão da participação popular e sua relação com o sentimento de pertença, refletiremos sobre estas, objetivando explanar estas relações.

Este estudo nos permitiu perceber que no discurso comunitário a aproximação com o lugar do morador da comunidade se destaca através da busca de melhorias, e pelo intuito de auxiliar ou ser protagonista no processo de regularização desse território.

Os relatos dos moradores quanto a regularização da comunidade, apresentam certa divergência, verificando-se que o protagonismo atuante da liderança em prol da regularização territorial, produz uma linha tênue. Alguns acreditam que a partir da regularização, serão proprietários de seus terrenos. Enquanto outros, sobretudo, aqueles que não pertencem ao mesmo grupo étnico ou não se reconhecem como indígena, a incerteza da regularização como território indígena, gera dúvida quanto ao futuro. Outros desconhecem inclusive a possibilidade de interferência da liderança em prol da continuidade de moradia deste comunitário. Percebendo isto, compreendemos que os modos de repasse das informações não está alcançando seu objetivo, aparentando falhas no processo comunicacional. Dentre os fatores associados a isto está a escassa participação de comunitários na associação. Isto tem gerado a sensação do não-compartilhamento de objetivos, uma das dimensões importante para a constituição do sentimento de pertença.

Pessoas indígenas e não-indígenas demonstram laços que indicam pertencimento, principalmente através de sua participação em atividades da comunidade. No entanto, outros demonstram certo distanciamento, principalmente por precisarem lidar com a possibilidade de perda de moradia. Portanto, percebemos que o sentimento de pertença nesta comunidade é uma dimensão complexa e aparentemente dispersa, que, uma vez não desenvolvida, tem promovido dificuldades de coesão grupal em prol de suas reivindicações e lutas por direitos.


Palavras-chave


Pertença; povos indígenas; participação popular; psicologia social comunitária.