Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA TUBERCULOSE NOS PACIENTES ATENDIDOS EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA NO INTERIOR DA AMAZÔNIA
Brenda dos Santos Coutinho, Andreza Dantas Ribeiro, Victor de Lima Dias, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Françoíse Gisela Gato Lopes, Adjanny Estela Santos de Souza, Renan Fróis Santana

Última alteração: 2017-12-28

Resumo


Apresentação: A tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa, representa um importante problema de saúde pública e é caracterizada pela transmissão por via aérea, de uma pessoa doente para uma sadia. Apesar de que os índices de TB estejam em decréscimo desde 2002, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um terço da população mundial está infectado com o agente etiológico da infecção, o Micobacterium tuberculosis. Percebe-se o problema da TB ao se constatar que ela representa a terceira causa de morte por doenças infecciosas e a primeira nos indivíduos com a coinfecção pelo HIV. Entretanto, cabe destacar que a TB está intimamente relacionada com o saneamento básico e a classe social dos indivíduos. Contudo, apesar do problema que caracteriza a TB, esta é uma patologia que não é difícil de ser diagnosticada, além de possuir tratamento e, ainda possuir métodos preventivos. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa, descritivo, com o emprego da pesquisa documental. Os dados foram coletados a partir dos registros do laboratório de análises clínicas em uma unidade de referência, no município de Santarém, estado do Pará. A respectiva unidade é vinculada a Secretaria de Estado de Saúde – SESPA e atua como referência secundária e terciária no programa nacional de tuberculose nos 19 municípios da região oeste do Pará, sendo 13 municípios do Baixo Amazonas (Alenquer, Almeirim, Belterra, Curuá, Faro, Juruti, Monte Alegre, Mojuí dos Campos, Óbidos, Oriximiná, Prainha, Terra Santa e Santarém) e 6 da região do Tapajós (Aveiro, Itaituba, Jacareacanga, Novo Progresso e Trairão). Foram incluídos todos os registros, cujos dados dos pacientes estivessem completos e com diagnóstico clínico-laboratorial de TB confirmado, no período de abril de 2011 a abril de 2017. As variáveis analisadas foram sexo, faixa etária, município de residência, zona de residência e dados clínicos. As variáveis encontradas foram tabuladas por meio do Microsoft Excel 2010 e os dados foram analisados por meio da estatística descritiva. A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará, conforme parecer nº 2.372.826, respeitando o que preconiza a Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que estabelece normas para a realização de estudos com seres humanos. Resultados e/ou impactos: Foram analisados 365 registros de pacientes atendidos no período de abril de 2011 a abril de 2017, sendo que 83 pacientes tiveram diagnóstico clínico-laboratorial positivo para tuberculose. A maioria dos indivíduos portadores de TB pertencia ao sexo masculino (62,65%) e a idade variou de 13 a 85 anos de idade, média de 39,5 ± 16,6 anos. Houve maior prevalência na faixa de 20 a 40 anos de idade. A maior incidência da tuberculose no sexo masculino é condizente com a epidemiologia nacional, sendo que a OMS coloca uma relação entre homem e mulher de 1,5:1 a 2,2:1. A literatura justifica essa preferência devido à maior exposição dos homens aos fatores de risco para a tuberculose e o menor zelo dessa população com sua saúde, de forma geral. Relacionado à idade dos pacientes, os valores obtidos na pesquisa condizem com a faixa de 20 a 49 anos, a mais prevalente nacionalmente. Referente à zona de residência, a maioria era proveniente da zona urbana (89,16%), seguida pela área rural (9,64%) e em 1,20% não houve essa informação. Quanto ao município de residência, observou-se que grande parte era advinda da cidade de Santarém (48,19%), localidade da unidade de referência, após os mais incidentes foram Itaituba (15,66%), Trairão (9,64%), Oriximiná (7,23%) e os demais municípios (19,28%). No que concerne ao tipo de entrada dos pacientes, 73,49% eram casos novos, 12,05% recidiva e 14,46% reingressos após abandono. De acordo com a OMS, o caso novo será aquele em que o individuo nunca usou ou fez uso por menos de um mês dos medicamentos utilizados para o tratamento da TB, já a recidiva e reingresso após abandono se encaixariam no retratamento, sendo este caracterizado pelas pessoas que já fizeram em algum momento da vida tratamento para TB, porém passou a necessitar novamente da terapêutica, seja decorrente da recidiva após a cura ou retorno após abandono. Diante desses números, observa-se uma quantidade significativa de pessoas que abandonaram o tratamento por conta própria, o que representa uma importante problemática no contexto da tuberculose, dado que favorece a ocorrência de multirresistência, prolonga o tratamento e apresenta maior número de intercorrências. Respectivo à forma clínica da TB, 98,80% estavam acometidos pela forma clássica, a pulmonar e 1,20% pela miliar. Esse fato vai de encontro com a forma de maior ocorrência da doença, observada à sua forma de transmissibilidade. No que condiz a perda de peso, característica observada com frequência nos pacientes portadores de tuberculose, 8,43% apresentavam e em 91,57% não foi observado ou não foi informado no registro. Além disso, foram investigados acerca da presença de agravos associados à infecção que podem colaborar para um pior prognóstico. Dessa forma, alusivo ao alcoolismo, 3,61% tinha essa associação. O consumo de álcool durante o tratamento para TB induz a um prognóstico ruim da infecção e, além disso, esse hábito representa um fator colaborativo para a incidência da TB e a existência de formas mais agressivas. Pertinente ao tabagismo, 1,20% era fumante. Sabe-se que o fumo colabora consideravelmente para a ocorrência de complicações associadas à tuberculose, bem como para o aumento da mortalidade. Quanto a um agravante, bem como uma causa importante na TB, 2,41% estavam em situação de rua. Cabe salientar que essa situação afeta consideravelmente na adesão ao tratamento, pois representa uma condição favorecedora de abandono, dado que o tratamento para TB reivindica tempo e é composto por uma associação de drogas. Dentro desse contexto, os profissionais de saúde assumem um papel indelegável para o sucesso do tratamento, devendo haver interação com os setores de assistência social, além disso, cabe citar a equipe de consultório na rua como principal aliada. Ademais, no contexto das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), 3,61% eram portadores de Diabetes mellitus (DM) tipo 2 e 2,41% de hipertensão arterial sistêmica. Destaca-se que a associação entre DM tipo 2 e tuberculose requer atenção, visto que essa DCNT pode afetar na terapêutica da TB. Considerações finais: A maioria dos pacientes portadores de tuberculose no estudo eram do sexo masculino, na faixa etária de 20 a 40 anos de idade, provenientes da zona urbana e do município de Santarém – PA, situados como casos novos e com a forma pulmonar da doença. Apesar de não haver novidades dentro do contexto nacional, observou-se que o número de indivíduos em retratamento é preocupante, principalmente para a multirresistência. Além disso, é interessante salientar que os profissionais de saúde, em especial, o profissional enfermeiro devem educar esse paciente, bem como colaborar para a correta adesão ao tratamento, o que é de suma relevância para o sucesso neste.


Palavras-chave


epidemiologia; tuberculose; saúde pública.