Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A Educação Popular em Saúde na estruturação de Linhas de Cuidado em Saúde do Homem: Construção participativa baseada nos itinerários terapêuticos e processos educativos.
Osvaldo Peralta Bonetti, Muna Muhammad Odeh

Última alteração: 2018-05-03

Resumo


A saúde do homem tem se apresentado como um desafio para o Sistema Único de Saúde (SUS), os dados epidemiológicos da população masculina apresentam um cenário crítico que pode ser evitado. Contudo, para tanto são necessária mudanças socioculturais e institucionais/organizacionais no planejamento e organização dos serviços e ações de saúde. Nesta perspectiva, implicado com a qualidade da saúde da população masculina, é que o Ministério da Saúde, vem implementando desde o ano de 2009 a Política Nacional Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH). Dentre os dados, identificamos que os homens vivem menos 7,3 anos em média do que as mulheres, assim como, uma lideram o ranking de várias doenças evitáveis.

Assim, para alcançar objetivos que contribuam com a melhora dos indicadores de saúde da população masculina, são necessários um conjunto de medidas que alinhadas à concepção da saúde integral, que reconhece a diversidade desta população que se apoie em uma rede articulada de ações e serviços.

Neste contexto é que foi formulado O Projeto LCSH, o qual têm sido implementado de forma articulada e em parceria, envolvendo a Faculdade de Saúde da Universidade de Brasília (FS/UNB), Hospital universitário de Brasília (HUB), Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF), Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), Ministério da Saúde e Grupo de Trabalho de Educação Popular em Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (GT de EPS ABRASCO).

O mesmo, apresenta como objetivo, contribuir com o reconhecimento dos territórios por parte da equipe condutora do Projeto LCSH DF, promovendo a apropriação sobre os itinerários terapêuticos vivenciados pela população, como também, identificar lacunas no que diz respeito à educação permanente das equipes e pactuar fluxos relativos à referência e contra referência.

A fim de conquistar maior apropriação do contexto dos serviços e do próprio campo da saúde do homem no DF, optou-se por referenciar esta iniciativa nos princípios teórico metodológicos da educação popular em saúde, a qual, na atualidade, conquistou caráter de política pública no Brasil, com a publicação da Política Nacional de Educação Popular em Saúde (PNEPS-SUS).

Considerado como uma iniciativa piloto e pioneira no caminho da efetivação de uma linha de cuidado em saúde do Homem no SUS do Distrito Federal (DF), foram escolhidas as unidades de atenção básica localizados na zona rural, denominada Região Leste. Ao todo foram envolvidas 5 UBS, totalizando aproximadamente 70 trabalhadores da saúde. São elas: PSR Capão Seco - Núcleo Rural Capão Seco – Paranoá; PSR Cariru - Núcleo Rural Cariru – Paranoá; PSR Jardim II - Núcleo Rural Jardim – Paranoá; PSF Equipe 01;  PSR PADDF - BR 251 – Paranoá.

Metodologia

Seguindo o referencial politico-metodológico acolhido no Projeto, foram realizados inúmeras atividades de planejamento, formação e articulação com o território. Sendo elas: reuniões quinzenais do grupo condutor do projeto, um seminário distrital de saúde do homem, uma oficina sobre linhas de cuidado, educação popular em saúde e saúde do homem em cada uma das 5 unidades de saúde da família orientadas pelos princípios da educação popular em saúde.

Assim, o respeito aos saberes locais, o diálogo, a problematização foram fios condutores do processo metodológico. As oficinas promoveram além de momentos de diálogo e apresentação do território pelos atores das equipes locais, a realização de rodas de conversa, nas quais, partindo dos núcleos temáticos envolvidos na proposta, foram apresentadas questões geradoras ao conjunto de integrantes das equipes, os estimulando a perguntar-se, a aprofundar a acuidade de suas leituras sobre a realidade nas quais estão inseridos, tanto no que diz respeito à construção social do território, às demandas de saúde da população masculina e das potencialidades e desafios para implementação da linha de cuidado.

Conclusões

A experiência vivida nesta primeira fase de implementação do Projeto evidenciou a importância de construir uma cultura participativa na gestão em saúde, a fim de organizar os serviços de forma efetiva e implicada com os anseios e diretos da população.

Cultura essa, que deve se expressar no modo como são implementados os projetos de mudança, como também, os processos formativos que requerem um referencial teórico-metodológico consistente e identificado com a problematização do cotidiano do processo de trabalho dos serviços de saúde.

Nesta perspectiva, ficou patente também, a potencialidade e efetividade das contribuições metodológicas da educação popular em saúde e da perspectiva de linhas de cuidado para fortalecimento deste processo de democratização que visa à garantia do direito universal à saúde e a qualidade do cuidado, que demanda planejamento, respeito, escuta e humanização.

 

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Palavras-chave


Saúde do Homem; Educação Popular em Saúde; Linha de Cuidado.