Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
Relato de uma intervenção acerca da Violência Obstétrica: dialogando formação acadêmica e direitos das mulheres.
Melina Navegantes, Crissia Roberta Pontes Cruz, Crissia Roberta Pontes Cruz

Última alteração: 2017-12-27

Resumo


A mulher tem sido vítima de diferentes formas de violência ao longo da história. O combate a estas violências tem se fortalecido cada vez mais, especialmente a partir do século XX com o avanço dos movimentos feministas, que tem o combate à violência contra a mulher como uma de suas principais bandeiras. Dentre essas diferentes formas de violência destaca-se aqui a obstétrica, uma violência contra as mulheres que ocorre no período gravídico-puerperal. Uma realidade que, embora recorrente, tem poucos espaços de debate durante a formação dos psicólogos, visto que as questões de gênero ainda são secundarizadas em nossa formação. À vista disso, o presente trabalho tem como objetivo a descrição de uma experiência de intervenção em um programa de pré-natal. Foi realizada uma roda de conversa com gestantes e acompanhantes em um programa de pré-natal em uma Unidade de Referência na cidade de Belém que teve como objetivo um espaço de trocas e diálogos com as gestantes e suas/seus acompanhantes a fim de promover reflexões sobre a violência obstétrica e também sobre os direitos das mulheres.

A roda teve 15 participantes e duração de uma hora. A atividade foi elaborada no âmbito da disciplina Psicologia e Feminismo do programa de pós-graduação de Psicologia Social e Clínica (PPGP) da Universidade Federal do Pará por um grupo de cinco alunas. Como disparadores para o diálogo utilizaram-se frases previamente elaboradas de situações de violências obstétricas. As frases atuaram como instigadoras para a fala das participantes e favoreceram a troca entre gestantes, acompanhantes e facilitadoras. Enquanto resultados possibilitou-se perceber a validade dessa metodologia no ambiente do pré-natal, visto que as gestantes e as acompanhantes utilizaram este espaço para expor suas experiências pessoais, muitas vezes condizentes com a realidade da violência obstétrica. Desenvolveu-se, dessa forma, um ambiente de troca de experiências onde percebeu-se que muitas das acompanhantes e gestantes multíparas já passaram ou ouviram relatos próximos de maus tratos com mulheres durante a gestação, parto e puerpério; além disso, possibilitou-se um ambiente no qual dúvidas puderam ser expressas e esclarecidas viabilizando assim maior conhecimento sobre violência obstétrica e os direitos das mulheres. A intervenção mostrou sua importância, também, no âmbito da formação devido poder desenvolver um caráter pratico para questões debatidas em sala de aula. Dessa forma, as alunas estiveram em contato com a realidade do serviço de saúde e de gestantes e mulheres que passaram por violências obstétricas. Dessa forma, esse contato permitiu às pós graduandas e a mim, como graduanda e aluna especial na disciplina Feminismos e Psicologia do PPGP um olhar diferenciado acercada violência obstétrica e perceber como ela é experienciada por essas gestantes, como são moldadas e superadas suas dores e sofrimentos psíquicos. Assim, a oportunidade de participar de uma intervenção, de ter o contato com a realidade do SUS e de suas usuárias, evidenciou a importância de mais experiências de prática como essa durante o curso de psicologia a fim de desde a graduação capacitar os futuros psicólogos para atuar em questões de gênero, violência e assistência em saúde.

 


Palavras-chave


Violência Obstétrica; Direito das Mulheres; Formação acadêmica; Intervenção