Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Educação Multidisciplinar em Saúde no Atendimento de Transgêneros: Um Relato de Experiência
Davi Emmanuel Malcher de Carvalho, Gabrielly da Silva Costa, Ana Flávia Ribeiro Nascimento

Última alteração: 2018-05-13

Resumo


Trata-se de um relato de experiência acerca de um evento de formação continuada para acadêmicos, docentes, profissionais da área da saúde e comunidade em geral sobre atendimento de pessoas trans nos serviços de saúde, promovido pelo SCORP (Comitê Local de Direitos Humanos e Paz) da IFMSA Brazil (Federação Internacional de Associações de Estudantes de Medicina) – Regional Norte 2. O evento ocorreu no dia 20 de maio de 2017, em Santarém – PA, no auditório da Universidade do Estado do Pará – Campus XII (UEPA), e também foi realizado no dia seguinte, em Belém – PA, na Universidade Federal do Pará (UFPA). O objetivo dos organizadores – que também são autores deste relato – foi propiciar uma capacitação para o público alvo acerca das necessidades específicas em saúde da população trans que, apesar da Política Nacional de Saúde Integral a Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros instituída pela portaria N° 2836/2011 do Ministério da Saúde, sofre constantemente com a marginalização e a discriminação dentro dos próprios serviços de saúde. O evento contou com palestras durante a manhã sobre transfobia, relação profissional-paciente no atendimento a pessoas trans e aspectos psiquiátricos e psicológicos da transexualidade, ministradas por médicos, enfermeiros, psicólogos, antropólogos e docentes de várias instituições de ensino superior. Durante a parte da tarde, aconteceu uma roda de conversa com todos os presentes que se discutiram os temas trabalhados pela manhã. De acordo com as pessoas trans e representantes do movimento LGBT que estavam no evento, ainda há muita dificuldade no acesso de serviços específicos à população trans, como o de ambulatórios de endocrinologia, infectologia e clínica cirúrgica. Outro problema mais sério relatado é que essa população se sente excluída até mesmo da atenção básica, devido a constante menosprezação dos seus problemas de saúde, constituindo assim uma grande violação aos princípios da Universalidade e da Integralidade instituídos pela Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde. Essas pessoas também afirmaram ter o seu direito ao uso do nome social constantemente violado em ambientes hospitalares, causando constrangimento e gerando processos contratransferenciais negativos, que acarretam abandono do tratamento do paciente transexual ou travesti, ou resistência em procurar novamente outros serviços de saúde. Os acadêmicos de outras instituições e cursos de graduação em saúde discutiram a enorme lacuna que existe durante a formação dos profissionais da saúde no que tange o atendimento humanizado da população LGBT, apontando falhas nos componentes curriculares que abordam Saúde Sexual e Humanidades Médicas (recentemente adotado em algumas escolas médicas do país). A partir do que foi discutido, reforçou-se a ideia que a formação dos profissionais da saúde também deve se ater a questões sociais e que é preciso uma urgente reforma nas grades curriculares dos cursos de graduação em saúde do país. Posteriormente, as soluções encontradas pelos participantes do evento foram apresentadas em reunião pública à coordenação da UEPA e a representantes do movimento LGBT que estudam formas de mudar o panorama detectado.


Palavras-chave


Humanização; Educação Multidisciplinar; Saúde; Transgêneros; Integralidade.