Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Caminhos da Residência em Saúde Coletiva no Ceará: (re)desenhando percurso-formativo pedagógico.
Katherine Jeronimo Lima, Maria Iracema Capistrano Bezerra, Amanda Cavalcante Frota, Glaucilândia Pereira Nunes, Rafael dos Santos da Silva

Última alteração: 2018-05-24

Resumo


Apresentação: Nos últimos anos, houve o fortalecimento de movimentos fomentadores para construção de diversas possibilidades pedagógicas, que impulsionem mudanças na formação do profissional de saúde. A elaboração de propostas de ensino que dialoguem no contexto da reforma sanitária brasileira, com a formação de currículos integrados e que articule ensino-serviço de saúde, a exemplo da modalidade de pós-graduação Lato Sensu a Residência Multiprofissional em Saúde, possibilita a formação de profissionais de saúde para o trabalho no Sistema Único de Saúde e para promover mudanças às necessidades de saúde da população. A Residência Integrada em Saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará (RIS-ESP/CE) tem por objetivo ativar/capacitar lideranças técnico-científicas e políticas por meio da interiorização da educação permanente interprofissional em saúde para o fortalecimento e consolidação da carreira e do Sistema Único de Saúde. Promove a educação para o trabalho por meio da aprendizagem em serviço, tanto a nível municipal, regional e/ou estadual de saúde, nos componentes comunitário e hospitalar. O Componente comunitário engloba três ênfases: Saúde Coletiva, Saúde da Família e Comunidade e Saúde Mental Coletiva; enquanto que o componente hospitalar abrange as ênfases: cancerologia, cardiopneumologia, enfermagem obstétrica, infectologia, neonatologia, neurologia e neurocirurgia, pediatria e urgência e emergência. A RIS-ESP/CE, na ênfase Saúde Coletiva, tem por objetivo a formação de gestores aptos a atuarem em todos os níveis de gestão, controle social, vigilância e atenção em saúde, com foco na organização, planejamento e avaliação frente às necessidades de saúde da população nos diversos momentos do processo saúde-doença, sobretudo, atuando dentro da concepção da integralidade, intersetorialidade e interprofissionalidade. Deste modo, o processo de ensino-aprendizagem desenvolvido pela RIS-ESP/CE é centrado no usuário, comunidade, território/serviço e processos de trabalho. Em meados de 2013, surge como a primeira residência multiprofissional em saúde coletiva do estado Ceará. Atualmente, se prossegue para quinta turma, no ano de 2018. Durante este período houve mudanças nos cenários de prática para potencializar o processo de formação das novas gerações de profissionais de saúde. Este trabalho objetiva apresentar as mudanças dos percursos formativo-pedagógico dos profissionais de saúde-residentes, na ênfase saúde coletiva, da primeira à quarta turma da RIS-ESP/CE. Desenvolvimento do trabalho: durante o período de dois anos, em regime integral, o profissional de saúde-residente da ênfase Saúde Coletiva, vivencia a aprendizagem em serviço, atuando na perspectiva do apoio institucional nos territórios de lotação. Foram muitas as mudanças nos rodízios para as vivências práticas dos profissionais residentes de Saúde Coletiva como será descrito a seguir. Na primeira turma, os profissionais de saúde residentes foram dispostos nos espaços de gestão regional na Coordenadoria Regional de Saúde (CRES) em cada uma das 20 Regiões de Saúde do estado do Ceará. Após 12 meses na gestão regional, os profissionais de saúde residentes foram encaminhados para gestão municipal, no município sede da CRES ou RIS-ESP/CE. Já na segunda turma, os profissionais de saúde residentes ainda vivenciam primeiro ano na gestão regional, no entanto, no segundo ano são alocados, somente para os municípios que sejam polos da RIS-ESP/CE, dividindo a carga horária na gestão municipal com equipe da saúde da família ou saúde mental, presente no município. A terceira turma introduz turnos compartilhados com a gestão regional e municipal, no primeiro ano de atuação dos profissionais de saúde-residentes. Assim, como nas turmas anteriores, no ano posterior, passam pelos dispositivos da rede assistencial e gestão municipal sede da RIS-ESP/CE, onde fraciona a carga com equipe da saúde da família ou saúde mental, presente no município. Após essas tentativas de adequação do percurso formativo e de oficinas e videoconferências para a elaboração de um novo percurso formativo, chegou-se à conclusão que a ênfase de Saúde Coletiva visa formar gestores cuja prática deve desenvolver-se nos locais de cuidado. A adaptação permanente dos rodízios ocorreu em atenção ao Projeto Político Pedagógico da ênfase e defendido pelo colegiado gestor da RIS-ESP/CE. Assim, a grande mudança ocorre na introdução da quarta turma, em que os profissionais de saúde-residentes no primeiro ano vivenciam os cenários de prática na gestão municipal, com carga horária dividida na metade na instância de gestão/controle social e a outra metade nos espaços de cuidado das equipes da saúde da família e saúde mental, onde interage com os profissionais-residentes das referidas ênfases. Vale ressaltar, que o critério para alocação dos profissionais residentes na ênfase Saúde Coletiva, seriam os municípios que também sejam sede para as ênfases da Saúde da Familia e Comunidade e Saúde Mental Coletiva. Para o segundo ano, estes profissionais de saúde-residentes mudam de cenário de atuação na gestão regional, onde compartilham carga horária na CRES e nos dispositivos da rede. Nos últimos três meses serão alocados na Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (SESA) de modo a compreender a gestão macro da saúde do estado. Resultados e/ ou impactos: Diante do contexto apresentado, nota-se que a RIS-ESP/CE na ênfase Saúde Coletiva, traz em seu processo de formação um diferencial, ao propor alternativas nos percurso formativo-pedagógico, o que revela comprometimento na formação dos profissionais de saúde-residentes e com os aprendizados construídos durante a vivência nos territórios. Assim sendo, é a partir do território que se defende o perfil de atuação do sanitarista e gestor. O Cuidado é o centro. A Integralidade é a busca. Compromete-se, portanto, com a construção coletiva e outros modos de pensar a formação e a educação permanente em saúde. Considerações finais: As mudanças foram ocorridas em virtude dos diversos olhares e experiências vivenciadas nos territórios presentes a RIS-ESP/CE, embora, com diferentes perspectivas sentidas de cada profissional de saúde-residente, pode-se dialogar e trocar ideias mútuas de ensino-aprendizado/vivências que se somam e engrandecem o processo de formação, não somente para formação de gestores com competências técnicas científicas-políticas, mas na formação de profissionais com a visão para além do que se vê.


Palavras-chave


Saúde coletiva; Residência; Educação permanente