Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Combatendo o racismo institucional: caminhos de resistência e enfrentamento na promoção de saúde de mulheres negras
Andreza Cristina da Costa Silva, Claúdia Regina Brandão Sampaio

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


Os indicadores sociais atuais apontam majoritariamente a condição desfavorável de vulnerabilidade em que a população negra brasileira se encontra. Em qualquer eixo, seja na educação, saúde e acesso ao mercado de trabalho, nota-se as desigualdades raciais vivenciadas por essa população. Esses indicadores tornam-se mais acentuados quando realizamos um recorte de gênero: a mulher negra nesse contexto sócio-político encontra-se na base da pirâmide, ou seja, sofre duplamente nesse sistema patriarcal e racista. Embora possa ser observado alguns avanços na efetivação dos direitos das mulheres negras, ainda é perceptível as desigualdades atravessadas pela raça e gênero que demarcam lugares no estrato social e que influenciam diretamente na saúde dessas mulheres. Dessa forma, ser mulher negra é, sobretudo, carregar em sua historicidade marcas de violência e opressão. Essas marcas na carne foram construídas em períodos históricos diferentes que mesmo com o passar do tempo, mantiveram através de novas roupagens relações desiguais e desumanas. O mito da democracia racial é questionado quando nos deparamos com esses índices, pois verificamos a presença e eficácia do racismo no Brasil. Portanto, não vivemos em um país com harmonia entre os povos, não há acesso para todos, não há igualdade. Falamos de um (não) lugar que foi e é construído através de uma ideologia eurocêntrica e colonizada. Em função disso, é importante questionar qual tem sido a participação dos equipamentos de saúde, sobretudo da Psicologia enquanto ciência e profissão na qualidade de vida dessas mulheres. E mais, como a mulher negra tem encontrado meios de enfrentamento para existir nesse sistema, quais são as estratégias e o modo de vida que levam nesse cenário social?É fundamental conhecer e dar visibilidade a realidade concreta marcada não só pelos traços históricos, mas pelas conjunturas subjetivas dessas mulheres resistentes na diáspora e na sociedade pós-colonial racializada. O racismo institucional enquanto um fenômeno histórico, encontra-se presente nas diversas esferas da sociedade brasileira causando sofrimento à mulher negra, minando e inferiorizando o seu intelecto, auto-estima, afetividade, família e outras dimensões sociais importantes para a sua saúde. Cabe levantar a discussão que embora outros sistemas sejam adotados, sobretudo no âmbito da economia como o capitalismo, os modelos de exploração continuarão. Ainda assim, cabe a nós, como meta ética-política pautar nossas ações na transformação social, resgatar nossas potencialidades e autonomia para que esses modelos sejam combatidos diariamente. Neste sentido, uma ferramenta útil para combater o racismo institucional nos espaços sociaisé a discussão acerca da temática. Evidente que não se trata de uma solução universal e acabada, mas um caminho necessário que favorece outras possibilidades de atuação. Dessa forma, abrir espaços institucionais para a discussão acerca do racismo e seus impactos na sociedade brasileira, é contribuir para a saúde da mulher negra, dialogando com as suas reais demandas de sobrevivência, promovendo a qualidade de vida e uma atuação humanizada, como também rompendo e desmitificando estereótipos e preconceitos que estruturam as relações raciais no país.

Palavras-chave


racismo institucional, mulheres negras, saúde