Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Desenvolvimento de Grupo de Convivência em uma Unidade de Saúde da Família: Um relato de experiência.
Marcos Silva, Arthur lima, Arthur lima, Arthur lima, Arthur lima, aNNE Sulivan Lopes da Silva Reis, JULIANE FAGUNDES, Janilson Matos, JULIANE FAGUNDES, Janilson Matos, MARIA DE LOURDES, aNNE Sulivan Lopes da Silva Reis, MARIA DE LOURDES, aNNE Sulivan Lopes da Silva Reis, GISLENE PEREIRA BASTOS, GISLENE PEREIRA BASTOS, TAYANE DE JESUS FREITAS, Janilson Matos, TAYANE DE JESUS FREITAS, aNNE Sulivan Lopes da Silva Reis, JULIANE FAGUNDES, TAYANE DE JESUS FREITAS, JULIANE FAGUNDES, MARIA DE LOURDES, Janilson Matos, MARIA DE LOURDES, TAYANE DE JESUS FREITAS, GISLENE PEREIRA BASTOS, GISLENE PEREIRA BASTOS

Última alteração: 2017-12-28

Resumo


Apresentação:

Este trabalho trata-se de um relato de experiência desenvolvido pelos profissionais - residentes e corpo pedagógico - do Programa de Residência Multiprofissional e Médica em Saúde da Família FESF-SUS/FIOCRUZ, atuantes em uma Unidade de Saúde da Família (USF) no município de Lauro de Freitas, Bahia. Apresenta como objetivogeral refletir sobre a produção do cuidado na Atenção Primária à Saúde (APS)e como objetivo específico relatar a experiência do uso de estratégias que viabilizem o maiorconhecimento das reais necessidades de saúde e interesses da comunidade adscrita a essa Unidade e fortalecimento do vínculo com os usuários, das práticas alternativas (não biomédicas), da autonomia dos sujeitos e da valorização da culturalocal.

 

Desenvolvimento:

No Primeiro momento, foi elaborada uma atividade em grupo com o nome Encontro com a Saúde, a qual foi aberta à toda comunidade e divulgada através dos agentes comunitários, convites impressos, sala de espera e em reuniões das equipes de saúde. Essa atividade teve como tema principal – qualidade de vida –  e foi utilizada como metodologia a dinâmica de construção de uma árvore dos sentidos, em que cada usuário recebeu um papel em branco em formato de frutas, onde ele foi questionado e convidado a escrever ou responder verbalmente sua percepção sobre qualidade de vida. A partir das respostas, foram escolhidos alguns temas para serem discutidos em encontros posteriores como: atividade corporal, alimentação saudável e qualidade do sono. Ao final, foram pactuados novos encontros semanais.

 

Em um dos encontros trouxemos a temática Envelhecimento: Por se tratar de um grupo formado por pessoas, em sua maioria, idosas ou próximas dos 60 anos, foi planejado uma roda de conversa sobre as alterações fisiológicas que ocorrem nessa idade, consideradamelhor idade; sobre o envelhecer saudável e o processo de saúde-doença-cuidado; a atividade física como uma aliada nesse processo de envelhecimento saudável e direitos do Idoso. Nesse último tópico, a discussão e as reações de indignação foram grandes. Segundo os usuários, esses direitos são negligenciados e por vezes, demandam um certo desgaste físico e até emocional para que esses possam ser cumpridos, e por vezes não são. Para finalizar o encontro, com o intuito de ganho de flexibilidade, prevenção de quedas e melhora do estado físico global, foi realizado alongamentos ativos, exercícios para ganho de força, equilíbrio e coordenação motora e incentivo ao empoderamento e corresponsabilização do usuário pela sua saúde e vida ativa.

 

Em outro encontro trouxemos a Bioenergética: como metodologia utilizou-se a roda de conversa em que os participantes foramquestionados sobre estresse.Muitos dos presentes referiram conviver diariamente com essa problemática, seja com seus cônjuges ou com parentes que residem em seu domicílio. Reconheceram que níveis elevados podem ser prejudiciais para a saúde e que tentam na maioria das vezes se afastar da fonte geradora. Diante disso, visando liberar essas emoções e energias presas dentro de cada ser, para que as pessoas tivessem mais prazer e alegrias em suas vidas, realizamos exercícios de bioenergética (sincronizados com a respiração) durante aproximadamente 50 minutos.

 

Outros temas já fizeram parte dos nossos encontros, como a alimentação saudável, já que nos dias atuais as pessoas estão mais preocupadas com o que estão se alimentando. Duas características que predominam nos usuários que frequentam o grupo é a hipertensão e a diabetes e, por isso, foi explorado o tema de alimentação saudável no geral, mas com foco especial para estes pacientes. Uma das metodologias utilizadas foi a de mito ou verdade, que teve o objetivo de avaliar o grau de conhecimento das pessoas quando se trata de alimentação, já que é um tema que sofre bastante influência da mídia. Foi observado que as pessoas têm clareza de algumas coisas, mas que em relação a outras, ainda precisam de mais informação. Para finalizar, fizemos um lanche coletivo com frutas da época e de baixo custo, para mostrar que podemos sim ter uma alimentação saudável pagando pouco.

 

No intuito de resgatar a cultura corporal dos usuários, foi iniciada uma serie de experimentações baseadas nas Praticas corporais, haja vista a demanda identificada nos primeiros encontros realizados. As atividades com os temas: Samba, Cantigas de roda, Jogos cantados, Capoeira dentre outros, foram suscitadas pelos participantes. Dentro da experiência de cada uma delas, foi possível identificar o quanto as manifestações culturais envolve e perpassam a identidade dos sujeitos, através do resgate do lúdico e da valorização da singularidade da auto-expressão.

Durante o fluir dos encontros a dança foi uma das estratégias mais requisitadas pelos participantes, que em determinado momento a elegeram como ponto norteador dos encontros. Imbuídos nos ritmos musicais que marcaram diversas épocas como: Anos 60, 70, 80 além dos hits contemporâneos como o arrocha, os participantes rememoraram os costumes, as tradições e suas vivencias durante o seu transitar no decorrer do tempo.

Pensando em promover o contato com as Praticas Integrativas e Complementares em Saúde – PICS foi realizada diversas atividades que contribuíram para o fortalecimento e integração do grupo com a perspectiva do auto cuidado e do gerenciamento do próprio corpo, visando a qualidade de vida na perspectiva da Promoção da Saúde. Dentre estas experiências: a Biodança foi vivenciada no intuito de proporcionar a integração afetiva e o desenvolvimento do potencial humano. As danças circulares sagradas tiveram o objetivo de resgatar a conexão com a natureza, consigo e com o outro. O Lian Gong foi apresentado como prática de exercícios fortalecedores do sistema articular, na perspectiva da aptidão física relacionada à saúde. Já a meditação e relaxamento oriental visaram tanto a capacidade de concentração, como o manejo das próprias emoções. A Bioenergética direcionou exercícios e movimentos de sincronização com a respiração, promovendo sensação de leveza e bem estar constados pelos participantes.

 

 

Resultados e Impactos:

A fase de planejamento do grupo aconteceu a partir das demandas dos usuários e em um processo junto a eles. A identidade e formato que o grupo tomou é um resultado da participação ativa dos atores envolvidos, tanto usuários quanto trabalhadores da USF.

Consideramos que o grupo se tornou um espaço de convivência, educação em saúde, qualidade de vida, lazer, estímulo a uma vida mais independente e prazerosa para essa comunidade, onde já existem frequentadores assíduos, novas pessoas que aparecem a cada encontro, trazidos pelos usuários que já conhecem o grupo e convidados por trabalhadores da USF que percebem a necessidade de incluir algumas pessoas em redes de relacionamento com as características desse grupo e os benefícios que terão.

 

Considerações Finais:

Percebemos que a convivência em grupo e o dialógo linear entre trabalhadores e usuários aproxima e trás reflexões construtivas para o seu processo saúde e vida.

Ter uma escuta sensívelpor parte dos profissionais de saúde e incentivara participação ativa dos usuários na escolha da temática para cada encontro aumentou a adesão e protagonismo dos indivíduos ao grupo. Isso resultou em maior participação e autonomiados sujeitos no seu cuidado de saúde, dando empoderamento e corresponsabilização. Além disso, fortaleceua prática de modelos de cuidado em saúde contra-hegemônicos que não o Modelo Biomédico, a partir de abordagens biopsicossociaisque entendem a sintomatologia como uma consequência de uma ou mais causas, a(s) qual(is) deve(m) ser identificada(s) e dada(s) a devida importância, não sendo mais suficiente apenas medicar, o que torna as abordagens e açõesmais eficazes.

 


Palavras-chave


cuidado; saúde da família; grupo