Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Concepções e práticas de cuidado em saúde mental a partir de diferentes formações profissionais
Lislaine Santos Guimaraes, Laura Câmara Lima, Laura Câmara Lima, Sidnei José Casetto, Sidnei José Casetto

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


O estudo originou-se de um incômodo do cotidiano da pesquisadora e psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial da Zona Noroeste, em Santos-SP, com o fato de que os diversos entendimentos sobre cuidado em saúde mental entre os membros da equipe multiprofissional provocavam divisões dentro da própria equipe a respeito das condutas, divisões essas que interferiam na efetividade do trabalho. A hipótese levantada era de que as concepções e práticas de cuidado em saúde mental, bem como a compreensão do que é a doença mental, não seriam as mesmas entre esses trabalhadores e a formação profissional seria um dos fatores que determinaria essas diferenças. O objetivo geral da pesquisa foi compreender e problematizar as diferentes concepções e práticas de cuidado em saúde mental entre os trabalhadores do serviço. Os objetivos específicos foram entender como os profissionais do CAPS pesquisado compreendem a doença mental; investigar como profissionais de diferentes formações concebem e praticam o cuidado em saúde mental; discutir e ampliar o repertório de cuidados em saúde mental; mobilizar processos de Educação Permanente no serviço. A pesquisa é qualitativa e exploratória. Para coleta dos dados foram realizadas entrevistas semiestruturadas. A amostra não probabilística compreendeu metade dos profissionais do serviço (n= 13). Os sujeitos da amostra foram selecionados de modo a representarem todas as formações profissionais, a diversidade de tempos de serviço e os diferentes turnos de trabalho da equipe de saúde. Os voluntários abordados possuíam ao menos três meses de experiência na unidade na época da coleta. Um roteiro foi criado pela pesquisadora, contendo questões sobre escolha da área, capacitação, formação, experiência, visão, entendimento e dificuldades. As entrevistas foram gravadas, transcritas de forma integral, lidas e analisadas com base nos objetivos da pesquisa, pelo método da análise de conteúdo temática. Considerações finais: A hipótese de que a formação profissional determinaria, de forma predominante, as concepções e práticas de cuidado não se confirmou. O tempo de atuação na área, a prática diária com os usuários, os valores pessoais e o posicionamento político e ideológico parecem ser mais determinantes do que a formação profissional. Nesse sentido, ações de Educação Permanente seriam pertinentes para qualificar as equipes. Apesar dos trabalhadores terem conquistado recentemente um espaço semanal autogerido para Educação Permanente, ainda existe resistência por parte de alguns profissionais da equipe de enfermagem em participar desses encontros. Assim, como o Mestrado Profissional da Universidade Federal de São Paulo exige o desenvolvimento de um produto, decidiu-se por convidar esses sujeitos para participarem de grupos operativos, em que os resultados da pesquisa serão compartilhados e servirão de disparadores das discussões. O objetivo é ouvi-los e estimulá-los a participar dos encontros de Educação Permanente, para que a pactuação do trabalho possa, enfim, realizar-se coletivamente, e para que os saberes e os fazeres de cada trabalhador possam ser compartilhados, aprimorados e colocados à contribuição de todos (equipe e usuários).

Palavras-chave


Educação Permanente; equipe de cuidados de saúde; saúde mental; Centros de Atenção Psicossocial; saúde pública