Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A RELAÇÃO ENTRE IDOSOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA: RELATO DE EXPERIÊNCIAS
FRANCINEIDE Nogueira Muniz, Camila Carlos Bezerra, Camila Carlos Bezerra, Andreza Andrades Gomes, Andreza Andrades Gomes, Rayziane Christhiele de Freitas Fonseca, Rayziane Christhiele de Freitas Fonseca

Última alteração: 2018-01-21

Resumo




Introdução: O envelhecimento em seu processo natural pode gerar situações de perda da independência, da autonomia e da capacidade de autocuidado, nesses casos o idoso passa a necessitar de um cuidador, que na maioria das vezes é um familiar ou mesmo a família como um todo, que se reveza para suprir as necessidades. Este cuidar requer tempo e dedicação, sem considerar a carga emocional envolvida neste processo de assistir um ente querido dependendo de cuidados. Por vezes o idoso ou mesmo a família chega à conclusão da necessidade de um abrigo. A palavra Abrigo significa asilo, interpretada por muitos como um local de separação, de sofrimento e revolta. No século XIX, algumas casas denominadas de abrigos acolhiam doentes mentais, idosos com patologias crônicas e idosos rejeitados pela família, já no final do século XX iniciando o século XXI tem-se a criação de Instituições de Longa Permanência para Idosos, ambiente destinado ao desenvolvimento de atividades educativas, interação social, com objetivos de proporcionar ao institucionalizado, cuidados específicos e bem estar, para que os mesmos possam sentir uma sensação de acolhimento. Atualmente essas instituições visam não só a moradia, mas um ambiente completo, em que se desenvolvem atividades de lazer, de cuidado à saúde, voltado para o envelhecer saudável e com qualidade de vida, o que requer investimento financeiros. Porém os idosos desprovidos de condição financeira e apoio familiar tornam-se vulneráveis e por vezes são acolhidos, ainda nos dias atuais, por abrigos formados por grupos de voluntários. Esses abrigos não possuem nenhum vínculo com os órgãos governamentais e possuem seu sustento no trabalho voluntário e nas doações realizadas por benfeitores. O local escolhido para as atividades práticas da disciplina de Atenção Integral à Saúde do Idoso foi um abrigo de idosos de um bairro da cidade de Manaus, fundado por um grupo de jovens religiosos com o intuito de acolher e cuidar de idosos em situações vulneráveis e de abandono familiar. Estes idosos não possuem contato com seus familiares e relatam ter perdido o vínculo por diversos motivos, como brigas entre entes queridos, uso de drogas, situações financeiras e desvios de conduta. Objetivos: Relatar as atividades de interação social desenvolvidas em um abrigo para idosos ex-moradores de rua. Descrição da experiência: A prática da disciplina Saúde do Idoso no abrigo buscou desenvolver atividades para aumentar o grau de interação entre os idosos abrigados. No primeiro dia de prática fomos recebidas pelo cuidador do abrigo que nos mostrou a casa e rapidamente observamos que os idosos apesar de residirem em um mesmo ambiente, pouco interagiam entre si, ao adentrar as dependências observamos um idoso lendo um livro no pátio, dois idosos na sala, outros dormindo ou descansando no quarto e o silêncio interrompido pelo som da televisão. Ficamos por alguns minutos conversando com o cuidador e logo depois fomos conhecer os idosos, poucas palavras e sorrisos foram trocados. Após os primeiros contatos, realizamos uma reunião entre alunos e orientador para o planejamento das atividades com base na coleta de dados, um dos pontos levantados pela maioria foi a percepção da não interação entre os idosos. O que levou aos seguintes diagnósticos de enfermagem e elencados como principais e mais urgentes a serem trabalhados: Atividade de recreação deficiente; Estilo de vida sedentário; Comportamento de saúde propenso a risco; Controle emocional instável; Risco de baixa autoestima situacional; Processos familiares interrompidos; Interação social prejudicada; Relacionamento ineficaz. Com base nos diagnóstico estabelecemos um planejamento para as intervenções de enfermagem: Auxiliar a prática de habilidades de conversação e socialização; Elogiar as tentativas de expressão de sentimentos e ideias; Proporcionar interação social, conforme apropriado; Usar comportamento não verbal para facilitar a comunicação; Escolher membros capazes de contribuir para a interação do grupo e beneficiá-la; Encorajar os membros a partilharem entre si a raiva, a tristeza, o humor, a desconfiança e outros sentimentos; Propiciar exercícios estruturados de grupo, conforme apropriado, que promovam o funcionamento e a percepção do grupo. Para colocar em prática estas intervenções foram realizadas atividades lúdicas, roda de conversa e dinâmicas. Uma das atividades que mais tivemos retorno foi o bingo, realizado logo no início do semestre, no qual se trabalhou com a memória e a parte motora dos idosos, as alunas se distribuíram para auxiliar na marcação das cartelas e ao mesmo tempo interagir. Foram algumas rodadas, com distribuição de lembranças como prêmios para os vencedores. Durante as rodadas idosos que inicialmente se recusaram a participar foram se aproximando e aos poucos resolveram fazer parte da brincadeira, ao final até mesmo os cuidadores se admiraram da participação de alguns idosos que sempre se recusam a fazer parte das atividades. Ao final da atividade foi lida uma mensagem do livro Gotas de Esperança, onde todos participaram comentando o que entenderam e o que poderiam guardar para si a parte mais importante da mensagem. Observamos entre os idosos um semblante mais leve e durante o restante das aulas práticas continuamos a realizar atividades de interação, convidando os cuidadores a fazerem parte das atividades para assim dar continuidade e tornar estas atividades cotidianas no abrigo. Paralelo às atividades de interação, foram realizadas consultas de enfermagem, levantamentos de alguns diagnósticos e intervenções voltadas para o cuidado individual dos idosos abrigados. Resultados: Percebemos que no início das atividades os idosos se mostraram receosos em participar, porém o estímulo e a atenção empenhada proporcionaram uma melhora na interação entre os idosos abrigados. Idosos que pouco interagia passaram a aguardar por nossa chegada e demonstrar ansiedade em participar das atividades preparadas, ou mesmo recebemos relatos de que os próprios idosos se organizaram para realizar algumas atividades. Foi possível apreender nos idosos o desenvolvimento de uma percepção mais positiva sobre seu próprio valor, em resposta a situação de ser abrigado e não possuir vínculo familiar. Considerações Finais: A experiência proporcionou à formação acadêmica uma visão ampla sobre o cuidar e a importância dos laços sociais para a promoção da saúde, a enfermagem necessita buscar cada vez mais melhorar a qualidade da assistência prestada, considerando os diversos ambientes de atuação do enfermeiro.