Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PARTEIRAS TRADICIONAIS: REDES VIVAS E PRÁTICAS POPULARES DE SAÚDE
TACIANE MELO DE SOUSA, RODRIGO TOBIAS DE SOUSA LIMA, JÚLIO CESAR SCHWEICKARDT

Última alteração: 2017-12-20

Resumo


Introdução: A assistência à gestação, parto domiciliar, puerpério e cuidados com recém-nascidos, foi desde antigamente realizada por mulheres de saberes empíricos. Embora diversificados, os atores sociais que participavam do cuidado gestacional e puerperal de mulheres e crianças eram conhecidos como parteiras. As parteiras possuem diversas denominações: “parteira leiga”, “aparadeira”, “comadre”, “mãe de umbigo”, “curiosa”, dentre outras; contudo a nomenclatura escolhida pelo Ministério da Saúde (MS) para parteira é Parteira Tradicional (PT), significando a mulher que presta assistência ao parto domiciliar baseada em saberes e práticas tradicionais, e reconhecida pela comunidade. A vinculação da parteira com seu contexto social e seu grupo explicita os princípios da prática que se sustentam no conhecimento e reconhecimento de si e do outro, tornando relevante a interdependência entre a objetividade e a subjetividade na prática do cuidado. O parto domiciliar oferecido pelas parteiras vai além da visão fisiológica, pois envolve a presença da família, o manejo cauteloso de todas as fases subsequentes do evento e as práticas não-intervencionistas, como os chás caseiros, os óleos terapêuticos e palavras de conforto e coragem. O objetivo geral desta pesquisa é apresentar as parteiras tradicionais como protagonistas do cenário da gestação, parto e nascimento domiciliar. Desenvolvimento: Trata-se de um estudo descritivo e exploratório realizado a partir de uma revisão de literatura sobre parto domiciliar realizado por parteiras. Foram selecionados todos os artigos nacionais que tratavam de partos realizados por parteiras tradicionais. Considerações finais: A assistência ao parto no Brasil não é homogênea. Por meio da relação de compromisso com as mulheres assistidas, existe uma rica construção de rede permeada por subjetividade, criação de vínculos e solidariedade, que no processo parturitivo podem ser potencialmente terapêuticos. Por conseguinte, a construção de uma interlocução com as parteiras constitui estratégia para entender além dos saberes tradicionais, o impacto e os dilemas que permeiam o cenário de parto e nascimento. Essa interlocução com as parteiras constitui uma estratégia para entender os saberes e fazeres tradicionais, viabilizando a compreensão do impacto e os dilemas da política do parto, construída por processos de desmerecimentos às parteiras tradicionais na construção de um modelo de atenção tecnocrática e tecnicista, que consiste na valorização do conhecimento científico, presente nas hierarquias hospitalares. Valorizar a sabedoria presente no modo de cuidar das parteiras é um compromisso que precisa ser assumido por todos os cuidadores de saúde.

 


Palavras-chave


Parteira leiga; Parto domiciliar; Educação em Saúde