Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Título: Fatores culturais associados a não adesão aos exames preventivos de câncer de próstata em Parintins Amazonas.
Hellen Cristina da Silva Garcia, Luzimere Pires do Nascimento, José Silveira da Silva

Última alteração: 2017-12-30

Resumo


Título: Fatores culturais associados a não adesão aos exames preventivos de câncer de próstata em Parintins Amazonas. Apresentação: o descaso do homem com a saúde é um tema que aos poucos vem ganhando espaço no cenário nacional, no contexto acadêmico, científico, político-social e principalmente no âmbito do sistema público de saúde, pois vem tratar de um problema que tem despertado o interesse e a reflexão da sociedade, o câncer de próstata. Objetivo: Investigar se existe relação do fator cultural com a não adesão aos exames preventivos do câncer de próstata. Como problemática e/ou questão norteadora: Quais os motivos que levam os homens a não aderir à prevenção contra o câncer de próstata? Método do estudo: Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, exploratória, descritiva, que busca investigar os fatores culturais associados a não adesão aos exames preventivos de câncer de próstata. O estudo ocorreu no município de Parintins estado do Amazonas, localizado a 370 km da capital Manaus, apresentando um contingente populacional de aproximadamente 111.575 habitantes. Os dados foram coletados no período de dezembro de 2016 a fevereiro de 2017, em cinco Unidades Básicas de Saúde, a saber: Tia Leó; Waldir Viana; Doutor Aldrin Verçosa; Irmão Francisco Galianne e Mãe Palmira. A amostra do estudo foram 12 usuários do sexo masculino, com faixa etária de 40 a 90 anos, e 04 enfermeiros, totalizando 16 entrevistados. Os critérios de inclusão para os homens englobaram: faixa etária de 40 a 90 anos, não ter realizado exames preventivos de câncer de próstata e fazer parte da área de abrangência das respectivas unidades básicas de saúde. No que diz respeito aos profissionais enfermeiros, delimitou-se como critério: ter realizado consultas de enfermagem a população masculina na faixa etária descrita. O instrumento de coleta de dado foi o roteiro de entrevista, aplicado com questões fechadas e abertas sobre o objeto investigativo. As entrevistas foram gravadas em aparelho MP4. Em relação aos aspectos éticos da pesquisa, foi apresentado aos participantes o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, documento assinado pelo entrevistado que autorizou a sua participação no estudo, em cumprimento aos princípios éticos da pesquisa com seres com seres humanos, segundo a Resolução n° 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde. Os participantes foram esclarecidos quanto ao objetivo do estudo e após concordarem em participar da pesquisa e assinar o termo, as entrevistas foram iniciadas. Para manter o sigilo investigativo e o anonimato dos participantes envolvidos foram utilizados, como identificadores, letras e números. Os homens foram identificados da seguinte forma: H5, H6, H7 [...], os enfermeiros foram identificados como: ENF1, ENF2, ENF3 [...]. Foi garantido aos participantes: segurança, anonimato e liberdade de recusa em participar do estudo ou retirada do consentimento em qualquer etapa, informando-os que, após a transcrição das entrevistas, as gravações seriam apagadas, não sendo utilizadas para outro fim. Depois de concluída a coleta dos dados, estes passaram a ser analisados e discutidos de acordo com as literaturas. Os dados foram analisados pelo método de análise temática de conteúdo, segundo os critérios propostos por Bardin. Para o autor, a análise temática de conteúdo funciona por ações de desmembramento do texto transcrito em unidades e categorias segundo reagrupamentos que estão ligados. De acordo com o autor, as etapas básicas para análise de conteúdo temático são: pré-análise (fase de organização); exploração ou codificação do material; categorização e tratamento dos resultados obtidos e, por fim, interpretação. A partir dessas etapas foi feito todo o procedimento de organização, codificação, classificação e categorização dos dados, baseados nas perguntas norteadoras direcionadas aos entrevistados e suas respostas. O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa - CEP, da Universidade do Estado do Amazonas - UEA, em: 03/10/2016, sendo aprovado na data de 28/11/2016, sob o parecer número: 1.840.198. Resultados: Em relação aos dados socioeconômicos, constatou-se que a faixa etária de idade dos 12 homens, usuários das unidades de saúde era de 45 a 60 anos. A respeito do estado civil, 8 homens eram casados, 1 solteiro e 3 divorciados. Quanto ao nível de escolaridade: 1 usuário tinha ensino superior; 4 tinham o ensino médio; 4 o ensino fundamental completo e 3 usuários o ensino fundamental incompleto. Em relação à profissão/ocupação, os 12 homens exerciam profissões e ocupações diversas. Sobre a renda mensal, 6 homens recebiam um salário mínimo, 3 recebiam mais de um salário mínimo e 3 homens menos de um salário mínimo. O baixo nível socioeconômico dos usuários contribui para o processo de não adesão aos exames preventivos, visto que à medida que diminui o nível socioeconômico, aumenta a prevalência da população sem cobertura para as ações de saúde. A análise do conteúdo transcrito das falas dos homens e dos enfermeiros participantes da pesquisa, fez surgir o desenvolvimento de categorias analíticas. Tais categorias mostraram que, são inúmeros os motivos que levam a população masculina a não aderir aos exames preventivos, tais como: conhecimento insuficiente; vergonha; preconceito; machismo; medo e falta de tempo. Com base nas transcrições analisadas, fica evidente que esses fatores, principalmente os culturais, têm contribuído significativamente para o processo de não adesão aos exames preventivos de câncer de próstata. Analisando a fala dos entrevistados é notório o quanto a falta de conhecimento ou informação a respeito do câncer de próstata e exames preventivos ainda se faz presente. São poucos os homens que dispõem de informações ou tem um conhecimento aproximado do que seja a patologia, fazendo com que muitos tenham pouco ou nenhum conhecimento real do que seja o câncer de próstata e os malefícios que ele pode causar a saúde. Em relação ao aspecto vergonha, muito presente nas falas como um dos fatores responsáveis por justificar o comportamento masculino de não aderir às medidas de prevenção do câncer prostático, ficou claramente perceptível que a população masculina não adere aos exames preventivos por constrangimento. A vergonha de se expor na frente de outro homem, ainda que seja um profissional de saúde, acaba criando medos e, assim, afastando os homens dos serviços de saúde. Em relação à atuação do profissional enfermeiro frente ao processo existente de não adesão aos exames preventivos de câncer de próstata, verificamos nas falas dos entrevistados alguns relatos de suas ações na tentativa de solucionar ou minimizar tal problema. Considerações finais: Através dos dados analisados e discutidos, conclui-se que os fatores culturais, tais como: vergonha, preconceito medo e machismo, estão presentes em nosso contexto social, funcionando como barreiras frente ao processo de não adesão aos exames preventivos de câncer de próstata, impedindo que a população masculina realize os exames e se previna contra esse agravo. Cabe aos profissionais de saúde o papel de intervir e contribuir junto a esse grave problema que afeta a população masculina. O enfermeiro deve ser atuante, tendo liderança para criar e buscar novas formas de sensibilizar e trazer os homens para os serviços de saúde, criando neles o respeito pela saúde e despertando o amor próprio de cada um. O estigma atribuído ao homem de culturalmente não buscar os serviços de saúde por descaso, preconceito, vergonha, machismo e medo, só será mudado quando os mesmos forem tomados de conhecimentos reais sobre os agravos que o câncer de próstata pode causar em suas vidas, quebrando barreiras culturais alicerçadas há tempos em nossa sociedade.


Palavras-chave


Palavras-chave: câncer de próstata, fatores culturais, saúde do homem.