Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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DE COMO A MATERNIDADE ME FEZ CONHECER O CÉU E O INFERNO: relato de experiência sobre o processo de maternagem de uma mãe desnaturada
Kátia Cordeiro Antas, Liz Maria Teles de Sá Almeida, Márlon Vinícius Gama Almeida

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


APRESENTAÇÃO: Durante a gestação saí da condição maior de “mãe como entidade universal”, conforme o pensamento conservador sobre a maternidade, para a vilania total, aquela que não é afeita ou atenta à natureza materna. Difícil mesmo foi lidar com tais qualificações em um momento em que um coquetel de hormônios pululavam no meu corpo. É importante observar, neste episódio, que eu fui a única condenada por não cuidar, como entendem que eu deveria, de um filho que não escolhi fazer sozinha, não o fiz sozinha e não me propus aos cuidados como uma mãe solo. Ao pai do rebento nenhum julgamento fora feito. E é assim que este trabalho tem como objetivo relatar a experiência de gestar e se construir mãe no meu espaço-lugar de trabalho e de relações afetivas e familiares. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Na prática, a escolha pela maternidade torna-se o lugar da solidão. Talvez essa noção nos aproxime mais do conceito de maternagem. Para tanto, é preciso compreender que maternidade constitui-se como o processo biológico de tornar-se mãe e caracteriza-se pelo laço sanguíneo que liga mãe e filho. É gerar, gestar ou parir. Já “a maternagem não possui como suporte a condição biológica, nem de gênero, está amparada no afeto e no profundo desejo de cuidar. É aprendizagem e se constitui como cuidados próprios de mãe, mas não restritos à mãe”[A]. RESULTADOS: É preciso refletir acerca deste papel sob o ponto de vista da representação social construída sobre o ser mãe, na lógica do cuidado. Maternagem é um processo de criação que gira em torno da mãe, tem como princípio fundamental o toque, seja por meio da amamentação, do ninar ou conforto/acalanto para o choro. Colo, amor, contato afetuoso e consolo são elementos essenciais para a formação de uma criança. Cuidar é muito mais que alimentar, vestir, proteger das doenças e perigos. A qualidade da maternagem tem a ver com o paradoxo enfrentado por toda mãe de educar para a independência mesmo em fases em que a literatura médica, científica, popular, defende que aquele indivíduo que começa a se formar é completamente dependente da alimentação e cuidados maternos. Faz parte da maternagem consciente educar para tornar esse indivíduo independente de pessoa(s) ou instituição(ões). CONSIDERAÇÕES FINAIS: A gestação pode ser um momento muito conflituoso e difícil, no entanto, a reflexão e o debate figuram como valiosas formas de produzir as mudanças sociais tão urgentes e necessárias para colocar a mulher na cena com o protagonismo que lhe é devido para este momento e resgatar a sororidade e solidariedade dos demais, sem contudo, ser julgada como desnaturada, apenas por problematizar a sua existência no processo de construir-se mãe que materna.

Palavras-chave


Maternagem; Gestação; Feminismo.