Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A FEMINIZAÇÃO DA AIDS NA SAÚDE PÚBLICA: O AUMENTO DO HIV/AIDS EM MULHERES CASADAS OU UNIÃO ESTÁVEL
IAGO ROQUE ROLIM DOS SANTOS, TEREZINHA ALMEIDA QUEIROZ, KELLIANE JORGE PEREIRA BARROSO, SAMYA COUTINHO DE OLIVEIRA, DANIELE VASCONCELOS FERNANDES VIEIRA

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


APRESENTAÇÃO: Apesar da AIDS ter sido descoberta há mais de trinta anos, ainda não foi possível controlar a epidemia, tendo em vista que ela é instável e sem cura. Mesmo com todos os avanços na medicina e tratamentos elaborados ainda não foi possível encontrar uma terapia curativa para esta doença. Destaca-se que com a criação dos medicamentos antirretrovirais, no Brasil, as pessoas que são infectadas ainda podem viver por muitos anos com uma melhor qualidade de vida se comparada com o contexto do início da doença. No Brasil, há de se registrar que é cada vez mais freqüente o aumento do número de mulheres contaminadas pelo vírus HIV/AIDS. Com base nos dados do Departamento de DSTs, AIDS e Hepatites Virais, foram registrados, no Brasil, desde 1980 até junho de 2015, 519.183 (65,0%) casos de AIDS em homens e 278.960 (35,0%) em mulheres. Apesar do sexo masculino ainda ser o mais afetado pelo vírus HIV, é notável a presença e o aumento do sexo feminino nos últimos anos. Algumas mulheres por terem parceiros estáveis, talvez pelo excesso de confiança, não sintam a necessidade de prevenção durante as relações sexuais, por acreditarem que a fidelidade e a confiança estão acima de tudo inclusive nas relações matrimoniais. Essa certeza leva a “falsa” idéia de que estão imunes a contrair o HIV/AIDS. O interesse em realizar esta pesquisa ocorreu a partir do campo de estágio, quando eram solicitados estudos abordando a temática de Feminização da AIDS, dentre outros temas paralelos, como os que se relacionavam com preconceito e gênero. Essa inserção teve início em agosto de 2012, em um setor de Serviço Social de um Centro de Especialidades Médicas que trabalhava temas semelhantes. O estágio foi realizado em uma unidade que tratava pessoas com HIV/ AIDS e, durante esse período que compreendeu um ano e seis meses, foi perceptível entender que além de homens heterossexuais e homo afetivos existia um grande número de usuárias do sexo feminino contaminadas com o vírus HIV. A partir de então foi realizada uma monografia, de conclusão de curso de graduação, abordando a temática: feminização da AIDS e os preconceitos vividos por essas mulheres. Tal justificativa deu origem ao seguinte questionamento: Como está sendo vista a feminização da AIDS na saúde pública no Brasil? Tal estudo considera-se de grande relevância por, no seu final, contribuir com mulheres que não tenham ainda um discernimento da gravidade da doença, com mulheres que mesmo casadas e de parceiro único estejam sendo vítimas da doença, com estudantes e professores da área da saúde, assim como outros pesquisadores interessados em dar continuidade ao tema. Dessa maneira, considera-se de suma importância continuar com a mesma temática de estudos e pesquisas, tendo como foco central outro recorte de idéias, que abordasse o seguinte objetivo: Identificar como está sendo a feminização da AIDS na saúde pública do Brasil, no espaço temporal, dos últimos 10 anos, ou seja, no período de 2007 a 2016. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de um estudo descritivo, de natureza bibliográfica com abordagem quantitativa. Os dados foram coletados por meio de pesquisas publicadas em sites e base de dados da área da saúde, dentre eles Scielo, Lílacs e portal da CAPES, assim como livros e periódicos. Foram utilizados os seguintes descritores controlados associados: prevenção da AIDS, mulher e saúde pública. Considerando-se a escassez de publicação, de acordo com os descritores, foram encontrados sete artigos, que depois de selecionados ficaram apenas cinco artigos falando sobre o tema. A coleta dos dados foi realizada nos meses de agosto a novembro de 2016 e foram utilizados os critérios de inclusão, como: trabalhos selecionados somente aqueles disponíveis online, na íntegra e voltados para o tema em estudo. Além de estarem publicados em português era necessário que estivessem no espaço de tempo entre os anos de 2007 a 2016. Foram excluídos os artigos que falavam sobre HIV/AIDS, no sexo masculino e sobre homo afetivos. Os artigos foram analisados e organizados em quadros onde o primeiro contava com o título, ano, autor e periódicos e o segundo apresentando: os objetivos, resultados e conclusões. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: Tabela 1 - Razão de sexo por Região registrada no ano de 2014. Fortaleza/Ceará, novembro de 2016.

MASCULINO

FEMININO

REGIÃO

22 casos

10 casos

Sudeste/Centro-Oeste

19 casos

10 casos

Norte/Nordeste

16 casos

10 casos

Sul

Fonte: Barroso (2016).

Com base nessa tabela, percebe-se que apesar do aumento da AIDS em mulheres, os homens ainda lideram o ranking da referida doença, só perdendo na região Sul, onde houve uma participação maior das mulheres. Tal fator nos faz pensar nas relações de gênero, pois o modelo de masculinidade ainda é presente dentro da sociedade, ou seja, o homem parece ser o detentor de posse das mulheres, mantendo domínio sobre elas em tudo, inclusive nas relações sexuais. Diante dessa realidade, percebe-se que as mulheres estão cada vez mais suscetíveis a contrair o vírus HIV, no entanto esse aumento envolve fatores diversos, desde a falta de informação, prevenção, até a dominação masculina sobre a mulher. (Tabela 2). Com relação à questão confiança dentro do casamento, parece ser muito comum, as mulheres casadas ou em união estável não se prevenirem, pois muitas acreditam estarem imunes com relação a contrair a doença, simplesmente, pelo fato de serem casadas. Assim, tendem a se incluir em um patamar de pessoas imunes ao HIV, ou seja, mulheres casadas não sentem a necessidade de se prevenir, por acreditarem que estão imunes ao HIV/AIDS. Dessa maneira, acabam sendo alvo fácil de contaminação. Esse fator está relacionado à confiança da mulher no homem dentro do casamento, acreditando ela está inteiramente segura dentro da relação. A confiança pressupõe consciência das circunstâncias de risco, o que não ocorre com a crença. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O presente estudo realizado com mulheres casadas ou em união estável, soropositivas, mostra um fator preocupante, levando em consideração que essas mulheres pesquisadas não tinham a preocupação em se prevenir durante as relações sexuais, por acreditar que nunca iriam contrair a doença. Algumas não usam o preservativo devido à confiança no parceiro, pois crêem estar imunes à doença por terem parceiros fixos, outras não usam porque os parceiros referem não gostar e para satisfazer a vontade deles abdicam de sua proteção. Isso demonstra que essas mulheres não sabem a importância do uso da camisinha dentro das relações sexuais e acabam não dando a devida atenção para esse meio de proteção até serem infectadas pelo HIV. Desse modo, conclui-se que as desigualdades de gênero ainda se fazem presentes na sociedade entre homens e mulheres, fazendo com que os homens ainda exercem um forte poder de manipulação dentro das relações entre eles.


Palavras-chave


SAÚDE PÚBLICA; AIDS; FEMINIZAÇÃO DA AIDS.