Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Violência contra as mulheres : A mídia impressa como fonte de pesquisa
Euriane Castro Costa, Victor Assis Pereira da Paixão, Ana Karoline Souza da Silva, Adria Vanessa da Silva, Raine Marques da Costa, Gesiany Miranda Farias, Valquíria Rodrigues Gomes, Vera Lúcia de Azevedo Lima

Última alteração: 2018-01-06

Resumo


Apresentação:

A política de iniciação cientifica desenvolvida nas instituições de ensino e/ou pesquisa permite ao estudante da graduação aprendizagem de técnicas e métodos de pesquisas, bem como incita o desenvolvimento de pensar criticamente decorrente das condições criadas pelo confronto direto com os problemas de pesquisa. A utilização da mídia como fonte de pesquisa é interessante, pois a mídia faz parte do nosso cotidiano, é uma tecnologia de informação que engloba todos os veículos do sistema, emissoras de rádio e televisão, jornais, revistas e internet. Ela deve ser equitativa, investigativa, informativa, cultural e menos sensacionalista. A mídia, ao destacar os temas de relevância social, além de influenciar comportamentos da sociedade, contribui abertamente para a constituição de políticas públicas. A violência contra a mulher é um tema relevante de cunho social e de saúde publica sendo definida como qualquer ação, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher. Diante de sua alta prevalência e de seu impacto na sociedade, a violência contra a mulher tem adquirido visibilidade, tornando-se alvo de discussões em diferentes campos disciplinares e por entidades internacionais, o que demandou a formulação de políticas e programas para seu enfrentamento, assim como a disposição de práticas e serviços característicos. O projeto de pesquisa denominado “Discurso narrado pela mídia paraense sobre a violência contra a mulher paraense cometida por homens”, analisa as notas narradas pela mídia impressa sobre a violência contra a mulher e do agressor no estado do Pará no período entre 2000 a 2016 e apresenta as estratégias necessárias para atender a mulher vítima de violência narrado pela mídia impressa. No ano de 2016 buscou-se por objetivo traçar “O perfil do autor da violência contra as mulheres na região metropolitana de Belém narrada pela mídia impressa paraense”.

Desenvolvimento do trabalho

O estudo do tipo documental, retrospectivo, de cunho qualitativo/quantitativo. Foram consultadas edições do jornal O Liberal, publicadas no ano de 2016, sobre a violência contra a mulher ocorrida neste período. A coleta de dados foi realizada na Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves (CENTUR), biblioteca pública “Arthur Vianna”. Os critérios de exclusão foram notas que narrarem a violência contra a mulher que ocorreram em locais que não fossem a região metropolitana de Belém como fora do Brasil, outros municípios do estado do Pará, outros estados brasileiros. A exploração das notas de jornal foi realizada com a técnica de análise de conteúdo. Os dados quantitativos foram analisados por meio da estatística descritiva. Os dados obtidos foram apresentados com frequência relativa em gráficos ou tabelas. Já os dados qualitativos foram analisados pela analise de conteúdo de Bardin. Não se faz necessária aprovação no comitê de ética devido os dados de jornais ser domínio público.

Resultados e Discussão

Para analisar o perfil, usamos os seguintes critérios: Faixa etária e grau de parentesco do agressor com a vítima e os fatores associados à violência contra a mulher. Foram consultados 365 exemplares do jornal, sendo selecionadas 211 notas sobre violência contra a mulher ocorrida no ano de 2016. Destas 56 notas que relatavam a violência contra as mulheres residentes na região metropolitana de Belém. Foram excluídas 115 notas por mencionarem a violência contra a mulher fora da região e em outros Países. A pesquisa veio afirmar o que os números alarmantes apontam em relação aos casos de violência no Brasil, onde o estado do Pará aparece com 48.34% das notas e outro estados com 46.45% e a região metropolitana de Belém que compreende a capital paraense e os municípios de Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara e Benevides. Das notas encontradas 48.34% são referentes aos casos de violência contra a mulher no estado do Pará. Foram encontradas 69.64% dos casos em Belém, já o município de Benevides não registrou notas. Nos dados do IBGE, Belém em 2016 possuía uma população de 1.393.399 habitantes, o que explica a maior porcentagem das notas. Nos registros da DEAM só nos primeiros seis meses de 2016, foram 2.607 registros de casos de violência contra mulher. Na capital, a média de 86 ocorrências a cada dia. Mas o aumento de registros não necessariamente é sinal de que a violência esteja aumentando. Os números podem indicar que elas estão decididas a não aceitar as agressões. Quanto à faixa etária do autor de violência contra mulher na região metropolitana de Belém no ano 2016, os agressores apresentam a faixa etária entre 18 a 57 anos, predominando as faixas etárias dos 18 aos 27 anos, com 12.5% e dos 38 aos 47 anos, com 10.71%. Das notas que não informam a idade somam 64.29%. Se somarmos as faixa dos 18 aos 47 anos termos mais de 30% de homens agressores dentro dessa faixa. Quanto ao grau de parentesco do agressor com a vítima, os dados mostram que 25% agrediram suas companheiras, e 3.57% são ex-companheiro, ou seja, temos em evidencia a violência doméstica intrafamiliar. Ao investigar os fatores associados à violência contra a mulher, 8.93% das notas foi relacionado ao ciúme. O álcool associado a outros fatores, equivalente a 5.36% das notas, mesmo percentual também para apenas drogas. Mas o uso de entorpecentes aparece associado a mais fatores. A maior predominância da violência segundo os dados do jornal está ligada ao tráfico 21.36% das notas. Mas o consumo do álcool como fator precipitante da violência doméstica, pode ser explicado pelo efeito desinibidor do comportamento dos agressores, como um meio de minimizar a responsabilidade pelo procedimento violento, ou, ainda, a combinação do uso de álcool com a prática de violência pode agir como fator denunciante da personalidade impulsiva. O uso de drogas pode contribuir para episódios de agressão em função dos efeitos de redução do controle do comportamento e aumento de sensações persecutórias. Diante desse problema social e de saúde pública, torna-se importante o planejamento e a implantação de políticas públicas de atenção, responsabilização e educação para o autor de agressão que promovam iniciativas de transformação, para além da punição.

Considerações finais

Esta problemática pode ser debatida com eficiência pelos profissionais de saúde, em especial na área da Enfermagem. A iniciação cientifica permitiu o estudo de um tema transversal que não é tão discutido nos cursos da saúde. Por outro lado, entende-se que a mídia escrita é uma boa ferramenta para se avaliar valores, hábitos e opiniões de diversas classes da sociedade. Ela fornece subsídios que permitem delinear, mesmo que com lacunas e imprecisões, o perfil atribuído aos autores de violência cometida contra a mulher, bem como os fatores associados a essa violência. Compreendemos que, por ser heterogênea, a mídia escrita impede uma análise completa dos dados divulgados, entretanto, por meio da quantificação e análise desses dados, é possível observar-se tendências.


Palavras-chave


Enfermagem; Violência contra Mulher; Educação