Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Ocorrência de malformações abdominais em recém-nascidos atendidos na Unidade de Terapia intensiva Neonatal em um hospital de referência na região Oeste do Pará
Antonia Regiane Pereira Duarte, Ellen Caroline Santos Navarro, Nadja Milena Lima Campos, Isolina de Fátima Barros Valente, Kamila Brielle Pantoja Vasconcelos, Áurea Fernanda Gomes Rabelo

Última alteração: 2018-01-06

Resumo


As más formações abdominais em geral se desenvolvem entre a quinta e décima semana ou durante a formação do embrião entre a terceira e oitava semana. Sendo que a gastrosquise e a onfalocele representam os mais graves defeitos congênitos da parede abdominal. Tais anomalias são diagnosticadas através do exame de ultrassonografia ainda no pré-natal e consideradas um desafio para toda a equipe multidisciplinar envolvida na assistência das gestações de alto risco, bem como aos conceptos que após o nascimento necessitam de correção cirúrgica. Estudos indicam um aumento na quantidade de neonatos com anomalias abdominais congênitas em outras regiões, sendo esta uma das causas de óbitos em recém-nascidos decorrente de complicações da patologia, precariedade nos primeiros atendimentos assistenciais essenciais para manutenção e cura. Diante das questões apresentadas questiona-se qual o(os) principais fatores de riscos para a ocorrência de tal defeito?. O objetivo deste estudo foi conhecer a ocorrência de recém-nascidos com anomalias abdominais atendidos nos hospitais públicos do município de Santarém, bem como analisar as principais complicações, fatores determinantes para sua ocorrência e evolução dos casos encontrados. Acredita-se que o estudo auxiliará as instituições de saúde pública desenvolverem planos com metas de prevenção das intercorrências que podem ser as causas de alta por óbito, abolindo gastos as instituições e estresses tanto para profissionais como para familiares e ao neonato devido ao tempo de internação. Trata-se de uma pesquisa de campo transversal, descritiva, quantitativa e documental, realizada em um hospital público do município de Santarém, que é referência no atendimento à neonatos de alta e média complexidade. . Para o alcance dos objetivos a coleta de dados se deu a partir de formulário semiestruturado relacionada à: idade materna, questão nutricional, vícios lícitos e ilícitos, acompanhamento pré-natal, município de origem, idade gestacional, peso ao nascer, etc. As informações foram coletadas nos prontuários dos pacientes (mãe e recém-nascido), onde a identificação foi realizada a partir das iniciais do nome das mães e números dos prontuários dos recém-nascidos. Durante o período estudado foram atendidos 131 neonatos no setor de UTI neonatal, sendo que deste universo apenas 13 pacientes possuíam registros de malformação abdominais. Os resultados mostraram que entre as malformações abdominais, a gastrosquise foi a mais incidente na região, com um percentual de 61,53% (8) dos casos, ficando portando a onfalocele com um percentual de 38,46% (5) das ocorrências. Em relação ao gênero mais acometido, constatou-se que o sexo masculino apresentou maior incidência, visto que dos 13 casos registrados, 76,92% (5) pertenciam a este gênero. Foi possível perceber que a idade materna é um dos fatores de risco importante para que se desenvolva a Gastrosquise e onfalocele, constatou-se que a faixa etária materna com maior frequência para Gastrosquise foi de 38,46% entre 21 a 30 anos, e 15,38% na faixa etária entre 15 a 20 anos, porém, em 7,69% dos registros dessa malformação não havia informação sobre a idade materna. Em relação a onfalocele, foi observado que 15,38% estavam na faixa etária entre 21 a 30 anos, assim como na faixa etária de 31 a 40 anos onde também houve registro de 15,38%, assim como em outra malformação também 7,69% desses eventos não havia informação sobre a idade materna. Correlacionando idade gestacional com as malformações abdominais, observou-se entre os registros que 46,15% dos nascimentos ocorreram a termo, 23,07% nasceram prematuros com idade gestacional menor de 36 semanas e que 30,76% dos nascimentos não apresentavam registros sobre a idade gestacional. Sabe-se dos inúmeros benefícios sobre a realização adequada do pré-natal, tal conduta possibilita o acompanhamento gestacional, bem como o rastreamento de possíveis anomalia, favorecendo o preparo e apoio familiar, assim como o planejamento adequado do nascimento com equipe multiprofissional. Em relação a esta temática, o estudo demonstra que 53,84% (07) das mães realizaram o pré-natal completo, 15,38% (02) fizeram acompanhamento de forma incompleto e uma grande porcentagem 30,76% (04)  não havia informação nos prontuários sobre a realização do pré-natal. Em relação a via de parto de escolha para gravidez com fetos portadores de malformações abdominais, estudos apontam ser o parto cesariano o mais indicado uma vez que tal procedimento permite um ambiente asséptico com o preparo de todas as condições necessárias para receber o recém-nascido. O estudo em questão demonstra consonância com as diretrizes nacionais uma vez que a  via de parto mais aderida foi  cesárea com 84,61% (11) dos casos, sendo que apenas 15,38% (02) dos partos aconteceram por via vaginal. O peso ao nascer influencia no momento do tratamento cirúrgico pois o tamanho das vísceras expostas podem não coincidir com o tamanho da cavidade abdominal, reitera-se ainda que o baixo peso juntamente com outros fatores, influenciam no fator prognóstico do neonato. Assim, associando peso ao nascer com malformações abdominais, evidenciou-se 23,07% de gastrosquise e 15,38% de onfalocele em neonatos abaixo de 2.500kg, já aqueles com peso entre 2.500kg a 4.000kg constataram-se igual proporção de onfalocele 15,38% e 38,46% de gastrosquise, sendo observado somente 7,69% caso de onfalocele em neonatos com peso superior a 4.000kg. Evidenciou-se ainda que as complicações ocorreram com maior intensidade entre os neonatos portadores de gastrosquise 61,53% (8), sendo que todos os portadores dessas malformações cursaram com alguma complicação, já entre os casos de onfalocele verificou-se que 15,38% (02) destes neonatos não desenvolveram nenhuma complicação. Em relação a evolução clínica dos recém-nascidos, averiguou-se que entre os 13 pacientes, 30,76% (04) cursaram com sepse isolada, 53.84% (07) apresentaram outras complicações associadas a sepse, e somente 15,38% (02) não apresentaram complicações. Entre estes, 53,84% (07) receberam alta por cura, porém 46,15% (06) tiveram como desfecho o óbito. Diante dos dados obtidos pode-se evidenciar também que a diferença entre alta por óbito e por cura é muito pequenas, e que a sepse foi a maior causa de óbito sendo que alguns dos casos tal agravo cursou com evolução para choque séptico, choque cardiogênico, insuficiência renal aguda e hemorragias. Conclui-se assim, que apesar de um número pequeno de casos ainda há uma deficiência nos primeiros atendimentos evidenciado pelo índice de infecção precoce, e que a idade materna é um fator predominante para a ocorrência de gastrosquise e onfalocele, sugere-se ainda que os hospitais públicos adotem novos métodos para que no momento da admissão sejam obtidas todas informações relevantes, facilitando o acesso destes dados para futuras pesquisas, possibilitando traçar melhor o perfil clínico, epidemiológico e os fatores de riscos que levam a admissão de neonatos às Unidades de Terapia Intensiva.


Palavras-chave


malformações congênitas; Saúde da criança; mortalidade neonatal