Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O USO DA “FERRAMENTA DE FLUXOGRAMA ANALISADOR DO MODELO DE ATENÇÃO” PARA GESTÃO DO PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE.
Luana Keity Lima Silva, Dayanne Holanda Maurício Maia, Karine Almeida Guerreiro, Antonio Charles Oliveira Nogueira, Ellen Rafaella Costa Silva, Ana Paula Ântero Lobo, Sabrina Silva Santos, Liz Coe Gurgel Lima Pinto

Última alteração: 2017-12-28

Resumo


O processo de trabalho em saúde estrutura-se por meio das diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), ofertando serviços de saúde que devem comprometer-se com a defesa da vida individual e coletiva. O “fazer a saúde” permite pensar como é o trabalho no dia-a-dia dos serviços, o que lhe é próprio, por quem é feito, para quem é feito e qual a serventia. Neste ponto, trabalhar com ferramentas que auxiliem na análise de todas as questões envolvendo trabalho em saúde possibilita a formulação de algumas respostas, e confecção de novas perguntas, dando abertura para novas reflexões a fim de respondê-las. O “fluxograma analisador” (FA) consiste numa ferramenta muito simples, formado por um diagrama e utilizado em várias áreas do conhecimento, tendo como perspectiva ilustrar certo modo de organização de um conjunto de processos de trabalhos, que são interligados entre si em torno de determinada cadeia de produção. Esta ferramenta analisadora procura representar o que acontece com qualquer serviço, particularmente aqueles conectados a um trabalho diretamente “assistencial” permitindo esquematizar de um modo básico, como uma “janela síntese” de todos os processos chaves que ocorrem e caracterizam um determinado serviço de saúde, e que possa servir de “guia” para construção dos outros processos nele presentes. O objetivo deste estudo foi analisar o processo de trabalho com a construção do “fluxograma analisador do modelo de atenção” aplicado em uma Unidade de Atenção Primária à Saúde no município de Icapuí, Ceará. Este trabalho consiste num relato de experiência que foi realizado em agosto de 2017, como atividade produto do curso de residência em Estratégia Saúde da Família (ESF) da Escola de Saúde Pública do Ceará. Primeiramente ocorreu uma roda de conversa com os profissionais da equipe de saúde da família do local, sendo levantadas informações básicas do funcionamento da Unidade Básica de Saúde (UBS), como escalas de atendimento, fluxos, protocolos presentes e documentos da unidade. Após a explicação do uso da ferramenta e com bases nas informações colhidas, os profissionais da equipe foram convidados a confeccionar o fluxograma analisador do seu processo de trabalho, identificando os nós críticos e debatendo sobre possíveis estratégias de superação em cada nível. Com a construção do fluxograma foi possível perceber que não existe boa relação de colaboração interprofissional e comunicação entre os membros da equipe, fator que dificulta o processo de trabalho, repercutindo negativamente na formação de vínculos com o usuário e resolubilidade do serviço, assim como torna frágil à educação permanente em saúde com a equipe. Outro impasse observado foi a desorganização dos prontuários, quanto ao preenchimento de dados e a perca dos mesmos. Como resultado, foram observadas várias vias de entrada ao serviço pelos usuários, como a Agente Comunitária de Saúde (ACS), Enfermeira, Gerente e a Técnica em Enfermagem, por possuírem maior vínculo com os mesmos. Na recepção, realizada na própria UBS, há a entrega de fichas de atendimento, tornando o acesso dos usuários ao serviço de saúde limitado e pouco resolutivo. No que se refere ao acolhimento, este não se restringe somente a um profissional, nesse sentido, entendendo que o mesmo constitui-se em uma prática de Estratégia de Saúde da Família, torna-se relevante que todos os profissionais o realizem, pois o acolher, embora incorpore a dimensão da clínica, não se restringe a ela, porém devido à falta de espaço e de profissionais capacitados representa um dos “nós” para que o mesmo ocorra de maneira satisfatória. Em relação à decisão de ofertas, o usuário tem autonomia para escolher com base no cardápio de ofertas, qual a melhor conduta se encaixa à sua necessidade. Entretanto, o profissional enfermeiro e a recepcionista da unidade são fundamentais para o melhor direcionamento dos usuários, com base na realidade de cada indivíduo que procura a Unidade Básica de Saúde. Vale mencionar, que o cardápio de ofertas é confeccionado com base nos programas do Ministério da Saúde e ações executadas pelos profissionais da rede de assistência à saúde (Núcleo de Assistência à Saúde da Família - NASF e equipe ESF). A insuficiência na oferta de serviços para atender à demanda, tanto em quantidade limitada de atendimentos (fichas limitadas de atendimento) quanto pela ausência de programas/ações voltadas para determinados grupos (saúde do homem, saúde do idoso, climatério) consiste numa fragilidade abordada pela equipe. No que se refere à saída do paciente da UBS, seja por abandono ou fim do tratamento, percebeu-se que em alguns casos, a unidade de saúde perde o vínculo com o mesmo e, quando há casos de transferência ou encaminhamentos dos pacientes para outros serviços, a equipe de saúde fica sem informações por não haver contra referência. Esses foram os principais nós que foi possível perceber na unidade com a aplicação do FA, atividade que teve sua importância reconhecida pelos profissionais da unidade e que possibilitou a discussão de formas de enfrentamentos para as principais fragilidades elencadas nessa oficina. Na dinâmica do fluxograma analisador, a equipe de residentes, junto com a equipe da UBS, discutiram e propuseram que fosse adotado o agendamento desses usuários, de forma a facilitar o acesso dos mesmos aos serviços de saúde da unidade, uma vez que, a distribuição de fichas não estava contemplando esse serviço de forma adequada. Em relação ao relacionamento de equipe foi proposta a intensificação do diálogo e da comunicação entre os mesmos, com rodas de conversa e dinâmicas de interação, visto que cada profissional tem sua importância dentro da Unidade, e refletindo assim, de forma positiva diante do processo de trabalho. O olhar crítico também se volta para o atendimento ao usuário, o qual deve ser atendido de forma integral e acolhedora, preferencialmente. Um artificio proposto pela equipe de residentes foi que a mesma iria capacitar os profissionais da UBS, segundo o caderno de acolhimento do Ministério da Saúde. Concluímos que este exercício constituiu-se como um disparador de reflexões e de instrumentalização da equipe para avaliação do seu processo de trabalho e que, à medida que este instrumento é utilizado de forma longitudinal, sua análise tende a uma maior qualidade, base para uma gestão estratégica de pessoas, para consolidação dos ideais do SUS.


Palavras-chave


Fluxograma Analisador; Unidade Básica de Saúde; Sistema Único de Saúde.