Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Construindo um novo normal para o hospital contemporâneo
Daniel Gomes Monteiro Beltrammi, Ademar Arthur Chioro dos Reis

Última alteração: 2018-01-06

Resumo


Apresentação: produzir um novo normal pode parecer especialmente ambicioso ante aos desafios do hospital contemporâneo. Isolado; autocentrado; encarcerado por dilemas quanto a sua suficiência de ofertas, que por vezes não reconhece como seus; desconectado dos atores e das cadeias produtoras de cuidado e provido de perfis mais afeitos às necessidades de suas corporações profissionais, do que dos indivíduos e coletivos dos quais deveria cuidar. Talvez possa parecer sombrio, mas difícil não reconhecer os hospitais brasileiros neste relato, sejam eles públicos ou privados. Colocar pacientes no centro e no foco, de forma a produzir e gerenciar cuidado para atender suas necessidades. Um conjunto de militantes do SUS no ABC Paulista assumiram para si este objetivo e o relato desta experiência propõe-se a analisar os elementos estruturantes desta estratégia com vistas a subsidiar debates quanto a atenção hospitalar.

Desenvolvimento do trabalho: assumir a gestão do cuidado como eixo estruturante deste serviço hospitalar contemporâneo desde sua concepção configurou-se como aposta bastante desafiadora, uma vez que nenhum processo meio (tecnologias duras e seu magnetismo), ou relação de força (tecnologias leve-duras dos saberes corporativos) ocuparia lugar central nesta estratégia como premissa. Logo houve a conformação de dispositivos e arranjos de gestão da clínica que pudessem ocupar as rotinas e ambientes hospitalares de forma efetiva e comprometida com melhores resultados em saúde. Para além disso organizou-se a estrutura de liderança e de tomada de decisão privilegiando-se a estratégia definida. A partir da organização das linhas de cuidado prioritárias para a rede de atenção tornou-se fundamental produzir conexões destas tanto com a entrada (caminhos de acesso), quanto com saída do hospital garantindo-se de forma inegociável e o quanto possível a realização de transferências seguras e da continuidade de cuidado privilegiando-se a mediação destes momentos junto à atenção básica. Para isto o cotidiano hospitalar precisou ser inundado de outras formas de produzir cuidado. Estratégias mais produtoras de autonomia como a formação e o desenvolvimento das lideranças clínicas das unidades de cuidado emancipando profissionais até então coadjuvantes tornando-os protagonistas de equipes de referência. A estruturação de processos de gestão do cuidado para a produção de uma melhor decisão clínica como o Kanban e suas interessantes conexões produzidas no hospital e deste com o território. A produção de uma regulação interna promotora de acesso universal e equitativo real. A organização de uma atenção domiciliar arrojada e capaz de conectar o domicilio com as estratégias de cuidado definidas. A viabilização do programa de apoio em rede auxiliando a ampliação da compreensão e da capacidade do hospital quanto a extensão da sua de atuação.

Resultados: ampliação da capacidade de reconhecer pacientes e suas necessidades como a mais absoluta prioridade; produção de maior autonomia responsável dos profissionais de saúde; produção de maior integração entre unidades hospitalares e expansão da compreensão quanto a seu papel na rede de atenção à saúde.

Considerações finais: o novo normal parece representar uma ressignificação do serviço hospitalar de forma a ampliar sua compreensão quanto a suas “fronteiras”, compromissos e capacidade de intervenção.

Palavras-chave


gestão em saúde; gestão hospitalar; gestão da clínica