Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Perfil sócio demográfico e clínico dos casos de hanseníase atendidos em uma unidade básica de saúde em Belém-Pa: Relato de experiência sob a óptica de enfermagem.
João Otávio Pinheiro Borges, Ewerton Beckman Dos Reis, Euriane Castro Costa, Hilma Solange Lopes Souza, Darlene Dias De Sousa Duarte Oliveira, Thamyres Batista Procópio, Naiá Estrela Pinheiro, Thamires Palheta de Souza

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Apresentação: A hanseníase é uma doença infecciosa, crônica que acomete principalmente a pele e os nervos periféricos, mas também se manifesta como uma doença sistêmica comprometendo articulações, olhos, testículos, gânglios e outros órgãos. Tem um alto potencial incapacitante devido à capacidade de penetração de seu agente etiológico Mycobacterium leprae, parasita intracelular que infecta nervos periféricos, especialmente as células de Schwann. Sua transmissão se dá por meio de uma pessoa doente (forma infectante da doença - Multibacilar), sem tratamento, que elimina o bacilo para o meio exterior infectando outras pessoas suscetíveis. A vigilância epidemiológica envolve a coleta, processamento, análise e interpretação dos dados referentes aos casos de hanseníase e seus contatos. Que deve ser organizada em todos os níveis de atenção, da unidade básica de saúde à atenção especializada ambulatorial e hospitalar, de modo a garantir informações sobre a distribuição, a magnitude e a carga de morbidade da doença nas diversas áreas geográficas. Ela propicia o acompanhamento rotineiro das principais ações estratégicas para o controle da hanseníase, e a atuação da Enfermagem nesse contexto é de extrema importância. Belém possui oficialmente 71 bairros e 8 distritos administrativos, o Guamá é o bairro mais populoso da cidade de Belém e por isso se torna de grande relevância descrever experiências que envolvam aspectos da rotina dos serviços e de atividades que implementem a integração ensino serviço qualificando assim discentes para a realidade profissional. A assistência ao paciente em controle da hanseníase e as questões administrativas que permeiam esse controle incluindo nesse contexto o conhecimento de fichas de notificação dos casos e os livros de registros das unidades de saúde nos dá uma panorâmica do perfil desses casos. Buscou- se como objetivo relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem sobre como é realizado o registro dos casos para traçar o perfil epidemiológico da hanseníase. Descrição da experiência: Trata- se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, realizado a partir da vivência em prática dos acadêmicos. A unidade de saúde localizada no bairro do Guamá localizada no distrito administrativo de saúde do Guamá município de Belém foi escolhida por fazer parte do campo de pratica onde são desenvolvidas às aulas práticas da disciplina Saúde coletiva do curso de enfermagem da Universidade Federal do Pará. A equipe de atendimento do programa de hanseníase é composta por um enfermeiro e um técnico de enfermagem, os acadêmicos de Enfermagem também participam do atendimento dos usuários. A vivência envolveu assistência a casos novos inscritos no programa de hanseníase se deu através do preenchimento do livro de registro, atendimento, identificação e busca por informações relevantes para traçar o perfil dos casos. Os dados observados foram: tipo de hanseníase, idade, sexo e grau de incapacidade ao inicio do tratamento. Além disso, foram repassadas orientações acerca da hanseníase aos usuários enquanto estavam na sala de espera para o atendimento. Resultados: Atendemos os pacientes aprazados de acordo com a demanda no período letivo. Observou-se através dos livros de registros os quais continham informações retrospectivas que o maior número de casos ocorreu no ano de 2014 comparados com os três últimos anos. Os casos multibacilares foram predominantes sobre os paucibacilares. Este resultado também foi observado no sexo masculino, onde a maioria de casos foi multibacilar. Os casos MB, responsáveis pela transmissão da doença, adquirem maior importância quando diagnosticados tardiamente. A idade dos pacientes mais acometidas estava entre 40 e 59 anos onde a maioria pertence ao sexo masculino. Quanto às formas clínicas da hanseníase mais encontradas foram a dimorfa (D) e a virchoviana (V). Entre os homens, a forma D representa aproximadamente metade dos casos dos casos e a V é a segunda mais apresentada. No sexo feminino, a forma mais frequente foi a D, seguida pela Tuberculoide, e a V. A maior frequência de formas MB entre os homens adquire importância por serem estas as formas infectantes da doença. Um aspecto importante a ser observado durante os atendimentos e avaliação do grau de incapacidade dos casos que deve ser realizada no início e fim do tratamento observou-se que essa atividade foi realizada na maior parte dos casos e outros estavam sem informação no livro. Dos casos examinados quanto à incapacidade no início do tratamento, observou-se que pacientes do sexo masculino eram a maioria, encontramos alguns pacientes com incapacidades ou deformidades, de grau 1 e até grau 2, apresentadas por uma parte pequena de pacientes avaliados, denotando um diagnóstico tardio da doença. Nas mulheres, a maioria dos casos não apresentaram incapacidades no início do tratamento (grau zero). Foi observado nos livros de registros e preenchendo os boletins mensais de controle da hanseníase que um elevado número dos casos do sexo masculino apresenta incapacidades quando do início do tratamento. A maior frequência de incapacidade ao início do tratamento entre os homens, inclusive apresentando deformidade física, aponta para a necessidade dos serviços de saúde considerar as diferenças biológicas e sociais entre homens e mulheres nas ações de controle da doença. Com a experiência contatou-se que a atuação da equipe de Enfermagem é fundamental ao avaliar o estado de saúde da pessoa por meio da consulta de Enfermagem, identificando os fatores ambientais que possam proporcionar riscos de adoecimentos do indivíduo, realizar busca ativa dos contatos, realizar busca dos faltosos do programa, aplicar o tratamento entre outras atribuições.  Os achados deste trabalho reforçam a necessidade da realização de estudos regionais, para se conhecer melhor a distribuição da doença a nível local, levantando aspectos que possam contribuir para ações de prevenção, diagnóstico e tratamento precoce, evitando as incapacidades e deformidades da hanseníase. Considerações finais: Neste estudo, podemos observar a importância da coleta de dados sobre a hanseníase no serviço local, pois assim, proporcionamos a visão de um amplo cenário epidemiológico, caracterizando a população de acordo com as formas que são mais atingidas. Podendo assim, traçar meios de intervir na realidade desta doença que possui um estigma muito grande. Além de que, o contato com o paciente, durante as orientações passadas aos mesmos, pode desmistificar preconceitos pré-estabelecidos sobre a hanseníase. Aos acadêmicos de Enfermagem proporcionou a experiência na participação do atendimento, diagnóstico da doença e tratamento ao paciente portador de MH, o que enriquece a formação como futuro profissional de saúde.

Palavras-chave


hanseníase; epidemiologia; classificação.