Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Assistência de enfermagem a puérpera com depressão pós-parto no ambiente hospitalar
Mayara Soares Gonzaga, Luan Guimarães Pessoa, Flávia Maia Trindade, Roger Martinho Filgueira de Farias, Sued Medeiros Leite, Ivone Eleutério de Menezes, Luzimere Pires do Nascimento

Última alteração: 2017-12-30

Resumo


A depressão pós-parto (DPP) é considerada um transtorno mental de alta prevalência, que provoca alterações emocionais, cognitivas, comportamentais e físicas. Inicia-se de maneira insidiosa, levando até semanas após o parto. É uma patologia derivada da combinação de fatores biopsicossociais, dificilmente controláveis, que atuam de forma implacável no seu surgimento. Objetivo: é apresentar a assistência do profissional de enfermagem à Puérpera com DPP no Ambiente Hospitalar e tornar adequada uma assistência de enfermagem que seja capaz de contribuir para um cuidado de qualidade que atenda todas as necessidades dessas puérperas. Este estudo visa contribuir para promoção de uma assistência de qualidade para a saúde materna no pós-parto, uma vez que busca detectar como a assistência está sendo prestada, com a finalidade de estabelecer medidas de segurança para mãe e filho, de forma humanizada e holística atendendo todas as necessidades frente aos agravos ocasionados por essa patologia. Método do estudo: A presente pesquisa é exploratória, onde foi realizado primeiramente o levantamento bibliográfico, depois, entrevista com pessoas que tiveram experiência prática com o problema pesquisado, neste caso, com as puérperas internadas, onde os dados obtidos serão, analisados, classificados e interpretados, sem interferência do pesquisador. A pesquisa é de caráter qualitativo, não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc, realizado nos alojamentos conjuntos do Hospital Regional Jofre de Matos Cohen. Foi utilizado roteiro de entrevista, elaborado com perguntas abertas e fechadas, abordando sobre a temática do estudo: assistência de enfermagem à puérpera com depressão pós-parto, onde as primeiras perguntas eram relativas a seus sentimentos em relação à gravidez, à sua família, para saber se a participante teria alguns dos sintomas de DPP, já as últimas perguntas estavam relacionadas à assistência de enfermagem recebida pela participante, frente à esses sintomas apresentados. Os critérios de inclusão foram: puérperas que estejam na unidade hospitalar; com idades acima de 18 anos e abaixo de 30 anos; que aceitaram participar da pesquisa; residentes na cidade de Parintins. Foram excluídas da Pesquisa: as mulheres abaixo de 18 anos e acima de 30 anos; mulheres que residem fora do município de Parintins; as que não aceitarem participar da pesquisa; que não estejam no puerpério. Foi solicitada às entrevistadas a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, contemplando a Resolução n. 466, de 12 de Dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde que dispõe sobre as diretrizes e normas regulamentadoras das pesquisas envolvendo seres humanos, submetida ao comitê de ética em pesquisa – CEP por meio da Plataforma Brasil, onde se obteve o parecer de aprovado. De acordo com a Resolução CNS 466/12 do item II. 22, toda pesquisa com seres humanos envolve riscos, sendo estes de danos à dimensão física, psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual do ser humano, em qualquer pesquisa e dela decorrente. Outro risco seria, que na entrevista poderia ter perguntas que seriam consideradas como possíveis causadores de danos psíquicos, intelectual e cultural, causando desconfortos e constrangimentos ao participante, e ainda perguntas que levariam a mulher a ter que comentar a respeito da sua gravidez e como foi assistida pela família durante esse processo e também como foi assistida pelos profissionais de enfermagem. Resultados: Quando indagadas sobre se a gravidez foi desejada, 8 (40%) mulheres responderam que sim que desejaram a gravidez e 12 (60%) mulheres disseram que a gravidez não foi desejada. Quando questionadas sobre a aceitação da gravidez pela família, 17 (85%) das mulheres responderam que foram bem aceitas pela família quando comunicaram que estavam grávidas, porém apenas 3 (15%) mulheres responderam que a família ou alguns membros da família como o marido e filhos não aceitaram a gravidez, e não tiveram o apoio familiar. Todas as mulheres entrevistadas (100%) informaram que não sabiam o que era de fato a depressão pós-parto. Portanto se fez necessário a realização de uma educação em saúde sobre a depressão pós-parto, para esclarecer e tirar as dúvidas que foram levantadas pelas mulheres. Quando perguntado as mulheres, se elas apresentaram alguns dos sintomas de DPP, 12 (60%) mulheres relataram que tiveram ansiedade, 6 (30%) mulheres relataram que tiveram preocupação por algum motivo, 5 (25%) mulheres responderam que não apresentaram nenhum desses sintomas, apenas 3 (15%) das mulheres informaram ter sentindo medo, principalmente sobre a saúde do recém-nascido e de não conseguir amamentar. Quando questionadas a respeito do interesse da equipe de enfermagem se mostrarem preocupadas sobre os sentimentos apresentados pelas mulheres no puerpério, 17 (85%) mulheres disseram que a equipe de enfermagem não demonstrava interesse pelos seus sentimentos, apenas 3 (15%) mulheres disseram que a equipe de enfermagem se mostrou bastante preocupada a respeito dos sentimentos referidos por elas. Quando questionadas, 17 (85%) mulheres entrevistadas responderam que estavam felizes por prestarem os primeiros cuidados ao filho, apenas 3 (15%) mulheres disseram que se sentiam mal por não poder cuidar sozinhas do filho, pelo motivo de seu filho ainda estarem na incubadora. Considerações finais: Neste estudo foi possível descrever que a Depressão pós-parto é uma patologia de alta prevalência e que vem se configurando como um grande problema de saúde materna, que envolve aspectos psicológicos, fisiológicos e sociais, podendo interferir na interação entre mãe e filho. Foi possível identificar como a enfermagem atua frente a depressão pós-parto no ambiente hospitalar através da visão das próprias puérperas. Portanto foi possível vermos que mesmo com alguns dos sintomas da DPP, não foi oferecido o suporte necessário em relação a seus sentimentos. Cabe o enfermeiro identificar e realizar cuidados individuais às mulheres com suspeita de DPP, criando um vínculo de confiança, passando a ouvi-las mais e orientá-las quanto as suas dúvidas e só então informar a seus familiares sobre os fatores de risco os principais sintomas. Pois se faz necessário a importância do apoio familiar e profissional neste momento, para que a puérpera possa ter segurança no seu papel de ser mãe. Observou-se também, que não é utilizado um instrumento de rastreamento como a Escala de Edimburgo, desenvolvida na Grã Betânia, que serve para identificar de forma segura e precoce a DPP, esta escala tem tradução em 11 idiomas e é validada no Brasil desde o ano de 2003 e desde então vem sendo vastamente utilizada para estudos epidemiológicos, e que também se configura como um instrumento de fácil aquisição e uso na rotina clínica, deste modo, auxiliaria na identificação precoce, tratamento ou encaminhamento dependendo da gravidade da patologia. Identificamos a importância tanto da puérpera quanto de seus familiares de serem informados sobre os riscos de adquirirem DPP no puerpério, para que estejam sempre atentos aos sintomas que podem aparecer em até o sexto mês após o parto, oferecendo assim, o suporte devido a essa mulher que se encontra em situação de vulnerabilidade. A união dos profissionais de saúde no ambiente hospitalar pode transformar esse momento em uma fase em que a puérpera se sentirá mais confiante e firme para expressar seus sentimentos, sentindo-se ajudada e acolhida. Agindo assim, de forma positiva na diminuição de casos de DPP através de medidas simples como detecção precoce e orientação, melhorando assim, a saúde da mulher em nosso país.

 


Palavras-chave


Assistência de enfermagem; Puérperas; Depressão