Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-26
Resumo
APRESENTAÇÃO: A teoria da adaptação de Callista Roy possui o homem como foco e seu objetivo é ,promover a adaptação do mesmo em situações de saúde e doença. Desse modo, entende-se que as pessoas são sistemas adaptativos vivos que apresentam comportamentos classificados como respostas adaptativas ou ineficientes. A teoria detém quatro elementos fundamentais, tais como: a) a pessoa; b) o ambiente; c) a saúde; e d) a enfermagem. Esses quatro elementos inserem-se nos cuidados de enfermagem, os quais são designados a um receptor. Nesse contexto, ressalta-se o elemento pessoa, pois o mesmo apresenta quatro modos adaptativos, os quais interferem nos processos de adaptação, como: a) Fisiológico; b) Autoconceito; c) Função do Papel e d) Interdependência. Realizar a adaptação à uma nova condição clínica é uma ação que deve acontecer gradualmente. Assim, é imprescindível que a relação usuário-equipe de saúde se dê de modo adequado. Nessa conjuntura, a Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva (CIPESC) surge como mecanismo que viabiliza a adequação as situações apresentadas pelo usuário, pois possibilita traçar os diagnósticos de enfermagem relacionados à pessoa, os quais desempenham influência na promoção a saúde e prevenção de doenças do mesmo e da coletividade que o cerca. Desse modo, o objetivo do presente trabalho é relatar a experiência vivenciada por acadêmicos acerca da prestação de cuidados de enfermagem na saúde coletiva em consonância com a Teoria da Adaptação utilizando os preceitos da CIPESC. DESENVOLVIMENTO: O presente estudo trata-se de um relato de experiência com abordagem qualitativa, realizado em uma Unidade de Saúde da Família (USF), localizada em Belém do Pará ocorrido no mês de abril de 2017. A atividade foi estruturada na visita a USF, onde os discentes obtiveram o caso de uma usuária hipertensa em controle no programa HIPERDIA, realizando a Consulta de Enfermagem, alicerçada no Processo de Enfermagem (PE). Desse modo, foi possível perpassar pela anamnese e exame físico, apurando as devidas informações para estabelecer os Diagnósticos de Enfermagem (DE), as intervenções e avaliação de enfermagem. Sendo assim, utilizou-se como referencial teórico, a Teoria da Adaptação, por meio da qual deu-se foco aos elementos essenciais da teoria como modo fundamentador aos Diagnóstico de Enfermagem, visando atender as demandas que interferiam no processo saúde-doença da usuária. Dessa maneira, o estudo do caso obtido propiciou a construção do plano de cuidados, o qual foi embasado de acordo com o inventário vocabular da CIPESC culminando, portanto, na sistematização da assistência à usuária, bem como a coletividade que a cerca. RESULTADOS: Conforme a Consulta de Enfermagem, destacam-se como resultados iniciais os dados pertinentes colhidos por meio do PE, tais como: a usuária mora em casa de alvenaria onde residem seis pessoas, a mesma está em reforma, pois afirma que morar sozinha irá ajudar a adaptar sua alimentação. Possui dois filhos, um do sexo masculino que reside com ela e outra do sexo feminino que mora na França. Comunica-se frequentemente com os filhos, encontrando dificuldade em se comunicar com a filha. Aceita dieta por via oral, realizando quatro refeições ao dia, ingerindo pouca quantidade de alimento em longos períodos de tempo. Ingere pouca quantidade de água durante o dia. Apresenta irregularidade em seu sono devido à cefaleia proveniente da pressão arterial e à preocupação que sente com a filha que mora em outro país. Faz uso de anti-hipertensivo há cinco anos (Propanolol: um comprimido de 40mg de 12/12h). Relatou princípio de acidente vascular encefálico duas vezes. Portanto, após análise dos dados obtidos por meio da investigação realizada na consulta, tem-se como resultados os diagnósticos de enfermagem estabelecidos de acordo com os preceitos da CIPESC de modo a proporcionar a adaptação com base na teoria de Roy, visando os elementos essenciais que fundamentam a mesma, sendo eles: a) pessoa; b) o ambiente; c) a saúde e d) a enfermagem. Desse modo, os diagnósticos traçados foram Ingestão alimentar alterada; Apoio familiar prejudicado e Vínculo mãe e filho comprometido. Tais diagnósticos interferem diretamente na adaptação da usuária à sua condição clínica de hipertensão e se relacionam com os elementos essenciais da teoria em questão. Sendo assim, o DE referente à ingestão alimentar alterada se relaciona com o elemento pessoa repercutindo em alguns modos adaptativos, como o modo fisiológico no aspecto referente à nutrição e o de autoconceito à medida que a imagem corporal da usuária atinja os padrões estabelecidos de acordo com sua altura e peso. O elemento ambiente se faz presente pois ouve a preocupação com a avaliação do meio socioeconômico no qual a usuária está inserida para a adaptação da dieta à sua condição clínica, pois o mesmo pode desempenhar influencias na adesão da alimentação adequada. A saúde da usuária atingirá satisfatória adaptação de acordo com o alcance dos resultados de enfermagem. A enfermagem atua de modo a possibilitar a promoção das respostas adaptativas por meio das intervenções de enfermagem. Em relação ao diagnóstico de apoio familiar prejudicado, a usuária – como elemento pessoa – encontra-se afetada diretamente pela ausência de apoio da família no que tange a questões ligadas à alimentação, interferindo nos modos adaptativos fisiológico e de interdependência. O ambiente, nesse caso, atua como fator estimulante para a não adequação da alimentação diante do apoio familiar prejudicado. Portanto, a saúde apresenta-se comprometida diante do contexto no qual a usuária está inserida. Desse modo a enfermagem deve intervir de maneira a promover as respostas adaptativas necessárias por meio das intervenções de enfermagem prescritas no plano de cuidados, como exemplo, visita domiciliar à família com foco na educação em saúde. Durante a realização da anamnese a usuária relatou dificuldade de comunicação com a filha que mora na França, tornando evidente o diagnóstico de vínculo mãe e filho comprometido. Nesse contexto, os modos adaptativos fisiológico e de interdependência estão afetados, ocasionando ansiedade e cefaleia recorrente. Os estímulos advindos do ambiente tornam propício o comprometimento do vínculo entre a usuária e sua filha culminando no quadro de ansiedade interferindo sobre o elemento saúde, tendo em vista a condição clínica da usuária. Diante das intervenções de enfermagem, além de favorecer o contato e vínculo adequado, espera-se atenuar os fatores que geram a ansiedade e suas intercorrências por meio da sugestão de atividades que favoreçam a distração, como participar de grupos de pintura, dança ou outras atividades ofertadas pelo centro comunitário. Desse modo, percebe-se a relação dos elementos da teoria da adaptação, como a pessoa e seus modos adaptativos, o ambiente e a saúde, os quais culminam no último componente que é a enfermagem, em que a mesma irá desempenhar seu papel por meio de suas intervenções. Diante disso, a utilização da teoria da adaptação com a CIPESC, auxiliaram na sistematização da assistência de enfermagem na saúde coletiva traçando diagnósticos de enfermagem, cujas intervenções viabilizarão a adaptação da usuária e da família as mudanças necessárias. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Portanto, sistematizar a assistência de enfermagem na atenção básica, torna-se uma prática imprescindível no cotidiano de trabalho da enfermagem ao utilizar uma teoria de enfermagem, como a Teoria da Adaptação, aliado aos mecanismos como a CIPESC; pois, facilita a prestação de cuidados ao usuário da saúde coletiva. Dessa maneira, cabe a esse trabalho um papel importante no auxílio do desenvolvimento do processo de trabalho da enfermagem no contexto da atenção primária.