Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
A TEORIA DA ADAPTAÇÃO NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA: UMA ABORDAGEM VOLTADA À CIPESC.
Jaqueline Pinheiro Morais, Ruhan da Conceição Sacramento, Alícia Laura Lobo Modesto, Beatriz Duarte de Oliveira, Larissa Renata Bittencourt Pantoja, Marcos José Risuenho Brito, Mattheus Lucas Neves de Carvalho, Margarete Feio Boulhosa

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


APRESENTAÇÃO: A teoria da adaptação de Callista Roy possui o homem como foco e seu objetivo é ,promover a adaptação do mesmo em situações de saúde e doença. Desse modo, entende-se que as pessoas são sistemas adaptativos vivos que apresentam comportamentos classificados como respostas adaptativas ou ineficientes. A teoria detém quatro elementos fundamentais, tais como: a) a pessoa; b) o ambiente; c) a saúde; e d) a enfermagem. Esses quatro elementos inserem-se nos cuidados de enfermagem, os quais são designados a um receptor. Nesse contexto, ressalta-se o elemento pessoa, pois o mesmo apresenta quatro modos adaptativos, os quais interferem nos processos de adaptação, como: a) Fisiológico; b) Autoconceito; c) Função do Papel e d) Interdependência. Realizar a adaptação à uma nova condição clínica é uma ação que deve acontecer gradualmente. Assim, é imprescindível que a relação usuário-equipe de saúde se dê de modo adequado. Nessa conjuntura, a Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva (CIPESC) surge como mecanismo que viabiliza a adequação as situações apresentadas pelo usuário, pois possibilita traçar os diagnósticos de enfermagem relacionados à pessoa, os quais desempenham influência na promoção a saúde e prevenção de doenças do mesmo e da coletividade que o cerca. Desse modo, o objetivo do presente trabalho é relatar a experiência vivenciada por acadêmicos acerca da prestação de cuidados de enfermagem na saúde coletiva em consonância com a Teoria da Adaptação utilizando os preceitos da CIPESC. DESENVOLVIMENTO: O presente estudo trata-se de um relato de experiência com abordagem qualitativa, realizado em uma Unidade de Saúde da Família (USF), localizada em Belém do Pará ocorrido no mês de abril de 2017. A atividade foi estruturada na visita a USF, onde os discentes obtiveram o caso de uma usuária hipertensa em controle no programa HIPERDIA, realizando a Consulta de Enfermagem, alicerçada no Processo de Enfermagem (PE). Desse modo, foi possível perpassar pela anamnese e exame físico, apurando as devidas informações para estabelecer os Diagnósticos de Enfermagem (DE), as intervenções e avaliação de enfermagem. Sendo assim, utilizou-se como referencial teórico, a Teoria da Adaptação, por meio da qual deu-se foco aos elementos essenciais da teoria como modo fundamentador aos Diagnóstico de Enfermagem, visando atender as demandas que interferiam no processo saúde-doença da usuária. Dessa maneira, o estudo do caso obtido propiciou a construção do plano de cuidados, o qual foi embasado de acordo com o inventário vocabular da CIPESC culminando, portanto, na sistematização da assistência à usuária, bem como a coletividade que a cerca. RESULTADOS: Conforme a Consulta de Enfermagem, destacam-se como resultados iniciais os dados pertinentes colhidos por meio do PE, tais como: a usuária mora em casa de alvenaria onde residem seis pessoas, a mesma está em reforma, pois afirma que morar sozinha irá ajudar a adaptar sua alimentação. Possui dois filhos, um do sexo masculino que reside com ela e outra do sexo feminino que mora na França. Comunica-se frequentemente com os filhos, encontrando dificuldade em se comunicar com a filha. Aceita dieta por via oral, realizando quatro refeições ao dia, ingerindo pouca quantidade de alimento em longos períodos de tempo. Ingere pouca quantidade de água durante o dia. Apresenta irregularidade em seu sono devido à cefaleia proveniente da pressão arterial e à preocupação que sente com a filha que mora em outro país. Faz uso de anti-hipertensivo há cinco anos (Propanolol: um comprimido de 40mg de 12/12h). Relatou princípio de acidente vascular encefálico duas vezes. Portanto, após análise dos dados obtidos por meio da investigação realizada na consulta, tem-se como resultados os diagnósticos de enfermagem estabelecidos de acordo com os preceitos da CIPESC de modo a proporcionar a adaptação com base na teoria de Roy, visando os elementos essenciais que fundamentam a mesma, sendo eles: a) pessoa; b) o ambiente; c) a saúde e d) a enfermagem. Desse modo, os diagnósticos traçados foram Ingestão alimentar alterada; Apoio familiar prejudicado e Vínculo mãe e filho comprometido. Tais diagnósticos interferem diretamente na adaptação da usuária à sua condição clínica de hipertensão e se relacionam com os elementos essenciais da teoria em questão. Sendo assim, o DE referente à ingestão alimentar alterada se relaciona com o elemento pessoa repercutindo em alguns modos adaptativos, como o modo fisiológico no aspecto referente à nutrição e o de autoconceito à medida que a imagem corporal da usuária atinja os padrões estabelecidos de acordo com sua altura e peso. O elemento ambiente se faz presente pois ouve a preocupação com a avaliação do meio socioeconômico no qual a usuária está inserida para a adaptação da dieta à sua condição clínica, pois o mesmo pode desempenhar influencias na adesão da alimentação adequada. A saúde da usuária atingirá satisfatória adaptação de acordo com o alcance dos resultados de enfermagem. A enfermagem atua de modo a possibilitar a promoção das respostas adaptativas por meio das intervenções de enfermagem. Em relação ao diagnóstico de apoio familiar prejudicado, a usuária – como elemento pessoa – encontra-se afetada diretamente pela ausência de apoio da família no que tange a questões ligadas à alimentação, interferindo nos modos adaptativos fisiológico e de interdependência. O ambiente, nesse caso, atua como fator estimulante para a não adequação da alimentação diante do apoio familiar prejudicado. Portanto, a saúde apresenta-se comprometida diante do contexto no qual a usuária está inserida. Desse modo a enfermagem deve intervir de maneira a promover as respostas adaptativas necessárias por meio das intervenções de enfermagem prescritas no plano de cuidados, como exemplo, visita domiciliar à família com foco na educação em saúde. Durante a realização da anamnese a usuária relatou dificuldade de comunicação com a filha que mora na França, tornando evidente o diagnóstico de vínculo mãe e filho comprometido. Nesse contexto, os modos adaptativos fisiológico e de interdependência estão afetados, ocasionando ansiedade e cefaleia recorrente. Os estímulos advindos do ambiente tornam propício o comprometimento do vínculo entre a usuária e sua filha culminando no quadro de ansiedade interferindo sobre o elemento saúde, tendo em vista a condição clínica da usuária. Diante das intervenções de enfermagem, além de favorecer o contato e vínculo adequado, espera-se atenuar os fatores que geram a ansiedade e suas intercorrências por meio da sugestão de atividades que favoreçam a distração, como participar de grupos de pintura, dança ou outras atividades ofertadas pelo centro comunitário. Desse modo, percebe-se a relação dos elementos da teoria da adaptação, como a pessoa e seus modos adaptativos, o ambiente e a saúde, os quais culminam no último componente que é a enfermagem, em que a mesma irá desempenhar seu papel por meio de suas intervenções. Diante disso, a utilização da teoria da adaptação com a CIPESC, auxiliaram na sistematização da assistência de enfermagem na saúde coletiva traçando diagnósticos de enfermagem, cujas intervenções viabilizarão a adaptação da usuária e da família as mudanças necessárias. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Portanto, sistematizar a assistência de enfermagem na atenção básica, torna-se uma prática imprescindível no cotidiano de trabalho da enfermagem ao utilizar uma teoria de enfermagem, como a Teoria da Adaptação, aliado aos mecanismos como a CIPESC; pois, facilita a prestação de cuidados ao usuário da saúde coletiva. Dessa maneira, cabe a esse trabalho um papel importante no auxílio do desenvolvimento do processo de trabalho da enfermagem no contexto da atenção primária.


Palavras-chave


TEORIA DE ENFERMAGEM; ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE; DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM