Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
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IDENTIDADES E PROMOÇÃO DE SAÚDE : RELATO DE EXPERIÊNCIA DE DIÁLOGOS E OFICINAS DE TURBANTES PARA MULHERES NEGRAS EM SALVADOR-BA
Última alteração: 2018-01-21
Resumo
Este relato de experiência busca descrever a realização de edições de rodas de conversas e oficinas de turbantes como ações de promoção da saúde, por integrantes da Rede Dandaras em Salvador-BA. Ao enxergar promoção de saúde como o fortalecimento da capacidade individual e coletiva de transformar condições de vida e o lidar com a multiplicidade dos determinantes e condicionantes da saúde, referendamos essa discussão á Czeresnia (2003) que afirma o nosso compromisso ético-político através de ações que atendam as dimensões social e existencial dos sujeitos, embasadas na ética do cuidado e empoderamento, tornando concreto o exercício da cidadania. Pensando na importância de produzir reflexões sobre os determinantes gênero e raça e de criar espaços de troca, onde haja implicação dos sujeitos e representatividade, a Rede Dandaras como núcleo que se propõe a promover saúde de mulheres negras, buscou propor práticas alicerçadas no princípio da integralidade da atenção, através de articulações intersetoriais, compreendendo saúde para muito além de ausência de doença. Foram realizadas quatro intervenções voltadas para esse propósito: A primeira ocorreu em Junho, no Instituto Mídia Étnica, a outra em Julho, na Biblioteca Comunitária Zeferina Beiru e as últimas ocorreram em novembro e dezembro no CAPS-AD Gregório de Matos. Participaram dessas oficinas, trabalhadoras do SUS e usuárias em sua maioria, eram mulheres jovens e negras. Durante a realização das oficinas foram observadas às repercussões na percepção da autoimagem, a intensificação do pertencimento racial, o reconhecimento da história e a formação de laço social e identificação entre as mulheres. A construção e fortalecimento da identidade negra é entendida como uma tentativa de retorno ao passado histórico, afirmação da diferença e da pertença étnico-racial (Hall, 1997; Woodward, 2000). Sendo assim, a reconstrução de costumes, crenças, indumentárias e tradições africanas torna-se referencial para o trajeto da busca de identidades coletivas e individuais. As oficinas de turbantes, portanto, se apresentam como práticas possíveis para promoção da saúde e promoção da cidadania, construindo um espaço de formação e integrando saberes no diálogo entre saúde, identidade e política, favorecendo as profissionais envolvidas, a ampliação do seu olhar para o conceito de saúde
Palavras-chave
Saúde; cultura; turbantes