Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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COMUNICAÇÃO DE NOTÍCIAS DIFÍCEIS ENTRE PROFISSIONAIS DA SAÚDE
Marcela Catunda de Souza Michiles, Ester Alves de Oliveira, Lowisa Consentini Garcia, Thalia Mendonça Cardoso, Sibila Lilian Osis, Selma Barboza Perdomo

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


Apresentação: Durante a atuação dos profissionais da área da saúde, diversas atividades são realizadas incessantemente visando o bem-estar do paciente, seja para proporcionar conforto, melhora clínica ou recuperação culminando na alta do indivíduo.  Culturalmente sabe-se que não existe margem para qualquer outro resultado que não seja o restabelecimento completo da saúde, isto é, do ponto de vista da expectativa dos familiares e do próprio enfermo, que anseia pelo retorno de suas atividades.  Contraditoriamente, durante o exercício da profissão, constata-se que diariamente o profissional da saúde precisa lidar com a comunicação de notícias difíceis e questões relacionadas à terminalidade, uma vez que a escassez de recursos terapêuticos e a finitude da vida são inevitáveis. Por esse motivo, questões que envolvam más notícias são desafiadoras e complexas, exigindo do profissional competências e habilidades técnicas para transmitir da melhor forma possível informações de impacto, ou seja, informações que possuam significado de mudanças ou ruptura de realidade. O objetivo é preservar a dignidade dos protagonistas do contexto da enfermidade. No decorrer da formação acadêmica de enfermeiros, médicos e demais profissionais da saúde, nota-se a existência de um preparo que molda esses profissionais para, essencialmente, recuperar a saúde.  Diante de opções discordantes, emergem sentimentos de fragilidade, incompetência e vulnerabilidade, sendo difícil lidar com o manejo das próprias emoções, as do paciente e as da família. Assim sendo, questiona-se: como não desconstruir a si e ao outro diante da transmissão de notícias difíceis? Como conduzir, de maneira assertiva, tal ação? Como reconhecer a família e sua atuação como parte indispensável nesse momento?  Justifica-se, então, a necessidade de desenvolver entre os profissionais da área da saúde, sobretudo entre os enfermeiros e médicos, competências e habilidades de comunicação em situações complicadas. Além do delineamento de novas estratégias de ensino e recursos competentes e comprovados cientificamente, que sustentem a atuação dos profissionais diante da complexidade que é lidar com a transmissão de más notícias.  Dessa forma, objetiva-se, de modo geral, analisar o conhecimento dos profissionais da área da saúde sobre essa temática. Especificamente, objetiva-se identificar o perfil sócio-religioso dos profissionais, listar as atividades consideradas complexas na transmissão de notícias difíceis e por fim, correlacionar essas variáveis específicas na comunicação com o perfil sócio-religioso. Desenvolvimento: Trata-se, então, de um estudo observacional, do tipo transversal, com coleta de dados em um hospital na cidade de Manaus. Em relação os critérios de elegibilidade, serão incluídos profissionais de nível superior que prestam assistência aos pacientes tais como: médicos, enfermeiros, odontólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais, residentes de enfermagem, medicina e odontologia que atuem nas diferentes unidades desse hospital a mais de 30 dias. Para os critérios de não elegibilidades, serão excluídos os profissionais visitantes ou em intercâmbio, internos de medicina e enfermeiros voluntários ou em treinamento. O cálculo amostral foi realizado pelo programa OpenEpi de acordo com o número de profissionais que atuam nos plantões diurno e noturno. Para os enfermeiros e médicos a amostra foi definida com uma frequência antecipada de 50%, limite de confiança de 5% e um intervalo de confiança de 95% totalizando uma amostra de 75 enfermeiros e 56 médicos. Para os demais profissionais, têm-se a população total de 5 assistentes sociais, 5 fisioterapeutas e 8 odontólogos.  A coleta de dados é baseada em um instrumento contendo: a) variáveis relacionadas às características gerais: profissão, especialização/titulação, idade, gênero, raça/cor, estado civil, número de filhos, setor de atuação e tempo de atuação na unidade; b) variáveis específicas relacionadas ao tema do projeto: frequência com que informa notícias difíceis, nível de dificuldade na comunicação, preparo prévio para transmissão de notícias difíceis, percepção de habilidades e dificuldades para a tarefa, manejo das emoções próprias e do paciente, uso de protocolo e estratégias baseadas em evidências, percepção de sofrimento do impacto da tarefa. Relacionado aos aspectos éticos, o projeto recebeu parecer favorável pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Amazonas sob número 68953017.5.0000.5016. Para a análise dos resultados, os dados serão tabulados no programa Excel e caracterizados pela descrição de frequências absolutas e relativas, medidas de tendência central e dispersão. O Teste Qui-quadrado de Pearson será utilizado para avaliar as diferentes categorias e o Teste t-Student para avaliar a diferença entre as médias. Serão considerados achados estatisticamente significativos aqueles com valor de p < 0,05. Resultados: Ainda em andamento, a pesquisa não dispõe de resultados finais. No entanto, de acordo com a literatura levantada para a elaboração do projeto, infere-se que os profissionais da área da saúde não são ensinados, no decorrer da graduação e atuação profissional, a transmitir notícias difíceis. Por consequência, considera-se uma tarefa árdua a comunicação de más notícias devido ao provável desconhecimento, ou pouco conhecimento de protocolos e estratégias que facilitem essa atribuição. Dessa forma, entende-se que o resultado de tal falha faz com que o maior tempo de profissão favoreça o surgimento de habilidades únicas e específicas na comunicação, o que não significa que a maneira com que a informação está sendo dita é a maneira ideal. Diante disso, sustenta-se a importância em considerar a temática fundamental na formação acadêmica, visto que, por mais que a frequência em relatar más notícias seja diferente entre as especialidades, essa ação é inevitável. Ao considerar o manejo das emoções, presume-se que a maior parcela dos profissionais de saúde possui dificuldades em lidar com as reações do paciente e consequente família, após cedido informações de impacto. Ainda assim, é preocupante a dificuldade que os profissionais apresentam no manejo das próprias emoções, uma vez que esse obstáculo acaba por influenciar a atuação do mesmo, colocando suas ações em dúvida e despertando sentimentos de incapacidade. Esses resultados estimulam novas estratégias e estudos com o propósito principal de melhoria na assistência à saúde. Considerações finais: Comunicar algo que tem por consequência a ruptura de uma determinada realidade, alterando de maneira negativa a vida de uma pessoa é de bastante responsabilidade. A discussão do assunto é imprescindível pois as más notícias podem acontecer em qualquer esfera da saúde, seja atenção primária, segundaria ou terciária. Considerar a temática é entender que a atuação profissional pode ser realizada da maneira mais assertiva possível, diminuindo as chances de respostas que podem atrapalhar e piorar o processo de saúde de um enfermo e até mesmo despertar sentimentos agressivos na família. O objetivo é a construção de habilidades para que seja dito, mesmo em situações limitantes, uma perspectiva saudável e realistas de situações inevitáveis na área da saúde. A notícia dada de maneira correta reconstrói o entendimento do que é saúde para o enfermo, tornando-o protagonista do seu processo de melhora, também reconhece a importância da família e, finalmente, facilita a atuação profissional, evitando o surgimento de sensações de vulnerabilidade e até mesmo a formação de um profissional desumano. Trazendo, então, benefícios à sociedade.

Palavras-chave


Revelação da verdade; Comunicação em saúde; Notícias difíceis