Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Tratamento Antirretroviral: adesão e a influência da depressão em usuários com HIV/AIDS atendidos na atenção primária.
maria fernanda coutinho, Gisele O´Dwyer

Última alteração: 2018-01-23

Resumo


A adesão ao tratamento se constitui como um dos maiores desafios às pessoas que vivem com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, sendo a depressão um fator importante que impacta a adesão e o sucesso terapêutico. O objetivo deste estudo foi identificar se a depressão interfere na adesão ao tratamento medicamentoso em pacientes com patologia no Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, avaliar a adesão ao tratamento nesses pacientes, identificar sujeitos com AIDS que se inserem no diagnóstico de depressão e verificar quantos desses sujeitos identificados com depressão maior referem interrupção do medicamento antirretroviral em função da sintomatologia de depressão. Foram selecionados 34 que iniciaram o tratamento no ano de 2014 no centro de saúde, a partir dos quais se buscou em prontuário físico e no sistema de controle logístico de medicamentos, dados referentes a aspectos sociodemográficos e informações para as três medidas de adesão adotadas pelo estudo. Foram entrevistados e rastreados para depressão 18 pacientes, que aceitaram participar da pesquisa. Utilizou-se entrevista aberta e um instrumento para identificação de depressão, o Inventário de Depressão de Beck. A adesão foi verificada, pelas 3 medidas estabelecidas, em 38,8%, a prevalência de depressão foi 22,24%, sendo constatada relação entre não-adesão e depressão em apenas 5,55% entre os sujeitos entrevistados. A conjugação das três medidas de adesão, não permite concluir objetivamente se há ou não adesão, visto que se encontrou variações entre elas. Mas, 38,88% dos sujeitos entrevistados foram considerados aderentes pelas três medidas. A medida de carga viral atingida por quase todos os pacientes sugere sucesso terapêutico. A relação entre depressão e não-adesão ao tratamento medicamentoso não se verifica entre os sujeitos do estudo, ainda que tenham sido identificados que 22,24% dos pacientes entrevistados estavam deprimidos. Tal prevalência sugere a incorporação de instrumento de rastreio para depressão na rotina dos serviços de saúde para o enfrentamento do vírus e da síndrome da imunodeficiência adquirida. A forma de contágio foi prioritariamente por via sexual. Admitiu-se medo do estigma, ocasionando certo isolamento social. A dificuldade em seguir o tratamento antirretroviral relacionou-se, no início do seguimento, aos efeitos adversos do medicamento. A pesquisa detectou a importância da rede social de proteção com destaque para a família pelo apoio material e afetivo e a fé como importante modo de alívio das angústias. Evidenciou-se a necessidade da construção efetiva de uma rede de cuidados que envolva os serviços, comunidade e família. É fundamental a capacitação de profissionais para conhecerem a doença, seus estigmas, tratamento e dificuldades de adesão.


Palavras-chave


adesão ao medicamento; depressão; atenção primária à saúde e apoio social