Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ESTRATÉGIAS PARA DESENVOLVER RESILIÊNCIA E AUTOESTIMA EM PESSOAS ACOMETIDAS PELO DIABETES TIPO 2
Diego da Silva Tamaturgo, Maria de Nazaré de Souza Ribeiro, Selma Barboza Perdomo, Cleisiane Xavier Diniz, Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, Orlando Gonçalves Barbosa, Marrana da Silva Brandão

Última alteração: 2018-01-15

Resumo


Considera-se o Diabetes Mellitus tipo 2, uma doença metabólica crônica degenerativa, caracterizada por aumento dos índices de glicose no sangue.  Patologia esta que tem alcançado proporções epidêmicas nas últimas décadas, em decorrência de mudanças no estilo de vida que a sociedade vivencia atualmente. Tais mudanças estão relacionadas principalmente ao envelhecimento populacional, sedentarismo, hábitos alimentares inadequados que propiciam o aumento de gordura no organismo, dentre outros fatores. O grande desafio atual é contornar as dificuldades visualizadas nos serviços públicos de saúde que possuem grandes demandas e carência de recursos para atender aos pacientes adequadamente. É preciso colaborar para a superação das condições de vulnerabilidade social que vivem milhares de pessoas, mas a própria fragilidade da rede de atenção colabora também com a fragilização progressiva que determinados grupos vivenciam. Uma das mudanças mais expressivas no campo das concepções e práticas de saúde remete àquelas resultantes do paradigma da promoção da saúde, sobretudo, por considerar que os quadros de vulnerabilidade associados a agravos diversos na saúde de indivíduos, grupos e populações eram resultantes de relações complexas, as quais não podiam ser compreendidas ou superadas pela via estrita da prevenção. A modificação das condições de enfrentamento e superação das adversidades pelo desenvolvimento de aspectos positivos depende de uma combinação complexa de fatores que abarcam aspectos constitucionais dos indivíduos, relacionais e de ordem socioestrutural. Esta complexidade se expressa de modo singular e subjetiva, uma vez que cada pessoa possui uma forma distinta de dar significado aos fatos e à sua existência, mesmo que compartilhe aspectos comuns da realidade. Muitos estudos têm sido realizados tendo em vista compreender como pessoas, em situações adversas, evidenciaram modos positivos de enfrentamento de sua realidade. Deste modo, deu-se a apropriação e evolução do conceito de resiliência no âmbito das ciências humanas, sociais e da saúde, correspondendo, a capacidade que o ser humano tem de enfrentar as adversidades da vida, aprender com elas, superá-las e, por elas, ser transformado. O estado da arte acerca dos estudos sobre resiliência permite identificar a profunda vinculação que a temática possui com o paradigma da promoção da saúde e com o entendimento de que as mudanças dos quadros de vulnerabilidade aos agravos decorrentes do diabetes envolvem dimensões complexas e suas múltiplas interações.  Desta forma, este trabalho parte do pressuposto de que pessoas que possuem DM2 trazem consigo problemas relacionados à autoimagem, autoestima, assim como dificuldades de adaptações na vida cotidiana familiar e social, como decorrência do quadro da doença e sua cronicidade, sendo seu objetivo descrever o processo de desenvolvimento da resiliência por parte de indivíduos com Diabetes mellitus tipo 2, a partir de práticas de promoção em saúde. Trata-se de um relato de experiência sobre o projeto de intervenção intitulado “Efeitos das Práticas de Promoção de Saúde em Pessoas com Diabetes Tipo 2”, aplicado à 30 indivíduos cadastrados na pastoral da Saúde do bairro de Petrópolis, na cidade de Manaus-AM. O instrumento de coleta de dados utilizado para identificar os níveis de Autoestima foi a Escala de Autoestima de  Rosenberg (EAR) em sua versão traduzida e adaptada para o português. Esta escala é composta por 10 itens, com perguntas relativas aos sentimentos de respeito e aceitação de si mesmo, ou seja, 5 itens são formulados positivamente e outros 5 itens formulados negativamente, conforme segue. Com relação à Resiliência, foi utilizada a escala desenvolvida por Wagnild e Young e adaptada no Brasil por Pesce et al., para medir níveis de adaptação psicossocial positiva em face de eventos de vida importantes. Todos os voluntários da pesquisa foram inicialmente avaliados, sendo coletado os seguintes dados: Idade, sexo, escolaridade, religião, renda, situação conjugal, tempo com DM2 (em anos), medicamentos em uso, resultados dos últimos exames laboratoriais  (glicemia plasmática em jejum, HbA1c, Colesterol total, LDL, HDL, Triglicerides,  Pressão arterial medida no dia da avaliação, avaliação antropométrica com IMC, circunferência do braço, abdome e panturrilha. Dentro do projeto os pacientes participam de rodas de conversa, onde os mesmos são acolhidos quinzenalmente pela equipe e escolhem-se temas para discussão em grupo, além de outras atividades que possibilitem a interação entre a equipe e pacientes. Trabalha-se ainda, a educação continuada com os mesmos, onde são repassadas diversas orientações para o autocuidado, sobretudo com temas que envolvem: Tratamento Medicamentoso, Nutrição, Atividade Física e Relacionamento pessoal/familiar.  Semanalmente os voluntários das pesquisas são contactados por via telefônica, visando sensibiliza-los da importância e necessidade de não faltarem ao encontro de grupo (rodas de conversa). Percebe-se a importância do desenvolvimento de atividades de promoção da saúde para pessoas com DM2, principalmente por se tratar de uma doença que traz consigo a necessidade de diversas mudanças de vida por parte das pessoas que são acometidas. As estratégias de promoção em saúde realizadas no grupo, atuam aproximando e valorizando os saberes populares e acadêmicos, tendo em vista futuras contribuições científicas e de estratégias de prevenção e intervenção frente aos crescentes casos de Diabetes no país e no mundo. Por muitas vezes a adesão ao tratamento do DM2 se torna muito complexa para o indivíduo. Cuidados com a automonitoração da glicemia, a prática regular de atividade física, o uso correto de medicamentos e a adoção de uma alimentação saudável são de extrema importância para manter os níveis glicêmicos estabilizados e, consequentemente, prevenir as complicações crônicas do DM2, embora muitas vezes tais cuidados são negligenciados por estas pessoas, o que dificulta em grande parte o acompanhamento da doença. A promoção de saúde entra nesse contexto como fator contribuinte aos pacientes participantes do projeto, principalmente no que diz respeito as mudanças de estilo de vida que os mesmos são submetidos a enfrentar. A partir das práticas de promoção em saúde, acredita-se que os indivíduos acometidos pela DM2 possam buscar novos meios de superar os desafios impostos pela doença, onde o conhecimento a cerca das estratégias utilizadas para controle glicêmico e prevenção de complicações acabam contribuindo para o desenvolvimento do gerenciamento de conflitos internos, o que mais adiante traz à tona um indivíduo com altos níveis de resiliência.  Percebe-se que atividades de rodas de conversa com discussão de temas acerca do assunto, além de promover uma maior interação entre os participantes e pesquisadores, agem também de forma bastante positiva quanto ao entendimento da doença em si por parte dos acometidos pela mesma, onde estes podem descobrir como o seu organismo é afetado pelo DM2 para que assim possam desenvolver formas de controle dos índices glicêmicos de forma mais autônoma, o que apenas nos confirma o desenvolvimento da resiliência de tais pacientes em relação ao DM2. Conseguiu-se perceber que as pessoas no decorrer de sua convivência com a doença constroem modos singulares ou resultantes de compartilhamentos acerca do conhecimento do DM2, que resultam em enfrentamentos de ordem prática no cotidiano. Desta forma, as práticas de promoção em saúde se tornam necessárias para pessoas com DM2 porque atuam justamente aproximando e valorizando os saberes populares e acadêmicos, contribuindo para a construção de estratégias que auxiliem no melhor controle da doença, além de promover melhor interação social por parte dos participantes e pesquisadores.


Palavras-chave


Diabetes; Resiliência; Autoestima.