Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
AVALIAÇÃO DA SÉRIE HISTÓRICA DE MORTALIDADE INFANTIL, PIB E ATENÇÃO PRIMÁRIA NO BRASIL EM 13 ANOS.
vania barroso carneiro, Eric Campos Alvarenga, Ana Cleide Guedes Moreira, Maria Lucia Chaves Lima, Leandro Passarinho Reis Jr, Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


INTRODUÇÃO

A taxa de mortalidade infantil (TMI) é o mais tradicional dos indicadores de saúde, expressa a combinação de fatores contextuais, hereditários e relacionados à atenção prestada à saúde da criança, reflete a situação de saúde e desenvolvimento socioeconômico, além da eficácia das políticas públicas na área da saúde, distribuição de renda, entre outros. Crianças menores de um ano estão entre as mais vulneráveis à determinantes sociais de saúde, especialmente por limitações ao acesso à serviços primários, sendo potencialmente sensíveis à melhorias na sua condição de saúde, a partir de investimentos neste nível de atenção, com redução das internações hospitalares e mortalidade1.

OBJETIVO

Demonstrar a evolução da taxa de mortalidade infantil -TMI (2000 a 2013), a razão entre horas semanais de médicos na atenção primária e população residente (2008 a 2014) e a evolução do produto interno bruto- PIB per capita (2000 a 2012), no Brasil, nos períodos supracitados.

MÉTODO

Trata-se de pesquisa avaliativa, de série temporal, em que os municípios foram agrupados nas cinco macrorregionais nacionais brasileiras: Norte, Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, utilizando-se o banco de dados do SIM, IBGE, IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) e SCNES/MS. As análises consideraram nível de significância p<0,05 e foram realizadas pelos softwares SPSS 22.0 e Excel 2013.

RESULTADOS

A mortalidade de crianças menores de um ano no Brasil, passou de 26,1 óbitos/ mil nascidos vivos (NV) em 2000 para 14,4/ mil nascidos vivos em 2013. Neste período todos os estados da federação tiveram suas TMI reduzidas. A meta dos Objetivos do Milênio - ODM era reduzir esse número para 17,9 óbitos por mil nascidos vivos até 2015². A região Sul apresentou a menor TMI, com 10,9/ mil nascidos vivos em 2013, seguida pelo Sudeste (12,5/1.000NV), Centro-Oeste (15,5/1.000NV), Nordeste (16,6/1.000NV) e Norte (18,2/1.000NV). As maiores TMI foram encontradas nos estados do Amapá (21,8/1.000NV) e Roraima (19,5/1.000NV). Todas as regiões apresentam tendência de queda, as regiões Nordeste e Norte mostram médias superiores às do Brasil. A Região Nordeste apresentou tendência de queda para quase todos os estados, superiores à média do Brasil. Apenas o Ceará, a partir de 2011, apresentou resultado inferior à média nacional. De taxas entre 35 a 40 óbitos/mil nascidos vivos, todos os estados reduziram de forma significativa para a faixa entre 15 e 20/ mil nascidos vivos, no período analisado.

O PIB per capita indica o nível de produção econômica em um território, de acordo com seu contingente populacional. Valores muito baixos costumam sugerir baixo desenvolvimento econômico, tendo reflexos diretos na oferta de bens e serviços para a população e, de forma mais acentuada, para as parcelas de mais baixa renda.

Entre 2000 e 2012, o PIB per capita aumentou em todas as unidades da Federação, elevando a média nacional de R$ 18.100 para R$ 31.800, com crescimento de cerca de 175% em valores reais, destacaram-se as regiões Nordeste (194%), Norte (191%) e Centro-Oeste (179%), seguidas do Sul (176%) e Sudeste (170%). Contudo, apesar de o indicador apontar para um cenário de crescimento, o país ainda enfrenta uma série de desafios relativos às diferenças regionais de padrões de desenvolvimento.

De acordo com o IBGE (2012), os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Distrito Federal e Bahia, representavam 79,1% no PIB brasileiro, concentrando quase 80% do PIB. Esse dado sugere que o país continua sendo um dos mais desiguais do mundo, tanto em termos sociais como regionais.

As dez menores participações somavam 5,4% do PIB nacional: Rio Grande do Norte e Paraíba tiveram 0,9% cada; Alagoas e Rondônia, 0,7%; Sergipe e Piauí, 0,6%; Tocantins, 0,4%; e Amapá, Acre e Roraima, 0,2% cada. Segundo o Ipea, a região Nordeste concentrava 28% da população brasileira, mas respondia por apenas 13,6% do PIB per capita, equivalente a menos da metade da média nacional e três vezes menor que o de São Paulo, em 2012.

O PIB per capita é indicador econômico importante no âmbito das explicações das determinações sociais da saúde, o crescimento econômico de um país e sua melhor distribuição de renda é capaz de atenuar problemas de ordem social e impactos no campo da saúde da população, incluindo a mortalidade infantil. Há evidências de que a riqueza produzida pelo Brasil no período estudado foi melhor distribuída, haja vista os índices de PIB per capita nas regiões Norte e Nordeste, sugerindo que houve, concomitantemente, um aumento da produção e melhor distribuição de riqueza em todas as regiões brasileiras, o que certamente influenciou a queda da TMI no período avaliado.

Em relação aos investimentos na atenção primária, a razão entre horas semanais de médicos na atenção primária e população residente permitiu avaliar a disponibilidade de médicos vinculados ao SUS que realizaram ações e serviços neste nível de atenção. Entre 2008 e 2014, houve aumento da carga horária semanal de médicos por habitantes em todas as regiões, a média nacional passou de 97 para 131,3 horas/10 mil habitantes, correspondendo a 35% de aumento. Destacou-se a região Norte, com aumento de 40,3%.

O modelo de atenção baseado na saúde da família privilegia as atividades de planejamento e desenvolvimento de ações intersetoriais, com priorização do acesso universal, escuta qualificada e encaminhamento para a resolução das demandas necessárias, responsabilização e vínculo entre os profissionais de saúde e usuários, impulsionando as ações de saúde voltadas à criança principalmente em regiões carentes no território nacional. Isso tudo certamente impacta tanto na ampliação do acesso, quanto na adesão ao tratamento, consequentemente qualifica o serviço e aumenta resolutividade das ações voltadas para a saúde da criança. Em 2013, o governo federal lançou o Programa Mais Médicos – PMM, aumentando o quantitativo de equipes de Saúde da Família, principalmente nas regiões carentes de oferta de assistência médica no país3.

 

CONCLUSÃO

Este estudo buscou demonstrar a importância que a melhor distribuição de renda e investimentos na atenção primária em saúde podem ter na garantia do direito à saúde da criança, tendo influência inegável na redução da mortalidade infantil. Embora outros fatores sejam primordiais no estudo da mortalidade infantil, como fatores sociais e os relacionados à condição materna, que poderão ser analisados no futuro, buscou-se ressaltar a relevância de se impulsionar a atenção primária, como uma proposta de mudança do modelo assistencial, reorientando a rede de atenção primária e articulando ações de educação sanitária, vigilância epidemiológica e sanitária, com foco na assistência à grupos populacionais prioritários, como os menores de 1 ano.

 

REFERÊNCIAS

1. Macinko J, Almeida C. Validação de uma metodologia de avaliação rápida das características organizacionais e do desempenho dos serviços de atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS) em nível local. Organização Pan-Americana da Saúde; 2006.
2. Brasil. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio: Relatório Nacional de Acompanhamento. 2014. 208 p. p. 262.
3. Brasil. Lei no 12.871 de 22 de outubro de 2013. Institui o Programa Mais Médicos, altera as Leis no 8.745, de 9 de dezembro de 1993, e no 6.932, de 7 de julho de 1981, e dá outras providências. Diário Oficial da Un

Palavras-chave


mortalidade infantil; atenção primária; PIB