Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-02-13
Resumo
O sofrimento pode ser analisado como um espaço entre o funcionamento psíquico e o mecanismo de defesa. É o limite entre saúde e doença, diante das pressões de trabalho desestabilizadoras, importando como o trabalhador mantém o equilíbrio psíquico, mesmo estando submetido a condições de trabalho desestruturantes. A superação dos desafios representa vencer riscos para a saúde, a segurança e a qualidade do que é produzido. Devido às características do processo de trabalho, como: o ritmo intenso, a realização de atividades repetitivas, as longas jornada de trabalho, a falta de reconhecimento profissional, a alta exposição do profissional a risco físicos, químicos e biológicos, a utilização permanente de tecnologias pesadas e a total dependência do paciente em relação a equipe de enfermagem, assim como o desgaste emocional, o contato constante com o sofrimento, a dor e morte, e a proximidade e envolvimento com a família desse paciente, sem falar do déficit de mão de obra especializada, que possibilita ainda mais que esse trabalho se torne capaz de acarretar estresse ocupacional ao grupo. Dessa forma , tem-se como objetivo identificar os riscos psicossociais no trabalho de enfermagem a fim de refletir sobre a importância de se oferecer ao trabalhador condições de trabalho que minimizem os danos e promovam o bem estar e a saúde mental no ambiente laboral. A justificativa do estudo está pautada na compreensão dos riscos psicossociais em vista das mudanças produzidas no mundo do trabalho, principalmente as ocorridas devido ao aumento da prestação de serviços na saúde, a crescente demanda e as exigências por parte dos usuários, relação interpessoal com os familiares, uso continuo de tecnologias pesadas em relação a esses serviços. Outro aspecto a ser considerado é a escassez de produção científica voltada à discussão do sofrimento psíquico dos trabalhadores em Unidade de terapia intensiva Neonatal. Portanto, há necessidade de estudos que investiguemos riscos enfrentados por esses profissionais no ambiente laboral e divulgação de resultados em eventos científicos.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva, de abordagem qualitativa, o tipo de estudo utilizado foi o levantamento bibliográfico, A elaboração deste trabalho de forma sistemática aconteceu em fases distintas compreendidas como: escolha do tema, elaboração do plano de trabalho, identificação, localização, compilação, fichamento, análise e interpretação, e a redação.
Após a leitura dos artigos disponíveis na íntegra, foram selecionadas as pesquisas que atendiam os objetivos propostos e os critérios de inclusão e exclusão supracitados na metodologia do estudo, eliminando os artigos repetidos e os que não tinham relação com o assunto proposto pela pesquisa e não abordavam questões pertinentes à habilidade social, burnout e enfermagem, chegando a um total de 11 artigos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
TABELA 1 - Foram selecionados os artigos observados a seguir para a análise e avaliação do objetivo desse estudo.
AUTORES
ANO
TÍTULO
BASES DE DADOS/ REVISTA/ VOL (Nº):PÁG
Campos, JF(7)
2011
Avaliação do contexto de trabalho em terapia intensiva sob o olhar da psicodinâmica do trabalho
Rev Esc Enferm USP
2011; 45(2):363-8
Salomé, GM(8)
2011
Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem que trabalham em uma UTI
Nursing.SãoPaulo;13(153):92-98, fev. 2011
Martinato, M et al(9)
2010
Absenteísmo na enfermagem: uma revisão integrativa
Rev. Gaúcha Enferm. (Online) vol.31 no.1 Porto Alegre Mar. 2010
Carvalho, LSF(10)
2010
Motivos de afastamento por licença de saúde dostrabalhadores de enfermagem
Cienc Cuid Saude 2010 Jan/Mar; 9(1):60-66
Abreu, RMD(11)
2009
Ausências por adoecimento na equipe de enfermagem de um hospital de ensino
Cienc Cuid Saude 2010 Jan/Mar; 9(1):60-66
Marçal MA(12)
2009
Aspectos psicossociais que afetam a saúde dasTécnicas de enfermagem que trabalham na unidade de tratamento intensivo neonatal
Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 jan/mar; 17(1):35-0
Cavalheiro, AM(13)
2008
Estresse de enfermeiros com atuação em unidade de terapia intensiva
Rev. Latino-Am. Enfermagem vol.16 no.1 Ribeirão Preto Jan./Feb. 2008
Cruz, ÉJER(14)
2008
Repercussões da variabilidade na saúde do enfermeiro intensivista
Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2008;10(4):1102-13.
Avellar, LZ(15)
2007
Sofrimento psíquico em trabalhadores de enfermagem de uma unidade de oncologia
Psicologia em Estudo, Maringá, v. 12, n. 3, p. 475-481, set./dez. 2007
Baggio, MA(16)
2007
Relações humanas no ambiente de trabalho: o (des) cuidado de si do profissional de enfermagem
Revista Gaúcha de Enfermagem 2007;28(3):409-15.
Hoga, LAK.(17)
2002
Causas de estresse e mecanismos de promoçãodo bem-estar dos profissionais de enfermagem de unidadeneonatal.
Acta Paul Enferm 2002; 15(2):18-25.
Após os procedimentos realizados surgiu uma categoria; Principais fatores de risco psicossocial em trabalhadores de enfermagem e unidade de terapia intensiva neonatal.
Categoria 1: Principais fatores de risco psicossocial em trabalhadores de enfermagem e unidade de terapia intensiva neonatal.
Os profissionais que trabalham em ambientes considerados críticos, como, por exemplo, as Unidades de Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN), apresentam mais chances de sofrimento psíquico, tendo em vista a complexidade das ações ali realizadas e o estresse gerado durante a sua realização.
Alguns fatores interferem nas condições de trabalho dos profissionais da enfermagem hospitalar. Entre eles encontramos o desenvolvimento rápido e contínuo da tecnologia na área da saúde, a grande variedade de procedimentos realizados, o aumento constante do conhecimento teórico e prático exigido nessa área, a especialidade do trabalho, a hierarquização e a dificuldade de circulação de informação, o ritmo e o ambiente físico, o estresse e o contato com o paciente, a dor e a morte como elementos que potencializam a carga de trabalho, ocasionando riscos à saúde física e mental dos trabalhadores do hospital.
A enfermagem, como profissão, é uma profissão voltada para o cuidado. O convívio com a dor, o sofrimento e a morte, apesar de fazer parte da vida profissional da equipe de enfermagem, apresenta-se como forte fator estressante neste meio.
O trabalhador da equipe de enfermagem desenvolve suas funções no limiar da vida e da morte, com diagnósticos de doenças crônicas, degenerativas e incapacitantes. Este fato é o principal responsável, em muitos casos, pelo surgimento de danos psicossociais em muitos profissionais nesta área.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o relatado ao longo do estudo podemos concluir que a enfermagem é uma profissão caracterizada como estressante em função da forte carga psicoemocional decorrente da relação enfermeiro-paciente, das exigências físicas, do déficit de trabalhadores, dos turnos prolongados, das condições inadequadas de trabalho,da culpa constante, do limitado poder de decisão, entre outros. Isso contribuipara um maior número de experiências de estresse no trabalho e para o surgimento de doenças.
Desta forma ampliamos o nosso olhar sobre o profissional enfermeiro, que não deve ser somente olhado como depositário e transmissor do saber, como líder e executor, mas ter também reconhecido seu valor, visando estabelecer uma autoestima elevada, diminuído assim os índices de adoecimento ligados à atividade profissional exercida. Favorecendo assim uma maior qualidade da assistência prestada.