Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Parto normal na ótica das primíparas e suas dificuldades
Mayara Soares Gonzaga, Elielza Guerreiro Menezes, Evelin Gonçalves de Vasconcelos, Flávia Maia Trindade, Fernanda Farias de Castro, Luan Guimarães Pessoa, Valdir Soares da Costa Neto, Luzimere Pires do Nascimento

Última alteração: 2018-01-15

Resumo


A experiência da parturição representa um evento importante na vida das mulheres, um momento único e especial, marcado pela transformação da mulher em seu novo papel, o de ser mãe, principalmente para as mulheres que dão à luz pela primeira vez. Para tanto o objetivo é conhecer as dificuldades das primíparas sob sua ótica, quanto ao motivo da escolha da via de parto, perspectiva do parto e parto. E Através da ótica das primíparas saber das dificuldades, obter conhecimento dos motivos, fatores, que as levaram a escolher a via de parto, podendo assim trabalhar, orientar e incentivar sobre a importância do parto natural e de seus benefícios, tanto para um desenvolvimento saudável, como pela simples escolha do parto fisiológico, oportunizando o recém-nascido a termo de um crescimento e desenvolvimento saudável, sem sequelas de uma cesariana. Contribuindo ainda com a prevenção de nascimento de neonatos prematuros, logo promovendo à saúde da comunidade e ainda contribuindo para o declínio dos percentuais de cesarianas no Brasil. Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa exploratória, descritiva com abordagem qualitativa, para compreensão e discussão a respeito das experiências vivenciadas por mulheres primíparas. As participantes da pesquisa foram 25 mulheres residentes nas áreas de abrangência da Estratégia de Saúde da Família da Unidade Básica de Saúde Mãe Palmira, localizada na periferia do município de Parintins-Amazonas. Os dados da amostra intencional de vinte e cinco participantes, foram analisados sob os fundamentos da análise de conteúdo mais especificamente nas categorias temáticas de Bardin. As coletas de dados ocorreram nos meses de junho a agosto de 2017, em forma de entrevista estruturada. As participantes foram selecionadas e entrevistadas em três fases: a primeira fase foi a pesquisa documental nos prontuários onde buscou-se as gestantes aptas a participarem da pesquisa. Nesse momento possibilitou o levantamento de variáveis como: nome, idade, data de nascimento, idade gestacional, data provável do parto, endereço, telefone. A segunda fase foi a aplicação da entrevista estruturada no ciclo gravídico (antes do parto) as participantes foram abordadas em sua residência, dessa forma aplicando o segundo instrumento onde foram informadas sobre os objetivos da pesquisa e a garantia do sigilo e anonimato, garantindo a participação voluntária ao assinar um termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A terceira fase da pesquisa foi a aplicação da segunda entrevista no pós-parto, agora na condição de puérpera, novamente em sua residência. As entrevistas tiveram duração média de 20 minutos, foram gravadas e transcritas em sua íntegra, para análise de conteúdo. Os resultados revelaram as características da população entrevistada: das 25 primíparas dentre estas 56% compreendeu a faixa etária de 15 a 19 anos, o que consiste em a maioria das primíparas adolescentes, sendo que a faixa etária definida pela OMS é de 10 a 19 anos. Além dessas características ainda se obteve escolaridade, profissão e estado civil. Em relação ao acompanhamento da gravidez e planejamento: 88% das mulheres não planejaram engravidar, 60% realizaram de 5 a 9 consultas de pré-natal, 84% afirmaram não ter problemas de saúde antes da gravidez, após a gravidez 68% disseram ter tido problemas de saúde. No item informações dadas sobre o trabalho de parto nas consultas de pré-natal, 36% das primíparas afirmaram que recebiam tais informações de enfermeiros, e outros 36% afirmaram receber informações por ambos (médicos e enfermeiros), quando questionadas se estavam informadas sobre o processo parturitivo 60% disseram estar pouco informadas e 8% nada informadas. Quanto a como se informaram sobre o trabalho de parto 48% disseram que as informações foram obtidas através de familiares e amigos e 40% disseram que eram por profissionais de saúde. Ainda na primeira fase da pesquisa buscou-se saber a preferência da via de parto: 88% das primíparas informaram preferir o parto normal. Na segunda fase da entrevista após o parto no item que tipo de parto realizou, 60% responderam que realizaram parto normal. Perguntou ainda qual a preferência na via de parto em uma próxima gravidez e 84% das puérperas responderam que preferem o parto normal. Emergiu-se ainda três categorias temáticas: a primeira categoria temática “o motivo da escolha do tipo de parto” emerge com muitas dúvidas, mas que os familiares, amigos e profissionais de saúde exercem um papel importantíssimo para a escolha da via de parto. A partir dos motivos que levaram as primigestas a escolherem a via de parto, é que foram explanados cinco temas principais: o primeiro deles é a influência de familiares e amigos, os motivos subsequentes são os motivos que os familiares e amigos vivenciaram na maternidade que se tornaram os motivos das primigestas. Esses motivos subsequentes e vivenciados por pessoas próximas são: recuperação rápida, maior autonomia nos cuidados com RN, menor tempo de internação, benefícios para o binômio mãe-filho. A segunda categoria temática “perspectiva em relação as dificuldades para o parto”, engloba-se os seguintes temas centrais: os mais comentados pelas primíparas foram a respeito do medo, dor, ansiedade, nervosismo, não saber fazer força para dar à luz. Tais expectativas mostraram que são temas que deveriam ser esclarecidos pelos profissionais de saúde que realizam o pré-natal. A terceira categoria temática deste estudo, sob a ótica das mulheres que vivenciaram pela primeira vez a experiência do parto, discutiu-se as “dificuldades no parto” com os seguintes temas centrais desta categoria: a dor, medo, nervoso, trabalho de parto demorado, não saber fazer força nas contrações, achar que não ia aguentar, assistência negativa e positiva da equipe de enfermagem. Temas esses que se repetem, de alguma forma concluindo a maioria de suas perspectivas em relação ao processo de parturição. Considerações finais: Neste estudo buscou-se verificar a opção da via de parto de primeira escolha das gestantes, constatou-se que as gestantes em sua maioria têm o parto fisiológico como opção de primeira escolha. Entretanto nem todas essas gestantes realizaram o parto que desejavam ter. Os motivos que as levam a escolher a via de parto, são os benefícios que o parto fisiológico traz para a mulher, mas que em sua maioria essas informações são repassadas por familiares e amigos que já vivenciaram o parto, concretizando o que se vê em muitos outros estudos, que o parto é algo cultural, uma vez que a primípara se sente mais segura, confortável e confiante em receber informação de alguém da família ou por amigas. A partir do momento em que elas decidem a via de parto, passam a imaginar e viver algumas perspectivas em relação ao processo parturitivo. Expectativas essas que os profissionais de saúde não conseguiram esclarecer para as primíparas durante o pré-natal, por falta de diálogo e confiança entre profissional e paciente. Concluiu-se que as expectativas negativas imaginadas pela maioria das participantes durante o ciclo gravídico, tornaram-se dificuldade no processo parturitivo, por falta de profissionais capacitados e atualizados quanto a humanização na condução do parto e deficiência na orientação a essas primíparas durante o pré-natal, ou seja, falta educação em saúde eficaz direcionada a esta clientela especifica. Pode-se observar também a importância do profissional enfermeiro qualificado, podendo lançar mão das políticas públicas com seus amplos programas a assistência a mulher grávida, com incentivo e apoio da esfera municipal adequando estruturas e dando subsídios para um bom funcionamento dos programas e dessa forma prestando uma excelente assistência.


Palavras-chave


Parto normal; Primípara; Dificuldade