Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-22
Resumo
Apresentação: A luz solar apresenta diversos comprimentos de ondas capazes de chegar à atmosfera terrestre, atingindo os indivíduos de forma benéfica ou maléfica. As radiações ultravioletas, as quais podem ser UVA ou UVB, e infravermelhas são exemplos de ondas que causam danos à saúde ao interagir e alterar as células da pele, especialmente no rosto e dorso das mãos. Essa interação entre tais raios solares e a pele promove a liberação de radicais livres que em curto prazo podem gerar o decréscimo de água no corpo, causando o ressecamento da pele, eritema, descamação e queimaduras de diversos graus, enquanto em longo prazo pode causar o envelhecimento extrínseco, dano aos melanócitos e câncer de pele do tipo melanoma ou não melanoma, sendo este último considerado como a neoplasia de maior incidência na população brasileira. Contudo, os raios provenientes do sol também são passíveis de benefícios aos seres humanos, posto que auxilia no fortalecimento de ossos mediante a produção de vitamina D e aumenta o nível de serotonina no organismo, sendo considerado um antidepressivo natural. Para apoderar-se desses benefícios, a exposição à radiação solar deve ocorre no início da manhã ou fim da tarde, pois no horário entre tais extremos há maior incidência de radiação ultravioleta e infravermelha. Por ser um país de clima predominantemente tropical, a população precisa se apoderar de tais informações, cabendo aos profissionais da saúde, em especial a enfermagem por ter a educação como processo de trabalho, realizar práticas educativas em saúde problematizadoras e sob a utilização de metodologias que facilitem o processo de ensino e aprendizado, sem desconsiderar o saber prévio dos indivíduos. A atividade educativa em questão visa utilizar o teatro como forma de empoderar idosos quanto aos riscos e benefícios dos raios solares, tema de grande pertinência em todos os períodos do ano, principalmente no verão. Desenvolvimento do trabalho: A experiência ocorreu durante o mês de Julho/2016 no auditório de uma Unidade Municipal de Saúde (UMS) localizada na periferia de Belém-PA com um grupo de idosos de um projeto de extensão intitulado “Idoso saudável”, o qual promove diversas atividades por meio de alunos de diversas áreas da saúde vinculados à universidade. Diante da necessidade crucial de se planejar as atividades de educação em saúde, o planejamento educativo contendo diagnóstico, plano de ação, execução e avaliação foi um instrumento que precedeu a atividade. Posto que, não houve participação dos educandos durante o ato de planejar, este é considerado como do tipo centralizado. Porém, foi levado em consideração a epidemiologia, a qual indica que as neoplasias de pele têm alto índice no país, e o período de férias, o qual coincide com o verão sem chuva na região, onde além das radiações solares se intensificarem, há uma maior exposição ao sol por parte dos indivíduos devido uma questão cultural. O plano de ação inferiu a utilização do teatro e a ludicidade por serem dinâmicos e capazes de agir no âmbito emocional e intelectual. A arte teatral lúdica em questão contou com um cenário confeccionado pelo grupo com vistas a representar a praia, além da participação de quatro personagens, a saber: o sol bom, que aparecia no sol nascente e retornava para o sol poente; o sol mau, que cobria a extensão da praia de 8 horas até às 17 horas; a madame; e a mulher bronzeada. O enredo teve seu início com a chegada do sol bom e a madame à praia, os quais eram amigos e iniciavam um debate sobre os benefícios que o sol em questão trazia à população, enfatizando na obtenção de ossos mais fortes por meio da síntese de vitamina D. Posteriormente, chegava o sol mau, seguido da mulher bronzeada, e com isso dava-se início a uma intensa discussão entre todos os personagens, cada qual defendendo o seu ponto de vista quanto a exposição prolongada aos raios solares. O clímax da peça acontece quando a mulher bronzeada desmaia por não usar protetor solar e ter adquirido uma insolação durante a busca de um bronzeamento, sendo este uma característica cultural do tempo de férias no Brasil. A peça encerra com todos os personagens amigos e cientes da contribuição e riscos à saúde provindos das radiações solares. Ao final, foi solicitado que os idosos dessem a sua avaliação quanto a metodologia utilizada e o assunto abordado, valorizando a concepção pedagógica humanista, a qual tem como preceito a valorização do ser humano, tendo o educador como facilitador do processo de ensino-aprendizado. Posteriormente, foi realizado o sorteio de um protetor solar, implicando na necessidade de uso do mesmo diariamente e em quantidade adequada para propiciar o bloqueio dos raios UVA e UVB. Resultados: A atividade contou com a presença de, em média, 20 idosos, sendo a maioria do sexo feminino. O teatro se mostrou uma metodologia eficaz para esse grupo, com exceção de uma senhora com baixa audição, pois por ser um grupo pequeno em um espaço limitado não foi feito o uso de equipamentos de som, tais como microfone e caixa amplificadora, e o grupo responsável pela peça só ficou ciente desde fato durante o sorteio. Daí provém a importância de se encorajar atividades de educação em saúde realizadas a luz de um planejamento participativo, visto que este proporciona a equipe conhecer o perfil do seu público alvo em diversos âmbitos. Contudo, durante a ação os idosos prestaram atenção nas falas e gestos dos personagens, se divertindo especialmente com a chegada do sol mau e a mulher bronzeada, pois esta estava com a pele excessivamente vermelha por conta da radiação provinda do mesmo, inclusive no rosto, o qual tinha marca do óculos de sol. A efetividade reflexiva da educação em saúde se fez presente quando, durante o período de avaliação da peça, um indivíduo explanou sobre a necessidade de cuidados com a exposição ao sol em todos os períodos do ano, especialmente por se tratar de uma região extremamente quente. Considerações finais: Com o envelhecimento, os indivíduos passam por diversas mudanças biopsicossociais que devem ser olhadas com maior cautela pelos profissionais da saúde. Diante deste contexto, infere-se que as práticas de educação em saúde são atemporais, devendo ser aplicadas a todas as faixas etárias, visando empoderar a população, concebendo-lhes maior autonomia nos seus cuidados de saúde. O poder transformador da educação em saúde se fez presente quando os idosos reconheceram a importância da realização do banho de sol pela manhã e o uso frequente protetor solar, alegando compartilhar as informações obtidas com seus amigos e familiares.