Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CONHECIMENTO DE GESTANTES EM ACOMPANHAMENTO NO PRÉ NATAL SOBRE DEPRESSÃO PÓS PARTO
Alisson Salatiek Ferreira de Freitas, Ingrid Bittencourt Soares, Luzy Hellen Fernandes Aragão Martins, Maria Simone da Costa Freitas, Lueyna Silva Cavalcante, Ingrid Martins Leite Lúcio, Antônio Rodrigues Ferreira Junior

Última alteração: 2018-01-23

Resumo


Apresentação: A gestação é um período na vida de uma mulher, que envolve muitas mudanças e alterações bioquímicas, um acontecimento que gera modificações nas áreas psicológica, cultural e social da mulher. O puerpério é um período no qual o corpo da mulher se recupera do desgaste físico da gravidez e do parto, e pode estar mais vulnerável à manifestação de transtornos mentais. Dentre os transtornos psíquicos da puerperalidade, destaca-se a depressão pós-parto (DPP), que caracteriza-se pela presença de humor deprimido ou perda de interesse e prazer por quase todas as atividades, e  que se manifesta duas semanas após o parto. Nessa perspectiva, quando o pré-natal é feito de forma qualificada e contextualizada proporciona além do acompanhamento clínico, a prevenção de intercorrências, a atuação em face das necessidades socioculturais, econômicas e emocionais. Sendo assim, a consulta de pré-natal é importante na vida da mãe e do filho e o enfermeiro tem um papel fundamental nesse momento, pois ele tem maior contato com todas as modificações que ocorre no corpo e na mente da gestante. Assim, o trabalho tem como objetivo identificar o conhecimento das gestantes, durante o pré-natal, sobre a depressão pós-parto. Desenvolvimento do trabalho: O presente estudo consiste em uma pesquisa descritiva, de campo e com abordagem qualitativa. A unidade de saúde escolhida para realização da pesquisa situa-se em um bairro da periferia de Fortaleza-Ceará, onde três equipes da Estratégia Saúde da Família atendem cerca de 15 mil pessoas. Participaram da pesquisa dez gestantes acompanhadas na unidade lócus do estudo, sendo os critérios de inclusão: grávidas independente da idade gestacional e que já tivessem tidos no mínimo três consultas de pré-natal. Para obtenção dos discursos foram realizadas entrevistas no período de setembro a novembro de 2017.  Os dados gravados foram submetidos à Análise Temática. A pesquisa obteve parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa, sob a aprovação Nº 2.375.840. Resultados e/ou impactos: Participaram da pesquisa dez gestantes de diversas idades, sendo que 60% das entrevistadas encontram-se na faixa etária acima de 26 anos. Quanto ao estado civil, 60% referiu viver em união estável. Quando indagadas a respeito de suas profissões, 70% das gestantes afirmaram ser Do Lar.  Sobre o histórico obstétrico das gestantes, 90% das entrevistadas possuíam três ou menos gestações, ao passo que 80% nunca sofreu um aborto. Enquanto 70% afirmaram ter sido a gravidez atual planejada, 50% relataram ter tido algum problema, sendo os citados: infecção urinária e doença hipertensiva específica da gestação (DHEG). Para melhor organização dos dados empíricos, formulou-se uma categoria temática a partir da análise das falas intitulada de “Conhecimento das gestantes sobre DPP”. Apesar de a depressão acometer ambos os sexos, há um predomínio no sexo feminino, sendo muitas vezes precedida por eventos vitais marcantes, como a gestação, o parto e o período pós-parto. Há uma estimativa de que pelo menos 20% das mulheres apresentam depressão em algum estágio de suas vidas, fato que implica tanto em um impacto na saúde da mulher, como na de seus familiares e outras pessoas de seu convívio. Ao observamos os conceitos trazidos pelas gestantes, percebemos que apesar de ser um assunto que pode estar inserido no seu convívio,  as gestantes revelam uma ter percepção equiparada sobre a DPP, como podemos evidenciar nas seguintes falas: “Eu acho que a depressão leva você a desistir de tudo, da sua vida, é tanto que ela não quis nada com o bebê dela (falando da vizinha).” (Gestante 3);  “Mas eu acho que é... pelo que eu vi nos programas a pessoa fica agressiva, fica estressada, pensa muita besteira, acaba com as pessoas, com a vida, pensa que não vai sobreviver, em tudo bota dificuldade.” (Gestante 4). A característica da rejeição do bebê bem como a perda do sentido de viver, relatada pela gestante 3, são sinais importantes para a investigação e o diagnóstico médico para depressão que ocorre no período pós-parto. É importante enfatizar que a DPP é uma perturbação emocional, humoral e reativa, podendo apresentar seus sintomas ainda na gestação, o que torna fundamental a atuação do profissional enfermeiro no esclarecimento dos sinais e sintomas da doença. Um outro aspecto apresentado pela fala da gestante 4 é que a mídia é uma importante fonte de informação, que pode trazer percepções adequadas ou não. A baixa escolaridade é um dos fatores que compromete a compreensão do processo de adoecimento quanto a DPP e ainda predispõe a ocorrência dessa doença, por isso é necessário conhecer o que as gestantes entendem por DPP ainda na gestação, para que estas sejam capazes de identificar precocemente os sinais e sintomas da doença. Podemos notar que a capacidade de reconhecer esse quadro não evidenciado nas falas, tendo apenas uma citação de uma gestante quando ela relata: “Quando eu tive meu primeiro filho, na enfermaria que eu estava, a moça do meu lado estava com depressão pós-parto.” (Gestante 3). Aproximação de fatos e experiências traz, para mulher um sinal maior de observação e curiosidade pelo assunto. É nesse aspecto que é importante enfatizar que a percepção e o reconhecimento da depressão durante a gestação é bastante visto em casos que a mulher já teve depressão antes da gestação, e as que adquirem a depressão na gestação, não são bem assistidas pelo companheiro, pela família ou pela equipe de saúde que acompanha o pré-natal. Entende-se que a gestação é um momento muito delicado, que o acompanhamento bem feito em um pré-natal é essencial, tanto para o profissional de saúde poder identificar sinais de depressão na gestante, quanto como o relacionamento dela com a família e com o companheiro, para assim, reconhecer logo no início um possível caso de DPP e poder oferecer o suporte necessário para essa gestante. “Ela passava a maior parte do tempo amarrada e no dia em que soltaram ela, ela queria pular da janela, e a gente estava no 3° andar.” (Gestante 3); “No caso, ela ficava estática, porque ela tomava muito remédio, eram várias enfermeiras para aplicar o medicamento nela.” (Gestante 3). A agressividade e a tentativa de suicídio são um dos sintomas mais indicativos da DPP, aumentando a vulnerabilidade da puérpera e comprometendo sua autoestima materna, assim como, a capacidade de amar outro ser gerado por ela. A grávida maltratada, que sofre violência psicológica durante a gestação, acarreta um maior nível de estresse. Ocasionando outros sintomas, como: baixa estima isolamento, suicídio, agressividade. Esses sintomas são extremamente prejudiciais para sua saúde e a saúde do bebê. Tendo assim, a assistência pré-natal, um momento privilegiado, sendo uma única oportunidade de intervir nessa situação. A identificação antecipada de sintomas sugestivos de depressão, pode dar um desfecho mais favorável para o binômio mãe-filho. Intervindo com ajuda psicológica, proporcionando a essa mãe uma ajuda imediata, antes de não conseguir reverter esse caso de DPP. Considerações finais: A pesquisa demonstrou que DPP não é muito debatido nas consultas de pré-natal, evidenciando assim, um baixo conhecimento da temática. Fica notório que a realização de educação em saúde no pré-natal voltada para identificação precoce de sinais da DPP é imprescindível, e que o profissional deve estar preparado para oferecer suporte tanto para essa mulher como para sua família, na perspectiva da redução de danos e agravos causados pela DPP.


Palavras-chave


Depressão Pós-Parto; Saúde da Mulher; Cuidado Pré-Natal.