Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ACIDENTES DE TRÂNSITO OCORRIDOS COM HOMENS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2008 A 2011
Aline Medeiros, MICHELE LUDMILA DANTAS DE SÁ, VALÉRIA LIDYANNE SILVA GOMES

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


APRESENTAÇÃO:

Todo ano, mais de um milhão de pessoas perdem suas vidas e muitas outras sofrem lesões não fatais, resultantes da violência. De forma geral, no mundo todo, a violência está entre as principais causas de morte ¹.

Dessa maneira, o caso da violência é exemplar para se entender a transição que junta questões sociais e problemas de saúde, pois a violência não é um problema médico típico, é fundamentalmente, um problema social que acompanha toda a história e as transformações da humanidade ².

Uma vez que a temática da violência é um assunto do cotidiano das pessoas, assim o presente estudo se restringiu aos acidentes de trânsito com homens no território brasileiro. Devido a ações de cuidado continuado requerem altos recursos e as consequências para as vítimas e o mercado de trabalho seria as incapacidades oriundas da violência no trânsito.

DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO:

Trata-se de um estudo ecológico de correlação, cuja unidade de análise foi a população masculina brasileira vítima de acidentes de trânsito. A coleta de dados foi realizada por meio das bases de dados públicos (Sistema de Informações sobre Mortalidade, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no censo dos anos de 2008 a 2011, com a população média do ano de 2010, sendo inclusos no estudo, pessoas de ambos os sexos, na faixa etária entre 15 a 59 anos de idade. Por fim, foram selecionados os indicadores sobre Acidentes de trânsito (V01-X59).

Vale salientar ainda que a taxa de violência pode apresentar grande oscilação em pequenas populações. Neste caso, uma variação no número de vítimas (óbitos) podem provocar grandes alterações na taxa de mortalidade quando explícitas nos mapas.

Enquanto que para a produção dos mapas, foram utilizados os softwares: TerraView 4.2.2 e Geoda, em que foi realizado o recorte espacial das áreas e a análise exploratória para visualizar a distribuição espacial. Os mapas apresentarão as Regiões Brasileiras com as distribuições das respectivas taxas. As cores hiperpigmentadas demonstradas nos mapas são as correspondentes as taxas de índices mais elevados por região. Para o entendimento dos mapas aqui apresentados, devemos entender a frase de Waldo Tobler “todas as coisas são parecidas, mas coisas mais próximas se parecem mais que coisas distantes”. Esse conceito se assemelha aos conglomerados ou clusters nos mapas.

Ao mesmo tempo em que a dependência espacial é uma característica inerente à representação de dados através de subdivisões territoriais. Assemelha-se mais ao valor de suas amostras vizinhas e retrata padrões espaciais de lugares e valores. Utilizou-se neste estudo o índice mais difundido indicador global de autocorrelação espacial, o Índice de Moran.  As presenças de valores discrepantes, nos gráficos, mostram que a diferença entre os valores é grande, ou seja, não-estacionariedade de segunda ordem. Enquanto as tendências, nos gráficos, ao longo de uma direção representam que os valores variam suavemente, portanto são não-estacionariedade de primeira ordem ³.

RESULTADOS E/OU IMPACTOS:

As distribuições espaciais foram representadas por três mapas, o primeiro da Figura 1 é uma análise exploratória, em seguida o MoranBox e o MoraMap, para a verificação de formação de clusters. Para a análise realizada, o Índice de Moran foi de 0,44, o que significa que há um padrão espacial moderado, com p-valor de 0,01. Vale ressaltar que as análises bivariadas deram valores para Moran não significativos.

De acordo com as distribuições espaciais realizadas na presente pesquisa, na Figura 1, as taxas mais elevadas em preto ficaram espaçadas pelo mapa. A região Centro-Oeste apresenta as maiores taxas de óbitos por acidentes de trânsito com homens em relação às demais regiões, aparentemente, de acordo com o mapa.

Enquanto isso, na Figura 2, na região norte, há predominância do BAIXOBAIXO, enquanto na região central existem os clusters do AUTOAUTO. Nas regiões sudeste e sul são BAIXOBAIXO.

Na Figura 3, a região norte é dividida em BAIXOBAIXO e Não significante. Enquanto Centro-Oeste se confirma com formação de clusters AUTOAUTO.

Os números por acidentes de trânsito são elevados principalmente na região central país, de acordo com Brasil 2015, as maiores taxas de mortalidade de motociclistas foram encontradas nas regiões Centro-Oeste (8,5 óbitos por 100 mil habitantes), Nordeste (8,4 óbitos por 100 mil habitantes), Norte (7,2 óbitos por 100 mil habitantes) e Sul (5,8 óbitos por 100 mil habitantes).

Além disso, algumas punições que pesem no bolso é uma maneira educativa de corrigir esse desrespeito, no Japão, temos um exemplo disso, as multas são tão altas que a população se educou para respeitar as leis. Sabemos também que acidentes de trânsito é um grande aliado da incapacidade dos trabalhadores, portanto gera um grande prejuízo para a economia 4.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

A cronicidade do estado de saúde das vítimas requerem cuidados de longo prazo o que também afeta o orçamento. Por fim, a saúde pública tem a necessidade de um crescimento de articulação contínua com diversos segmentos para prevenir óbitos por acidentes de trânsito. Eliminá-la é difícil, mas deve haver medidas para atenuá-la com ações de promoção à saúde.  Assim, prevenir ainda é o segredo.

É necessário um conjunto de ações de prevenção interligadas que envolvam desde a educação, saúde e segurança. Apenas com uma comunicação eficaz entre diferentes setores, problemas sociais como estes podem ser solucionados.

REFERÊNCIAS:

1- ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Carta de ottawa para a promoção da saúde. 1ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde Ottawa, Canadá, 17-21 Novembro de 1986. Disponível em: <https://www.dgs.pt/paginas-de-sistema/saude-de-a-a-z/carta-de-otawa-1986.aspx>. Acesso em: 18 mai. 2017

2- MINAYO, M. C. S. Conceitos, teorias e tipologias de violência: a violência faz mal à saúde. Curso de capacitação para profissionais atuantes na rede de enfrentamento a violência contra a mulher. Módulo II: gênero e violência contra a mulher. Apoio: secretaria de políticas para as mulheres / governo federal. 2013. Disponível em: <http://www1.londrina.pr.gov.br/dados/images/stories/Storage/sec_mulher/capacitacao_rede%20/modulo_2/205631-conceitos_teorias_tipologias_violencia.pdf>.  Acesso em: 20 mai. 2017.

3-                 PAIVA, C. Dependência espacial. Setores censitários, Zonas OD, Distritos, Prefeituras etc. CET/SP e PUC/SP, 2007.

 

4-                 BACCHIERI, G.; BARROS, A. J D. Acidentes de trânsito no Brasil de 1998 a 2010: muitas mudanças e poucos resultados. Rev Saúde Pública, v. 45, n. 5, p. 949-63, 2011.


Palavras-chave


Distribuição Espacial; Acidentes de Trânsito com Homens; Gestão em Saúde