Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO PARA SAÚDE MENTAL DE IDOSOS EM INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA (ILPIS)
IAGO ROQUE ROLIM DOS SANTOS, TEREZINHA QUEIROZ ALMEIDA, MIRIAN MORAES FEITOSA, LÍZIAS CLAUDIA SAMPAIO QUINTELA, SAMYA COUTINHO DE OLIVEIRA, MARIA CÉLIA DE FREITAS

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


APRESENTAÇÃO: Um dos principais desafios da atualidade que vem trazendo crescentes demandas sociais e econômicas, para todos os países, é o envelhecimento populacional. O número de pessoas com mais de sessenta anos, no mundo inteiro, está em elevação constante com tendência a continuar crescendo e, mais rápido que todos os outros grupos etários, devido à redução da taxa de fecundidade e o aumento da longevidade. Atualmente, o Brasil tem em média uma população de 18 milhões de pessoas com idade acima de sessenta anos, o que representa 12% da população brasileira. Pesquisas indicam que, nos próximos vinte anos, a população idosa brasileira poderá exceder a trinta milhões de pessoas, chegando a representar quase 13% da população total (DIAS, 2015). Diante desse cenário, houve a necessidade do surgimento de modalidades de atenção ao idoso que pudessem abrigar essa demanda em diversas modalidades, como: casa-lar, república de idosos, centro ou grupo de convivência, centro-dia, etc. Todos caracterizados de Instituição de Longa Permanência para idosos (ILPIs). Dentre estas modalidades, as (ILPIs) são aquelas que apresentam peculiaridades similares as residenciais. Esses tipos de instituições geralmente são vinculadas às instituições de saúde, porém voltados à moradia. Os idosos de modo geral são assistidos em serviços de saúde, onde recebem assistência médica e de outros profissionais, e em casos mais complicados são encaminhados aos hospitais quando necessário. Eles se abrigam em uma espécie de residência coletiva, que acolhe tanto idosos independentes com renda própria quanto os que não têm renda alguma, mas são dependentes, na maioria das vezes de cuidados prolongados e permanentes. A admissão do idoso em uma ILPIs pode gerar em alguns deles grande satisfação, no entanto, para outros pode provocar conseqüências visíveis como, angústia, solidão, saudades da família desesperança e depressão, especialmente, nos primeiros meses de adaptação por considerarem-se abandonados pela família.  Nessa questão, o enfermeiro tem um papel muito importante frente ao encorajamento dos idosos em lidar com as mais distintas adversidades. Este profissional pode contribuir, também, estimulando à valorização das opiniões dos idosos e buscando promover uma assistência de qualidade que seja capaz de atender às necessidades humanas básicas do mesmo, alem de minimizar os efeitos devastadores da ausência e do distanciamento familiar, ajudando aos idosos em sua adaptação, aceitação da nova condição de vida e enfretamento dos problemas advindos da institucionalização. O objetivo desse estudo foi relatar a história clínica de uma idosa e entender a contribuição do enfermeiro para a saúde mental de idosos abrigados em Instituições de Longa Permanência (ILPIs). DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: O estudo do tipo relato de experiência foi realizado no município de Fortaleza, numa instituição de longa permanência (ILPIs) para idosas, em novembro de 2017, nos estágios da disciplina de Enfermagem Gerontogeriátrica. A amostra contemplou uma idosa que reside na instituição e onde foi realizado o Mini Exame do Estado Mental e a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage. RESULTADO E/OU IMPACTOS: A experiência foi com uma idosa de 77 anos, sexo feminino, aposentada, natural de Jaguaretama-CE. Tem dois filhos com histórico de três abortos espontâneos. Foi casada por 50 anos e está separada há 10. Formada em pedagogia pela Universidade Federal do Ceará e pós-graduada em metodologia do ensino superior. Relatou que aos 11 anos foi morar em Quixadá e engajou-se em uma “escola de irmãs”. Posteriormente foi morar em Crato por um ano e depois veio morar em Fortaleza, aonde reside até hoje. A idosa relatou que sempre gostou de uma vida ativa, sendo estudiosa e determinada em tudo que faz. Na sua trajetória profissional afirmou ter tido boas colocações em cargos, chegando a ganhar mensalmente 60 mil reais. Porém, se por um lado a carreira ganhava espaço dentro e fora do estado, seu casamento era apenas uma procrastinação de um sofrimento para ela e para os filhos. Tinha uma relação conflituosa com seu esposo, por saber que o mesmo tinha “outras mulheres” e “não fazia questão de esconder”. Em meio a esses conflitos internos, chegou a perder o emprego por questões políticas na época da ditadura militar. Em 1996 foi diagnosticada com câncer de endométrio em estágio avançado sendo necessário fazer a histerectomia radical. Passados noves meses dessa descoberta, a idosa soube que o câncer havia se disseminado para outros órgãos em forma de metástase. Um médico amigo e de confiança lhe deu a notícia e revelou que sua estimativa de vida não ultrapassaria aos três próximos meses. Diante dessa situação, a fé e a sua espiritualidade falaram mais alto. Na certeza e confiança de que o único que podia salvá-la era “Jesus”, voltou toda a sua expectativa de vida a Ele. Como era rica, fez um “voto de pobreza”, repassando todos os seus bens materiais para os outros e dedicou-se a ajudar pessoas e a buscar mais de Deus cotidianamente. Considera-se curada, pois há seis anos não tem mais câncer em nenhum local do seu corpo. Hoje ela é uma idosa feliz e diz se sentir muito bem abrigada na ILPIs em que vive. Relatou que tem atualmente uma boa relação com seu ex-esposo e seus filhos o que a deixa satisfeita e feliz com a vida “mansa” que leva. Seu quadro clínico atual é: PA: 12x90, FC: 79; FR: 14irpm; é hipertensa, tem artrose nos joelhos e relatou laceração de dois tendões da perna esquerda. Tem osteoporose, cifose e tonturas freqüentes. É consciente, orientada no tempo e no espaço, mas deambula com dificuldade (usa órtese); foram utilizados dois instrumentos para avaliar a saúde mental da idosa, a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage e o Mini Exame do Estado Mental. A primeira escala é composta de várias perguntas, onde a idosa revela satisfação com sua vida encontrando-se comumente de bom humor e feliz na maioria das vezes. Afirma sentir-se maravilhada por está viva. Assumiu não ter muita energia e que gosta de repousar. Na maioria das suas respostas revelou está satisfeita com sua condição/estado de vida. A escala mostrou NORMAL (3). No Mini Exame do Estado Mental (34 pontos), revelando que a idosa tem uma mente saudável segundo os quesitos avaliados. Alguns diagnósticos foram elencados: deambulação prejudicada, caracterizada pela artrose (joelhos) e pelo rompimento dos tendões, o segundo diagnostico foi disposição para bem-estar espiritual melhorado. Como intervenção, foi: estimular a prática de exercícios leves podendo ser realizados quando a mesma estiver deitada ou sentada, buscando não enrijecer a articulação e melhorar a circulação. Reforçou-se o estimulo para a fé e espiritualidade, com elogios e busca por grupos de orações. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Diante do exposto, conclui-se que o enfermeiro pode contribuir, positivamente, na saúde mental de idosos através da conversa, do estímulo a espiritualidade e da escuta terapêutica. Nesse papel de ajuda mútua, o próprio profissional é beneficiado, pois um relato de vida e experiência não acrescenta seu currículo, mas traz consigo um aprendizado para vida e para o coração.


Palavras-chave


SAÚDE DO IDOSO; CUIDADOS DE ENFERMAGEM; DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM