Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Exibir, afirmar e resistir: sala temática sobre sexualidade no contexto da “cura gay”
Fabiana de Jesus Nascimento, Manoella Alves Carneiro Chagas, José Lanio Sousa Santos, Pedro Henrique Luz de Oliveira, Hivison Nogueira da Silva, Noêmia Fernanda Santos Fernandes, Adriano Maia dos Santos

Última alteração: 2018-01-22

Resumo


Apresentação: Esta experiência é parte de um projeto de extensão que visa debater questões sobre enfrentamento à violência contra a mulher, ao sexismo e à LGBTTIfobia. Os estudantes envolvidos no projeto de extensão realizaram uma “Sala Temática”, especificamente para debater questões de gênero e orientação sexual, no bojo do debate sobre a “cura gay”. A Sala Temática foi realizada em dois momentos: na “Semana de Ciências e Tecnologia”, dias 26 e 27/10/2017, e no “Simpósio de Saúde Coletiva: Caminhos da pesquisa no interior do Brasil”, dias 10 e 11/11/2017, na Universidade Federal da Bahia. A escolha destes eventos deveu-se a oportunidade de exibir uma temática complexa em momentos “não convencionais” para públicos diversificados e com opiniões divergentes. Desenvolvimento do trabalho: A sala temática pode ser acessada e explorada livremente (em pequenos grupos) e teve a participação de, aproximadamente, cinquenta pessoas (profissionais de saúde, graduandos, técnicos e docentes). A sala temática foi organizada num único espaço que, por sua vez, foi subdividido em microespaços (sem divisórias) que exibiam simultaneamente: a) ensaio fotográfico sobre o processo de reversão sexual; b) exposição de roupas e calçados e provocações acerca do binarismo de gênero imposto nos modos de apresentação de si e dos seus corpos; c) cartazes de filmes com foco em representações plurais de gênero; d) exposição de fotos com artistas em imagens dissidentes da norma heterossexual; e) convite para que os convidados olhassem sua própria imagem através de um espelho trincado; f) caixa coberta por tecido preto na qual cada participante poderia levantar e “bisbilhotar” (continha imagens e frases reflexivas sobre a sexualidade humana); g) projeção de documentário (opiniões de pessoas sobre sexualidade); h) no centro da sala havia um túnel coberto pela bandeira do movimento LGBT, com exposição de imagens de pessoas famosas (grande mídia) que se autodeclaram e militam contra a discriminação, além de recortes com notícias verídicas sobre violência por questões de gênero e orientação sexual; i) um/a estudante apresentou-se como dragqueen; j) ao final de cada sessão, os participantes relatavam a experiência numa roda de conversa. Resultados e/ou impactos: Os participantes foram estimulados/instigados e puderam ressignificar processos pessoais e reterritorializar a patologização das sexualidades. A sala deu visibilidade a uma temática que está oculta no currículo e negligenciada na política pedagógica da Universidade. A sala temática colocou na pauta acadêmica a necessidade de territórios de exibição, de afirmação e resistência. Considerações finais: A formação universitária de futuros profissionais de saúde alicerçada nos modos heteronormativos limita as diferentes expressões de sexualidade. Tal apagamento da diversidade contribui para que estudantes que divergem deste padrão, imposto aos seus corpos sexuados dissidentes, sejam postos numa posição abjetificada e, muitas vezes, marginal. Deste modo, as diversas atividades do projeto de extensão, inclusive, a sala temática, têm sido uma oportunidade de afirmação de identidades e resistência dentro da universidade e contribui para a construção de sujeitos implicados que pensam a comunidade e ampliam os modos de cuidar de si e de outros, transpondo, assim, o modelo biomédico intervencionista hegemônico.


Palavras-chave


Sexualidade;"cura gay"