Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
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Gestão e Gerenciamento dos Serviços de Saúde e de Enfermagem: Vivência de acadêmicos em um Hospital de Ensino
Última alteração: 2018-01-25
Resumo
APRESENTAÇÃO: O presente estudo trata-se da vivência de acadêmicos de Enfermagem através do componente curricular “Gestão e Gerenciamento dos Serviços de Saúde e de Enfermagem”, que ocorreu no período de 26 de abril a 06 de maio de 2016, no Hospital Ophir Loyola (HOL), sendo referência em tratamento oncológico, neurocirurgia, cardiologia, terapia renal e transplantes. Sob supervisão e orientação docente, os acadêmicos de Enfermagem realizaram visitas técnicas a setores administrativos e assistenciais da instituição, sendo estes Diretoria Técnica, a Assessoria de Planejamento (ASPLAN) e Clínica de Hematologia. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Utilizou-se a Metodologia da Problematização, recurso ativo proposto por Neusi Aparecida Navas Berbel aplicada a partir do Arco de Maguerez, criado na década de 1970, constando de cinco etapas interdependentes, sendo elas, respectivamente: observação da realidade (através da visita técnica e observação) e identificação de problemas; definição de pontos-chave; teorização; levantamento de hipóteses de solução ou pressupostos; e aplicação à realidade. O Arco de Maguerez é um método que propõe a observação da realidade, a identificação de possíveis problemas ou do objeto de estudo, para posterior seleção do que se quer aprofundar. Logo após são elencados os pontos-chave, para definir o que se pretende estudar. Em seguida é realizada a teorização, as pesquisas a fim de respaldar a situação-problema. Depois desta etapa é feita a elaboração de pressupostos, soluções, para logo em seguida os pesquisadores envolvidos no estudo usarem sua criatividade e realizarem mudanças nos setores observados. Na última fase, as propostas são aplicadas para se ter minimamente transformação daquela realidade. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: A Diretoria Técnica é coordenada por um médico, sendo responsável por garantir condições propícias de trabalho para execução de procedimentos técnicos seguros, pela prática ética da medicina, cumprimento e observância às normas vigorantes no estabelecimento de saúde. Segundo o Art. 28º, do Decreto Federal nº 20.931/32, o cargo de diretor técnico é obrigatório em qualquer instituição hospitalar ou serviço médico. Dentre os problemas identifificados na Diretoria Técnica estavam: Inexistência de protocolos multiprofissionais para execução de procedimentos técnicos; maior parte do quadro de funcionários constituída por profissionais temporários; ausência de fomento à pós-graduação intra-hospitalar (mestrado); desconhecimento do organograma por alguns profissionais; entraves relacionados à falta de conhecimento da cultura organizacional. E as hipóteses de solução ou pressupostos a serem aplicados na Diretoria Técnica verificou-se a necessidade de agilizar estruturação de regimento interno que normatize a necessidade de existência e observância dos protocolos multiprofissionais; elaborar, de forma conjunta e participativa, protocolos multiprofissionais para execução de procedimentos técnicos; implementar um organograma para que os setores envolvidos possam conhecer a hierarquização institucional; e promover aos funcionários a socialização do modelo organizacional da Instituição, bem como atribuições de cada setor e inter-relação dos mesmos. A ASPLAN atua por meio de planejamento estratégico, que consiste em um conjunto de decisões sobre aspectos que afetam ou devem afetar o funcionamento e processo gerencial da empresa/organização por longos períodos de tempo, sendo mais abrangente e intrínseco ao nível institucional, isto é, hierarquicamente mais elevado. Quanto aos problemas verificados na ASPLAN indetificou-se os altos custos com determinadas categorias, cujo quantitativo disponível de profissionais capacitados é escasso (cirurgiões de cabeça e pescoço e físicos especialistas em física médica); altos custos com o ambulatório; o tempo médio de permanência tende a ser é alto. Neste sentido, poderia-se implementar medidas de controle dos materiais consumidos no Ambulatório, a fim de reduzir gastos, porém, mantendo a qualidade dos procedimentos; estratégias de redução e controle de custos em ambulatório; sensibilização do nível estratégico quanto à redução de custos: níveis táticos (gerências) e níveis operacionais (chefias); realizar diagnóstico situacional do setor; estruturar e agrupar os centros de custos; identificar os grupos de gastos; e monitorar e avaliar. A Clínica de Hematologia está ligada ao Departamento de Enfermagem, que está ligada à Diretoria Técnica, que por sua vez está relacionada com a Diretoria Geral. A enfermeira responsável pelo turno da manhã assume cargo administrativo e assistencial, que tem como fluxo de trabalho: passagem de plantão, checagem do carro de parada, organização da escala, solicitação de materiais e visita, em consonância à Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). A Clínica presta cuidados especializados em hematologia e hemoterapia a pacientes portadores de neoplasias hematológicas, e tem, entre seus profissionais, agentes administrativos, auxiliares operacionais, enfermeiros, médicos, nutricionistas, psicólogos e técnicos de Enfermagem. Assim, na Clínica de Hematologia, observou-se como problemas a sobrecarga de trabalho da enfermeira da manhã, a qual desempenha funções assistenciais e gerenciais concomitantes; limitações de parte da equipe multiprofissional sobre como checar e usar o carro de parada; dificuldades na passagem de plantão relacionadas à socialização com os enfermeiros das clínicas, em virtude da ausência de parte destes; não realização da checagem do carrinho de emergência; não utilização de sistema de classificação; não realizado dimensionamento da equipe de enfermagem de forma institucionalizada; e leitos não identificados. E para tentar solucionar os problemas verificou-se a necessidade de trabalhar, junto ao Departamento de Enfermagem e demais instâncias administrativas, a possibilidade de dimensionar outro profissional de Enfermagem para assistência na Clínica de Hematologia no turno da manhã; elaborar e aplicar estratégias de capacitação multiprofissional, por meio da educação continuada, sobre checagem diária, indicações de uso e operacionalização do carro de parada; utilizar escore de classificação dos pacientes para dimensionamento adequado dos profissionais de Enfermagem; e estimular a participação dos enfermeiros das clínicas durante passagem de plantão no Departamento de Enfermagem.CONSIDERAÇÕES FINAIS: A observação, enquanto instrumento básico de Enfermagem, constitui-se importante ferramenta da atuação profissional, através da qual se pode identificar irregularidades e desajustes nos processos saúde-doença e administrativo-gerencial, nos quais o enfermeiro, enquanto cuidador, administrador, orientador e integrador, encontra campo fértil para atuar, balizado na responsabilidade ética, técnico-científica e social. Frente às suas competências e habilidades, ao identificar situações que necessitam de ajustes e correções, pode empregar as ferramentas da educação, perfeitamente cabíveis aos públicos com os quais trabalha, se adaptadas às características de cada realidade. À sua equipe, pode aplicar educação continuada, e às questões administrativas, pode contribuir para dirimi-las, por meio de sua inserção na gestão dos serviços. A prática acadêmica nos proporcionou oportunidade singular ao que tange aos processos de Gestão e Gerenciamento dos Serviços de Enfermagem dentro do Hospital, a dinâmica e funcionamento dentro dos setores observados, a percepção de nós, enquanto acadêmicos, quanto à detecção de problemas e possíveis propostas de solução dos mesmos, com o intuito de melhorar os serviços, a assistência ao paciente e na aquisição de experiência para futuramente galgarmos os caminhos da assistência nos diversos pontos de atenção à saúde.
Palavras-chave
Gestão; Serviços de Saúde; Enfermagem.