Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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AÇÃO PEDAGÓGICA COM OS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE SOBRE CALENDÁRIO VACINAL: vivência dos estudantes de enfermagem no estágio supervisionado
Kátia Fernanda Alves Moreira, Marcos Antônio Sales Rodrigues, Bianca Oyola Bicalho, Caio Alves Barbosa de Oliveira, Andressa Miranda Chaves, Franciele Alves Miranda, Arielson Silva, Daiana Evangelista Rodrigues

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


APRESENTAÇÃO: DO QUE TRATA O TRABALHO E O OBJETIVO: Trata-se de um relato de uma experiência em campo de estágio supervisionado em Enfermagem II da Fundação Universidade Federal de Rondônia, no período de agosto a outubro de 2017.  O estudo objetivou realizar oficinas pedagógicas com os ACS de três equipes de uma unidade básica de saúde do município de Porto Velho-RO, sobre o calendário vacinal preconizado pelo Ministério da Saúde, para sensibilizá-los e instrumentá-los na realização da vigilância em saúde adequada à imunização da população. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: A metodologia utilizada foi a do Arco de Maguerez, que é constituído das etapas de observação da realidade, pontos-chave, teorização, hipóteses de solução e aplicação da realidade. Para a realização do Arco, partimos da realidade, por meio de debates com os ACS sobre suas vivencias no cotidiano de trabalho. As dificuldades e dúvidas expressas pelo ACS foram: Como resgatar as funções do ACS? Como realizar a vigilância em saúde e orientar sobre o calendário vacinal e antropometria da criança? Nesse momento, o processo de ensino e aprendizagem se relaciona com aspectos que o ACS observa minuciosamente, expressando suas percepções e realiza uma leitura sincrética da realidade, fazendo com que eles refletissem bem sobre o momento atual do seu trabalho. Ainda nessa oficina foi realizado o levantamento dos pontos–chave, em que foram selecionados o que é relevante e essencial para a representação da realidade observada, identificando as variáveis que podem contribuir para a compreensão e solução do problema. Nessa etapa, os ACS citaram como pontos importantes a dificuldade da comunicação, insegurança nas orientações corretas sobre vacinas, dúvidas sobre o preenchimento adequado da caderneta de saúde da criança (CSC) e educação/promoção da saúde. Com base nisto, buscou-se indagar à literatura, com a fundamentação teórica e realizar o estudo baseando-se em responder as seguintes questões: Como orientar as famílias sobre o calendário vacinal? Como preencher corretamente a CSC? Por fim, foi proposto pelos facilitadores uma atividade de dispersão sobre Vigilância em Saúde (VS) e sobre suas funções com base na Política Nacional de Atenção Básica – PNAB, para discutirmos as atividades que eles desenvolvem em suas microáreas. Na segunda oficina os ACS trouxeram suas reflexões sobre VS e, durante a discussão, houve a troca de experiências vivenciadas no dia a dia dos ACS. Pelos relatos percebeu-se que executavam as ações de VS, porém tiveram dificuldades em relatar de que se tratava e que ações praticadas faziam parte da vigilância. Ainda nessa oficina partimos, então para o momento de teorização, momento em que as informações precisam ser analisadas, buscando explicações acerca da realidade observada e a compreensão dos pontos-chave, possibilitando algumas conclusões que viabilizarão a etapa seguinte. Para auxiliar nesta etapa foi disponibilizado um pequeno texto sobre a vigilância em saúde que possibilitou um maior suporte teórico aos participantes, contribuindo com o processo de teorização. Logo em seguida, falamos sobre a PNAB e o papel do ACS. Após explanação dialogada foi aberto, o espaço para discussão. Os ACS têm noção que sua função está fundamentalmente ligada às políticas públicas de saúde, embora seja distinta daquela exercida pelos outros profissionais de saúde, por não estar diretamente relacionada à assistência. Além disso, em tese, seu desafio é justamente o desenvolvimento de ações que propiciem a materialização das diretrizes do SUS, considerando-se uma nova concepção de saúde que inclui os determinantes sociais do adoecimento, ou seja, a promoção da saúde.  A última etapa dessa oficina houve a teorização sobre o calendário vacinal da criança e adolescente, além de exposição dialogada sobre antropometria e atividades de fixação de conteúdos. A terceira oficina foi discutido o restante do calendário vacinal. Para a fixação do conteúdo e finalização da oficina foram distribuídas CSC para cada grupo, as quais foram preenchidas com idade, situações diversas de calendário vacinal e dados antropométricos em que cada grupo deveria relatar quais vacinas perdeu bem como a curva de crescimento com base na idade da criança. Em síntese, cada grupo deveria informar à família quais vacinas a criança poderia tomar, como estava seu crescimento e desenvolvimento e qual conduta deveria ser orientada aos cuidadores. Após atividades de fixação foi iniciada a etapa da formulação de hipóteses para a solução de problemas e a aplicação no cotidiano de suas práticas. Essa etapa de formulação de hipóteses deve ser construída a partir da profunda compreensão do problema, utilizando-se a criatividade e originalidade dos ACS, para buscar novas maneiras para a resolução dos problemas referentes à orientação e educação em saúde sobre o calendário vacinal e antropometria. Neste momento houve uma interação ainda maior entre os envolvidos, pois na medida em que as ideais de possibilidade de hipóteses eram levantadas por um ACS ocorria a intervenção dos demais presentes contribuindo com a ideia inicial, possibilitando o aprimoramento e a lapidação da temática, tornando-a ainda mais interessante para o resultado esperado. As hipóteses formuladas para os questionamentos iniciais se remeteram a implementação da educação permanente em saúde (EPS) sistemática sobre calendário vacinal e educação em saúde para famílias e comunidade, utilizando-se de abordagem significativa e participativa para os atores envolvidos. Das hipóteses à realidade, aplica-se as soluções eleitas como viáveis e o ACS aprende a generalizar o aprendido para utilizá-lo em diferentes situações, permitindo que ele saia do âmbito intelectual e volte a sua realidade, aplicando uma resposta ao problema levantado, buscando transformá-lo de alguma maneira. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: A totalidade dos ACS apresentou opinião positiva em relação as oficinas pedagógicas, revelado no verso dos pós-testes onde lhes foi solicitado avaliação sucinta sobre a ação educativa. Os ACS informaram que no momento em que saírem do grupo de discussão e emergirem novamente em suas microáreas, aplicaram aquelas hipóteses levantadas por eles e as viram como eficazes para suas realidades, no sentido de potencializar sua comunicação e vínculo com as famílias em seus territórios. Os relatos acrescentaram que a ação pedagógica foi dinâmica, sanou dúvidas quanto as vacinas já existentes no calendário vacinal e as introduzidas recentemente. Foi considerável entre os relatos, a solicitação de educação permanente na unidade, favorecendo o aprendizado para o fortalecimento das ações desenvolvidas pelos ACS na comunidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A vivência de uma ação pedagógica com ACS sobre calendário vacinal alicerçada no Arco de Maguerez, mostrou-se estratégica no contexto da Saúde da Família, da Educação Permanente e da Vigilância em Saúde. A capacitação para os ACS por meio de ações educativas pode render-lhes maior competência para o desenvolvimento de seu trabalho, objetivando a promoção e prevenção de doenças e agravos da população. Os temas suscitados emergiram das inquietações dos ACS, os quais foram refletidos em constante movimento de construção-desconstrução e reconstrução do saber que se tornam presentes na comunidade, promovendo resultados positivos. Ademais, propiciou condições objetivas de aprendizado significativo, baseadas em discussões coletivas e processos reflexivos de situações concretas emergentes do cotidiano de trabalho. Reconhecer a fortaleza do encontro, valorizar as trocas de experiências, ampliar a análise crítica dos fatos e dispor-se a delinear estratégias de educação em saúde às famílias sobre as vacinas foram algumas das potencialidades evidenciadas por meio da sistematização do processo formativo partilhado.


Palavras-chave


Oficina pedagógica; Estratégia de saúde da família; Agente comunitário de saúde.