Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ACESSO AO EXAME PREVENTIVO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: PERCEPÇÃO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE EM TRÊS MUNICÍPIOS DA BAHIA
NOEMIA FERNANDA SANTOS FERNANDES, JAMILLE AMORIM CARVALHO, ADRIANO MAIA DOS SANTOS

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Apresentação: O Câncer do Colo do Útero (CCU) é a terceira neoplasia que mais provoca óbitos às mulheres no país. A organização do fluxo de serviços no controle ao CCU é essencial para que haja diagnóstico de alterações/lesões precoces e tratamento em tempo oportuno, por meio da rede pública de atenção à saúde. O objetivo deste estudo foi discutir o acesso ao “exame preventivo do CCU” em Unidades de Saúde da Família (USF) em três municípios do interior da Bahia. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de estudo qualitativo, realizado em três municípios de pequeno porte da região de Saúde de Vitória da Conquista, Bahia. Foram selecionados três municípios, atendendo aos seguintes critérios: 1) menor município da região de saúde com, aproximadamente, 5.000 habitantes; 2) município em gestão estadual dos serviços com, aproximadamente, 49.000 habitantes; 3) município em “comando único”/ gestão municipal dos serviços com, aproximadamente, 35.000 habitantes; 4) 100% de cobertura da ESF. Realizou-se, em cada município, “grupo focal” com Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da zona urbana e rural. Resultados: Nos três municípios, a coleta do exame preventivo era realizada, exclusivamente, por enfermeiros; a coleta do exame preventivo era realizada até duas vezes ao mês (média de trinta atendimentos mensais). A marcação poderia ser feita pela própria usuária (forma direta ou por telefone) ou pelo ACS (quando havia resistência das usuárias em buscar o serviço ou quando as mesmas residiam distante da USF). Não havia dificuldades no acesso ao exame preventivo nas USF, nem filas de espera, nos três municípios. No entanto, os ACS apontaram algumas resistências das mulheres-usuárias que se transformavam em barreiras de acesso: quando o enfermeiro era jovem ou do gênero masculino; quando o profissional residia na comunidade; por vergonha/timidez em expor o corpo; não confiança no profissional; por pensarem que, na rede privada, o exame seria de melhor qualidade; pela dificuldade no acesso aos exames complementares; por impedimento do cônjuge; por questões culturais/mitos (mulheres virgens, mulheres sem relações sexuais ou idosas não necessitariam realizar o preventivo). Além disso, muitas mulheres com deficiência, sobretudo mental, não tinham acesso, por resistência da própria usuária ou de familiares que as segregavam. Para superação das barreiras de acesso: as equipes realizavam ações educativas com as mulheres; nas visitas domiciliares, buscavam fortalecer o vínculo do ACS com as usuárias resistentes; tentavam atrelar a realização do preventivo ao recebimento do benefício do Programa Bolsa Família; obtinham transporte ofertado pela secretária de saúde, para deslocamento das equipes, em dias específicos, para as áreas rurais distantes. Considerações finais: Mesmo havendo cobertura formal da ESF para todas as usuárias, os profissionais devem ficar atentos às condições socioeconômicas especiais para minimizar as barreiras de acesso, sobretudo às mulheres mais vulneráveis. A busca-ativa de faltosas ou com exames preventivos em atraso e a vigilância/continuidade no acompanhamento das mulheres que tiveram alguma alteração nos resultados devem fazer parte do processo de trabalho da equipe, envolvendo, também, médicos e, quando necessário, os demais integrantes da equipe.


Palavras-chave


Neoplasias do Colo do Útero; Acesso aos Serviços de Saúde; Estratégia Saúde da Família