Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PRÁTICAS ACADÊMICAS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE COM LEPTOSPIROSE
Karina Barros Lopes, Emilly Melo Amoras, Bruna Damasceno Marques, Elizabeth França de Freitas, Ana Sofia Resque Gonçalves, Gabriela Campos de Freitas Ferreira, Julliana Santos Albuquerque Ribeiro, Evandro Cesar Natividade De Sousa

Última alteração: 2018-01-23

Resumo


Apresentação: A leptospirose é uma doença infecciosa aguda e febril, potencialmente grave, causada por espiroquetas do gênero Leptospira, que inclui uma espécie patogênica, L. interrogans, e uma espécie de vida livre, L. biflexa. A leptospirose é uma zoonose e pode ter ocorrência em meio rural, relacionada com atividades agrícolas e pecuárias, mas pelas condições habitacionais e de saneamento básico existentes nas grandes cidades do Brasil, é crescente sua incidência urbana. É clara a correlação entre a curva pluviométrica, a presença de roedores em domicilio e peridomicilio, as condições precárias de trabalho e moradia com o número de caso. O principal reservatório é constituído pelos roedores sinantrópicos das espécies Rattusnovegicus (ratazana ou rato-de-esgoto), Rattusrattus(rato de telhado ou rato preto) e Mus musculus (camundongo ou catita), onde o mesmo é capaz de eliminar a leptospira viva através da urina durante toda vida. Ocasionalmente a infecção se dar através do contato direto com a urina ou carne de animais e, excepcionalmente por mordeduras de roedores contaminados. Outros reservatórios de importância são: caninos, suínos, bovinos, equinos, ovinos e caprinos. O perfil epidemiológico da leptospirose em Belém está relacionado com o desordenado crescimento urbano da cidade e com a falta de saneamento básico. A doença se manifesta de duas formas: anictérica e ictérica. O quadro clínico se inicia com calafrios, febre (temperatura atingindo 39 à 40 °C), mialgias intensas, principalmente nas panturrilhas, e vasodilatação cutânea e de mucosas, sobretudo ocular (hiperemia conjuntival).O diagnóstico deverá se basear primeiramente nos elementos positivos de ordem epidemiológica e clínica. Para o diagnostico especifico vários são os métodos utilizados, tais como: cultura, exame microscópico, inoculação em animais de laboratório, reações sorológicas e detecção de IgM especifica pela reação de ELISA. Os principais exames laboratoriais para o diagnóstico inespecíficos são: hemograma e bioquímica (ureia, creatinina, bilirrubina total e frações, TGO, TGP, Gama GT, fosfatase alcalina e CPK, Na+ e K+). Se necessário, solicitar: radiografia de tórax, ECG e gasometria arterial. A antibioticoterapia está indicada em qualquer período da doença, mas sua eficácia parece ser maior na primeira semana do início dos sintomas. Na frase precoce, deve ser utilizado a Amoxacilina durante 5 a 7 dias. Na fase tardia deve ser utilizada Penicilina G, Ceftriaxona ou Cefotaxima. A duração do tratamento com os antibióticos intravenosos são de pelo menos, 7 dias. As principais medidas de suporte são: reposição hidroeletrolítica (Ringer Lactato ou Soro Fisiológico); transfusão de sangue e derivados; nutrição enteral ou parenteral; proteção gástrica; Vitamina K intramuscular de acordo com a atividade de protrombina; analgésicos; antitérmicos e antieméticos, se necessário.  O acompanhamento do volume urinário e da função renal são fundamentais para se indicar a instalação da diálise peritoneal precoce, o que reduz o dano renal e a letalidade da doença. A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), durante a internação de pacientes acometidos por leptospirose, proporciona melhoria significativa da qualidade da assistência prestada ao cliente, pois se trata de um método científico de trabalho que por meio do Processo de Enfermagem ocorre o planejamento individualizado das ações elaboradas pelo profissional enfermeiro. A SAE é extremamente importante para o cuidado, pois o enfermeiro precisa conhecer o paciente como indivíduo, utilizando para isso de seus conhecimentos e habilidades científicas, para que se tenha a organização, ocasionando a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação em saúde do indivíduo, família e comunidade. O objetivo deste trabalho é relatar, sobretudo, a experiência vivenciada por acadêmicos de enfermagem, da Universidade Federal do Pará, a partir da utilização da SAE a um paciente com leptospirose, referindo, a interrelação da sistematização da assistência com a humanização do cuidado no que diz respeito a esta patologia. Desenvolvimento: trata-se de um estudo do tipo relato de experiência, requisito avaliativo da atividade curricular Enfermagem em Doenças Transmissíveis, da Faculdade de Enfermagem, da Universidade Federal do Pará. O local de estudo foi um hospital universitário, o estudo foi realizado durante o mês maio de 2017. Para desenvolver o presente relato, aplicou-se o processo de enfermagem, que é composto pelas etapas de: histórico de enfermagem ou anamnese; diagnóstico de enfermagem; planejamento de enfermagem; prescrição de enfermagem e avaliação da assistência de enfermagem. Os dados coletados foram analisados, posteriormente foram identificados os diagnósticos de enfermagem, implementadas as intervenções necessárias e verificados os resultados esperados, utilizando a taxonomia da NANDA, NIC e NOC. O paciente foi selecionado de forma aleatória para o estudo. Ao primeiro contato com o paciente, foram coletadas as informações sobre o seu estado atual; este se apresentava: consciente, orientado no tempo e espaço, ictérico (principalmente a esclerótica, conjuntiva ocular e cavidade oral na região de palato); dificuldade de movimentação no leito, devido acesso venoso periférico e consequentemente suporte para o soro (Ringer Lactato), eliminações urinárias não apresentavam mais colúria (aspecto límpido). Posteriormente consultamos o prontuário, para identificar o histórico do paciente, condições de chegada, motivo da internação, tratamento realizado e evolução do quadro clinico. Resultados: Após a análise dos problemas identificados, o paciente teve os seguintes diagnósticos de enfermagem: risco de desequilíbrio eletrolítico, relacionado a disfunção renal e volume de líquido insuficiente; risco para infecção, relacionado a exposição ambiental a patógenos aumentada, hospitalização e procedimentos invasivos; disposição para  eliminação urinária melhorada, relacionado a expressão do desejo por melhorar a eliminação urinária e mobilidade no leito prejudicada, caracterizado por capacidade prejudicada para virar-se de um lado para o outro, relacionado a barreira ambiental (suporte para o soro). Para tais diagnósticos foram implementadas as seguintes intervenções, respectivamente: controle de eletrólitos (manter solução intravenosa com eletrólitos em um gotejamento constante, conforme o apropriado) e controle hidroeletrolítico (obter amostras laboratoriais para monitoramento de níveis alterados de líquidos ou eletrólitos; controle de doenças transmissíveis e controle da infecção; controle da eliminação urinária (monitorar a eliminação urinária, inclusive frequência, odor, volume e cor, conforme apropriado); cuidados com o repouso no leito, posicionamento (determinar o nível de mobilidade e as limitações dos movimentos) e promoção da mecânica corporal (assistência no autocuidado). Após a execução da SAE espera-se atingir os seguintes resultados: equilíbrio hídrico, função renal melhorada, hidratação, normalidade das eliminações urinária, desempenho da mecânica corporal e mobilidade. Considerações finais: Mediante o exposto foi possível observar a implementação efetiva de um plano de cuidados embasado da SAE. Com isso, é notória a importância da SAE implementada pelo profissional enfermeiro, visto que está se da por meio de conhecimentos e habilidades científicas, para uma melhor assistência ao paciente, promovendo o cuidado integral ao mesmo, tendo uma visão holística sobre o paciente, onde além dos aspectos biológicos, se considera os aspectos sociais, econômicos, culturais, psicológicos e outros. O enfermeiro deve utilizar a SAE como instrumento obrigatório nas práticas de cuidado, prevenindo agravos, garantindo reabilitação e promoção da saúde por meio do processo de enfermagem, levando em conta a individualidade de cada um, assim, interferindo diretamente na qualidade de vida do paciente.


Palavras-chave


Enfermagem; Processo de Enfermagem; Promoção da Saúde.