Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Burocratização da Participação Popular em Salvador-BA: uma experiência de mobilização e construção um Conselho Local de Saúde em um bairro popular
Laio Magno, Anaíra de Jesus Affe, Flávia Fernanda Santana Nascimento, Romeu Santana Borges, Cleidiane dos Anjos Novaes, Cinara Nunes Meirelles, Vanessa Carvalho, Carolina Pedroza de Carvalho Garcia

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Apresentação: Os Conselhos Locais de Saúde (CLS) são órgãos colegiados deliberativos de caráter permanente, têm como funções: formular estratégias, controlar e fiscalizar a execução das políticas de saúde, incluindo os aspectos financeiros. Possuem, ainda, papel fundamental na busca por constantes melhorias (sociais, educacionais, culturais, etc) para a comunidade. Os CLS são componentes estratégicos da gestão participativa, têm o poder de aproximar a comunidade da dinâmica dos serviços da Unidade de Saúde da Família (USF) por meio da interação desta com as organizações sociais do bairro. Nesta integração, descentraliza-se a gestão das ações de saúde, consolidando um dos pilares do Sistema Único de Saúde (SUS): o controle social. O objetivo deste trabalho é relatar as vivências de docentes, estudantes e profissionais de saúde no processo de formação de um CLS em um bairro popular de Salvador-BA.

Desenvolvimento do trabalho: em agosto de 2017 iniciaram as atividades da componente curricular Estágio Supervisionado na Atenção Básica do curso de Enfermagem da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). O estágio acontece em uma USF, em atividade há 11 anos, no Distrito Sanitário Cabula-Beirú, e prestadora dos serviços de promoção, prevenção, recuperação da saúde eredução de agravosconforme a Política Nacional de Atenção Básica. Ao longo do estágio elaboramos um Planejamento e Programação Local em Saúde (PPLS) com a temática do Controle Social no território do bairro de Arenoso.

Resultados: Na análise situacional do PPLS, identificamos a ausência do CLS no território e desmobilização da comunidade local. A partir desta constatação, iniciou-se um processo de mobilização de representantes da comunidade e da comunidade para a formação do conselho. Um desafio imposto ao CLS foi a exigência burocrática de documentação das entidades representativas da comunidade (CNPJ, ata da última eleição da diretoria, ata da última reunião com indicação de representante da entidade e cópias de projetos executados na comunidade). As exigências burocráticas são normatizadas por meio do decreto N° 17.465 de 16/07/2007 da Prefeitura Municipal de Salvador. Apesar das dificuldades, conseguimos reunir todos os documentos necessários para iniciarmos as eleições, porém o Conselho Municipal de Salvador (CMS) nos advertiu que havia uma decisão sua de não habilitar novos CLS até que os Conselhos Distritais de Saúde estivessem consolidados. Todavia, a comunidade não se conformou com a decisão do CMS e decidiu realizar as eleições locais, em 20 de dezembro de 2017, apesar de todas as barreiras impostas.

Considerações Finais: Identificamos barreiras burocráticas e políticas para a construção do CLS do bairro. Entretanto, apesar de todas as barreiras, foi possível mobilizar e reunir cinco entidades do bairro para eleição, juntamente com representantes dos profissionais de saúde e da gestão. A formação do CLS ganhou força com a adesão das entidades e melhor compreensão da importância da participação popular na gestão em saúde, tanto pelos potenciais conselheiros, como por membros da comunidade, profissionais da unidade e para os estudantes de enfermagem da UNEB.


Palavras-chave


Conselho Local de saúde; Gestão em Saúde; Burocracia