Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Mídia, Saúde e Inclusão
Amanda Cappellari, Caroline da Rosa Couto, Betina Hillesheim

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


O presente texto tem por objetivo apresentar as discussões que vêm sendo realizadas na pesquisa Inclusão, diferença e políticas públicas: uma cartografia, na qual busca-se compreender a crescente incitação dos discursos sobre inclusão em diferentes campos. No âmbito deste trabalho, o foco são os dados produzidos a partir da análise realizada do jornal Zero Hora, um importante veículo de circulação diária no sul do país, com ênfase para os dados relacionados à saúde. Tal análise foi realizada entre os anos de 2015 e 2016, considerando todas as edições impressas do referido jornal, excetuando-se os finais de semana. Neste período, foram selecionados 14 materiais que discorriam sobre aquilo que convencionamos chamar o enlace discursivo entre inclusão e as políticas públicas de saúde. Entre esses materiais, encontram-se textos que fazem referência ao Programa Mais Médicos, trazendo termos como ampliação de vagas e de atendimento, adesão e integração (reportagem de 16 de janeiro de 2015); em outros, a saúde pública é posta como responsabilidade de todos e não apenas de profissionais e gestores (06 de fevereiro de 2015) e também como obrigação do estado (21 de fevereiro de 2015); cortes de verbas são descritos como ameaças intoleráveis e inaceitáveis, relacionados a processos de exclusão (07 de maio de 2015). Assim, a saúde pública, nesses materiais, foi sendo legitimada por questões de cidadania e de direitos humanos (18 de maio de 2015), chamando a ajuda e a solidariedade de todos nós (17 de agosto de 2015). Em 28 de agosto de 2015, o jornal apresenta a versão digital do cartão SUS, enfatizando a importância do instrumento para o melhor e maior acompanhamento da saúde dos brasileiros que utilizam a rede pública de saúde. Os campos em que a inclusão aparece vão assim se multiplicando, nesse sentido, o jornal divulga um evento para a discussão da atividade sexual inclusiva, descrevendo-o pelo termo diversidade funcional (10 de setembro de 2015). No auge da questão da microcefalia em bebês recém-nascidos, em 1º de março de 2016, o governo promete maior acesso à saúde, via atenção básica especializada; e chama também por acesso, visibilidade e igualdade sobre a questão da possibilidade de doação de sangue por homossexuais (14 de junho de 2016), enfatizando que os governos precisam focar os esforços em populações mais vulneráreis (13 de julho de 2016). Em 19 de julho de 2016, o jornal traz um pedido para que todos ajudem a construir um sistema de saúde mais abrangente e mais humano, afinal O SUS É TEU!; e é urgente que sociedade, governos, empresas e produtores se unam nessa luta de alimentar e garantir acesso à saúde (28 de julho de 2016). A partir destes dados, pode-se pensar as políticas públicas de saúde como estratégias inclusivas, no sentido de chegar e acompanhar cada vez mais à diferentes populações. A mídia é, nessa perspectiva, um importante meio educativo, que nos faz atentar para a discussão das políticas públicas de saúde, incitando o desejo de sermos, todos, agentes de tais estratégias.


Palavras-chave


Mídia; políticas públicas de saúde; inclusão.