Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-05-23
Resumo
Apresentação:A cada ano que passa, o contingente de idosos vem aumentando cada vez mais. O envelhecimento é um fenômeno universal, comum a todos, sendo um processo constante, progressivo e natural, em que ocorre a redução gradativa das funções do organismo e devido a isso torna o indivíduo mais suscetível a patologias e agravos podendo até resultar em diminuição ou perda da função motora e cognitiva, promovendo a perda ou a diminuição da autonomia da pessoa, o que compromete a sua qualidade de vida.Assim, quando os idosos perdem o seu vínculo familiar ou são de origem de família de baixa renda ou tem limitações da velhice e doenças incapacitantes a alternativa que encontram são as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), que são definidas como locais governamentais ou filantrópicas de atenção integral aos idosos, promovendo o convívio e a inter-relação. Diversos idosos ao serem admitidos nos ILPI, são privados da a sua autonomia, pois são submetidos a horários para a realização de todas as atividades do seu cotidiano, além de serem impedidos de saírem da instituição sem autorização, o que lhes limitam a vida. Na grande maioria dos casos, esses idosos recebem poucas visitas de seus familiares e alguns são até mesmo esquecidos no local. Diante da alteração no ambiente ocasionada pela institucionalização e do isolamento da sociedade, inúmeros idosos perdem a sua identidade, autonomia e até mesmo a autoestima, o que leva ao déficit cognitivo, bem como ao déficit motor. A cognição está relacionada com a atenção, memória, orientação, julgamento, raciocínio e resolução de problemas. Enquanto, a parte motora, está relacionado a marcha, movimentos dos membros inferiores e superiores. Logo a perda da consciência pode levar o idoso até mesmo esquecer coisas simples do seu cotidiano como se situar no tempo, dia da semana, ano, bem como no espaço no qual se encontra e o déficit motor pode levar a restrições, incapacidades e até mesmo a quedas, o que afetará sua vida biopsicossocial. Essas condições podem atingir as funcionalidades do organismo, o que dificulta o desempenho das atividades diárias, comprometendo a autonomia e independência dessas pessoas. Assim, a preservação das atividades cognitiva e motora são essenciais para a autonomia e a atividade funcional dos idosos. Para isso, torna-se necessário que nas ILPI’s ocorra a atualização diária da conscientização de tempo e espaço, em que o idoso está inserido, e o estímulo da memorização para que essas perdas sejam compensadas. O estímulo com atividades lúdicas e manuais podem contribuir para diminuir os fatores estressores, reduzir a ansiedade e a angústia presentes no seu cotidiano, além disso, de promover vários benefícios, como ajudar na expressão de emoções, estimular o convívio, treinar as funções psíquicas e cognitivas, sendo fundamental na preservação e promoção da saúde mental do idoso. Portanto, o presente estudo tem o objetivo relatar a experiência de acadêmicos de estimular a atividade cognitiva e motora dos idosos no processo de envelhecimento de idosos institucionalizados. Desenvolvimento do trabalho: Estudo descritivo, do tipo relato de experiência que ocorreu no mês de dezembro 2017, durante as aulas práticas da atividade curricular Atenção integral a Saúde do Adulto e Idoso em uma Instituição de Longa Permanência Para Idosos (ILPI), em Marituba-PA. Participaram do estudo discentes do 3º período da Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal do Pará (UFPA). O estudo envolveu 17 idosos, sendo 13 homens e 4 mulheres, no qual foram realizadas visitas nos quartos onde se encontravam. Para elaboração da ação, utilizou-se uma tecnologia de classificação leve-dura, intitulada “Redescobrindo a Semana com Arte Manual”. A ação deu-se da seguinte forma, cada discente dirigiu-se aos quartos de cada idoso, devido alguns estarem impossibilitados de se movimentar em decorrência de agravos de doenças crônicas, onde ocorreu a realização da ação, de modo que foi disponibilizado para cada participante um calendário semanal já predefinido, apenas com a descrição dos dias da semana e o ano, o qual tem a possibilidade de alterar manualmente os dias conforme o dia atual, por meio de um boneco que foi anexado na hora pelos próprios idosos com o auxílio dos discentes ali presentes. Em seguida indagou-se o conhecimento prévio acerca da data do dia em que ocorreu a atividade e em seguida ocorreu a estimulação cognitiva por meio da demonstração da funcionalidade do calendário, identificando o dia da semana em que estava e explicando que poderiam movimentar o boneco no decorrer dos outros dias e posteriormente era solicitado aos idosos que reproduzissem a ação, promovendo assim o estímulo da atividade motora, muitas vezes pouco presente. Por fim, foi solicitado que cada um dos idosos escolhessem uma parte do quarto em que gostariam que fosse pendurado o calendário, onde estes poderiam exercitar a sua cognição e função motora no dia a dia. Resultados e/ou impactos: Foi constatado que estes idosos apresentavam diferentes níveis de alterações cognitivas e motoras, enquanto alguns conseguiram se situar no tempo, espaço e movimentar o boneco no calendário indicando o dia certo, outros nem mesmo lembravam o ano em que estavam e apresentavam poucos movimentos motores, porém com a ajuda do facilitador estes também executavam o que lhes solicitavam. Logo, todos participaram e entenderam a funcionalidade do calendário, assim como, ajudou os que estavam acamados e com pouca função motora presente, a estimular essa função. A dinâmica “Redescobrindo a Semana com Arte Manual” contribuiu significativamente para a evolução dos discentes e para o aprendizado dos participantes, assim como, estimulou a criatividade, memorização e raciocínio, bem como a parte motora dos membros superiores de cada um dos presentes. Tal atividade foi de fundamental importância para a reflexão sobre a importância do estimulo cognitivo e motor principalmente em idosos. Considerações finais: Pode-se concluir que o profissional de enfermagem pode e deve contribuir com a melhora da qualidade de vida dos idosos institucionalizados, através da utilização métodos lúdicos a fim de minimizar o déficit cognitivo e motor em decorrência do processo de envelhecimento e a institucionalização. Assim, espera-se que o estudo permita repensar ações mais concretas diante da situação vivenciada pela pessoa idosa nas ILPI’s quanto ao declínio motor e cognitivo, pois a partir do momento em que ocorrem essas atividades as funções cerebrais dos idosos são estimuladas o que podem melhorar quadros de demências, resultando na melhora da qualidade de vida da pessoa idosa.