Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O processo de identidade grupal no CAPS: Construindo a autonomia e cidadania na coletividade
Camila da Silva

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


1.Introdução:

A trajetória do ser humano não se limita a si mesmo, onde parte do seu desenvolvimento se dá a partir de outros, onde conclui-se que grupos possuem um papel bastante importante no comportamento e na subjetividade das pessoas.

Define-se o grupo como uma unidade que se dá quando os indivíduos interagem entre si e possuem normas e objetivos comuns. Entende-se por identidade de grupo, aquilo que o caracteriza como tal frente a outros grupos.

O Centro de Atenção Psicossocial II do município de Ponta Grossa no Paraná, desenvolve ações pautadas em eixos considerados essenciais dentro do processo de reabilitação da pessoa em sofrimento mental como a autonomia, cidadania, expressividade, controle social, etc. Quando realizadas em grupo, essas ações possibilitam a troca de experiências, o compartilhamento de vivências e principalmente a escuta e o apoio dos outros participantes, não limitando o tratamento na medicalização e em atendimentos individualizados dentro de um consultório, onde a liberdade, coletividade e dinamismo tornam-se fundamentais no processo terapêutico.

2.Objetivos:

Viabilizar o trabalho em grupo dentro do serviço CAPS a partir da significação da sua função, partindo da lógica da partilha, territorialização, apoio mútuo entre os participantes e desenvolvimento da autonomia e cidadania de maneira coletiva.

3. Método:

A atividade de identidade grupal foi desenvolvida em quatro encontros. A primeira proposta de trabalho foi a confecção de um “porta-retrato” que representasse o grupo através de uma atividade de corte e colagem. Cada usuário foi convidado a procurar em revistas algo que eles gostassem e que se identificassem. O objetivo era reconhecer as singularidades de cada um na construção do todo.

A proposta do segundo encontro foi a construção coletiva dos objetivos do grupo, onde os usuários discutiram ativamente e definiram diversos objetivos, de maneira bastante consensual. Isso contribuiu na percepção de cada um em relação aquilo que há de comum entre eles. No terceiro encontro foi feita a divisão do grande grupo em grupos menores, tendo como critério a proximidade das residências dos usuários, sendo então solicitado que fizessem levantamento de recursos e dispositivos encontrados em seus territórios, como por exemplo: serviços de saúde, serviços da assistência social, lugares de lazer, etc. Após esse levantamento, foi solicitado que cada grupo elegesse um local para visitarem e realizar uma atividade não habitual em grupo e que pudessem no próximo encontro compartilhar com os demais. No último encontro os grupos puderam relatar as suas visitas para os demais e por fim, foi realizado um feedback com todos sobre esses quatro encontros.

4.Resultados:

Ao fim dos encontros percebeu-se uma melhora no vínculo entre os participantes com a equipe, maior interação e maior participação nas decisões e atividades do grupo, transformando-o em um lugar mais acolhedor e efetivo no tratamento. Percebeu-se também um maior reconhecimento do próprio território e daquilo que pode-se utilizar, bem como o incentivo ao lazer e contribuição no desenvolvimento do senso crítico, cidadania e autonomia de cada um.

 

 


Palavras-chave


processo grupal, saúde mental, CAPS