Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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OS SENTIDOS CONSTRUÍDOS POR PROFISSIONAIS DE SAÚDE INSERIDOS EM EQUIPES DE CONSULTÓRIOS NA RUA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO SOBRE O CONSUMO DE CRACK POR MULHERES
Gilney Costa, Miriam Schenker, Patricia Constantino

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


APRESENTAÇÃO:

O crack mobiliza o imaginário social e em torno dele discursos, práticas e políticas são socialmente produzidos e compartilhados. Embora, nem sempre consensuais tais produções conformam identidades e lugares sociais aos sujeitos. Pesquisa de mestrado em saúde pública que analisou os sentidos produzidos por profissionais de Consultório na Rua da Cidade do Rio de Janeiro sobre o consumo de crack por mulheres. O mesmo se apoiou nas contribuições sociológicas de gênero, na literatura sobre o uso de substâncias psicoativas e nos estudos críticos sobre as políticas de enfrentamento ao crack.

DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO:

Estudo qualitativo, no qual, os dados foram produzidos a partir da realização de três grupos focais nos territórios sanitários de 4 equipes de Consultórios na Rua da Cidade do Rio de Janeiro, totalizando 25 participantes dos níveis médio, técnico e superior. Os dados foram organizados e analisados de acordo com o referencial das práticas discursivas e produção de sentidos. A pesquisa foi aprovada pelos Comitês de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca/Fundação Oswaldo Cruz e da Secretaria Municipal de Saúde da Cidade do Rio de Janeiro.

 

RESULTADOS:

Os resultados indicam que os sentidos construídos pelos profissionais das equipes de Consultórios na Rua sobre o crack são atravessados por mitos, crenças e estereótipos, por vezes, ancorados na percepção empírica desses atores. No que tange às relações de gênero, os dados indicam que nos espaços de uso do crack os valores culturais e ideológicos presentes no circuito “formal” das relações sociais entre homens e mulheres são reproduzidos. Neste contexto, a rua é referida como um espaço que favorece a expressão do masculino, compelindo as mulheres a se masculinizarem como estratégia para lidar com as adversidades que o viver na rua impõe. No que diz respeito à rede de serviços psicossociais, os equipamentos de saúde mostram-se insuficientes frente à complexidade que o cuidado à saúde de usuários de crack e outras drogas demandam, especialmente, as mulheres, que quando não são invisibilizadas pelas políticas públicas de enfrentamento ao uso de crack, são reduzidas à esfera reprodutiva.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Assim, em que pese o discurso da integralidade na melhoria da política de assistência à saúde de usuários de crack, álcool e outras drogas, um amplo esforço deve ser empreendido no sentido de: (a) incorporar o referencial de gênero nas práticas de cuidado e na política de atenção à saúde do grupo de usuários de crack e outras drogas; (b) expandir a rede de serviços psicossociais, (c) qualificar as práticas dos profissionais para lidarem com a complexidade da prevenção e do tratamento dos usuários de crack, álcool e outras drogas, (d) articular os serviços que compõem a rede de saúde e de assistência social para esse público, e, por fim, (e) reorientar o modelo de atenção à saúde dessa população, segundo os princípios da redução de danos.


Palavras-chave


Crack; Mulheres; Gênero; Equipes de Consultório na Rua