Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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AVALIAÇÃO EXTERNA DO PMAQ-AB 3º CICLO NO AMAZONAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Greice Nara Viana dos Santos, Greice Nivea Viana dos Santos, Giulliana Chrystie Feitosa de Souza, Vanessa Correia Ribeiro, Simone Aguiar da Silva Figueira

Última alteração: 2018-01-16

Resumo


Apresentação: O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) tem como objetivo incentivar os gestores e as equipes a melhorar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos aos cidadãos do território. Para isso, propõe um conjunto de estratégias de qualificação, acompanhamento e avaliação do trabalho das equipes de saúde. No primeiro momento ocorreu à adesão das equipes, no segundo momento, a avaliação externa (trabalho de campo), e por último ocorreu à certificação das equipes, e a partir das notas de cada equipe, o Programa então, eleva o repasse de recursos do incentivo federal para os municípios participantes que atingirem melhora no padrão de qualidade no atendimento. A avaliação externa de desempenho das equipes de saúde e gestão da Atenção Básica compõe a segunda fase do ciclo do PMAQ. Nessa etapa, os entrevistadores realizam a verificação in loco de padrões de acesso e qualidade alcançados pelas equipes e pela gestão através da aplicação de instrumentos específicos. Objetivo: Descrever a experiência de entrevistadores na realização da Avaliação Externa do PMAQ AB 3ºCiclo no Estado do Amazonas, desafios e aprendizados. Desenvolvimento/Descrição da Experiência: Trata-se de um relato de experiência sobre a Avaliação Externa da terceira fase do PMAQ-AB no Estado do Amazonas, que visa investigar as condições de acesso e de qualidade dos municípios e das Equipes da Atenção Básica participantes do programa. Essa avaliação contou com o apoio da Instituição de Ensino e Pesquisa Instituto Leônidas e Maria Deane - ILMD/Fiocruz Amazônia, em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM). No total de doze equipes, sete eram da Fiocruz Amazônia e cinco da Universidade Federal do Amazonas, todas compostas por um supervisor e dois entrevistadores. A avaliação no Amazonas foi realizada no período de 28 de Agosto a 30 deNovembro de 2017, nos seus sessenta e dois municípios, com um total de seiscentos e setenta e uma equipe de Atenção Básica/Saúde Bucal (AB/SB) e cinquenta e uma equipes do Núcleo de Apoio da Saúde da Família(NASF), que aderiram a Avaliação. O processo seletivo para entrevistadores se deu em três etapas: análises de currículo, dinâmica de grupo e treinamento, todas com caráter classificatório e eliminatório. O instrumento de avaliação utilizado foi disponibilizado – com manual instrutivo - pelo Ministério da Saúde, aplicado via tabletes e encaminhado online ao Ministério da Saúde para a conformação de um banco de dados nacional do PMAQ-AB. Todos os municípios e equipes de saúde também tiveram acesso prévio ao instrumento e ao seu manual instrutivo, para preparação das equipes à avaliação externa. A realização de uma avaliação externa em todo o Estado do Amazonas começou com um grande desafio, o deslocamento das equipes para os munícipios, seja por via aérea, fluvial ou terrestre, e era uma tarefa ainda mais complexa quando se tratava de unidades de saúde situadas em áreas mais longínquas (zonas rurais), onde a equipe passava de horas ou dias para então chegar às unidades a serem avaliadas. O momento da entrada em campo foi o mais crítico, tanto para os supervisores quanto para os entrevistadores, pois as longas distâncias entre as unidades dentro do mesmo município prejudicou o cumprimento das metas diárias, com atraso na chegada da equipe. Além disso, várias unidades ficavam em área de difícil acesso, e em períodos de chuva, ficavam interditadas. A dificuldade de acesso às unidades impactou no acesso da equipe de avaliação aos usuários no serviço, que após as 10:00 horas da manhã já não estavam presentes nas unidades de saúde. O despreparo de algumas equipes AB para receber a equipe de avaliadores foi pertinente em muitas unidades visitadas, pois não separavam com antecedência a lista de documentação que precisaria ser apresentada, e muitos profissionais tiveram dificuldade na compreensão das questões abordadas, culminando assim em entrevistas de duração muito longa. O comportamento dos profissionais frente à avaliação externa também se configurou como outro entrave, entrevistadores e supervisores identificaram diversas reações negativas no momento da entrevista, sendo o medo um dos sentimentos mais recorrente. Situações imprevistas como a desmarcação dos usuários na unidade no dia da coleta de dados foi um grande problema a ser enfrentado pela equipe de entrevistadores, pois era necessário reagendar a visita para captação desses usuários nas Unidades de Saúde ou justificar a ausência deles. Durante a coleta de dados, os equipamentos (tabletes) utilizados pelos avaliadores em alguns momentos apresentaram defeitos no seu funcionamento, o que também causou atrasos. Uma dificuldade singular foi à utilização do Global Positioning System (GPS), que o equipamento não captava em algumas situações, sendo necessário muitas vezes que o avaliador da qualidade retornasse ao local para captar o GPS. Também, ao longo da avaliação externa foram comuns situações, que a equipe de avaliação denominou de “PMAQuiagens”, em que se identificou tentativas de gestores, profissionais e mesmo usuários de manipularem e modificarem a realidade da Unidade, visando um melhor desempenho na avaliação externa, como por exemplo: placas de identificação novas, reformas e pinturas recentes das Unidades de Saúde, e contratação de profissionais temporários, a fim de suprir as necessidades da unidade somente durante o período de permanência da equipe de avaliação no Município. Resultados e/ou impactos: Refletindo sobre as dificuldades encontradas em campo, a equipe compreendeu que o comportamento (de medo e/ou resistência) dos profissionais, as tentativas de interferências da gestão, e as “PMAQuiagens”,podem estar  associados a uma ideia (e uso) negativa sobre a avaliação. Percebeu-se que os profissionais tinham uma percepção de que a avaliação resultaria em ações punitivas e no constrangimento daqueles que não alcançaram determinados resultados, o que não condiz com a proposta do Programa. Assim, a equipe compreende que tais dificuldades e desafios vivenciados, fazem parte do processo e que tendem a ser dirimidos nos próximos ciclos, com a ampliação e fortalecimento do programa. A avaliação externa do PMAQ, possibilitou a equipe de entrevistadores o conhecimento da realidade amazônica, onde a Atenção Básica deve ser implementada de acordo com a realidade local, permeada pela diversidade ambiental, cultural, social e epidemiológica, ou seja, adaptando-a às singularidades dos modos de viver na Amazônia. Considerações finais: A proposta desafiadora de visitar todas as unidades básicas de saúde do estado do Amazonas permitiu a equipe muito aprendizado e experiências, tais como partilha do processo de avaliação com outras equipes, ampliação do conhecimento sobre a realidade local, o entendimento das características do trabalho na Atenção Básica, valorização dos profissionais e sensibilização tanto dos profissionais quanto dos gestores para a temática e a implementação da avaliação nas rotinas dos serviços, fazendo assim com que o programa funcione não só durante, mas principalmente após as avaliações serem concluídas. Em suma, essa experiência de campo possibilitou a equipe uma visão mais ampla do que é a Atenção Básica na prática, e permitiu não apenas o conhecimento das diferentes realidades de trabalho e organização dos serviços de saúde, mas também um crescimento tanto profissional como pessoal.


Palavras-chave


Atenção Básica; Avaliação externa; Entrevistador PMAQ-AB