Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-23
Resumo
Apresentação: O envelhecimento antes visto como uma situação familiar para os países ditos desenvolvidos, atualmente apresenta-se com maior intensidade nos países em desenvolvimento, acarretando uma série de repercussões que modificam o cenário econômico e social desses países. O envelhecimento traz consigo o declínio das capacidades físicas e cognitivas, que variam conforme o estilo de vida adotado por cada indivíduo. Estudos epidemiológicos de avaliação de déficit cognitivo entre a população idosa são de suma importância e podem servir de subsídios para a elaboração de políticas públicas de atenção à saúde para essa faixa etária. Entre os testes mais utilizados para o rastreio de déficits cognitivos em idosos está o Mini Exame do Estado Mental (MEEM). Os pontos de corte desse instrumento sofrem variações de acordo com o nível de escolaridade e habilidades prévias dos idosos. Requer preservação parcial das capacidades sensório-motoras e de linguagem e o contato direto entre o entrevistado e o avaliador. Tendo em vista as problemáticas que envolvem o processo de envelhecimento populacional, surge a necessidade de avaliações sobre as alterações do envelhecimento e suas consequências na capacidade cognitiva. Com isso, o presente estudo teve por objetivo caracterizar o perfil sociodemográfico e realizar o Rastreio a capacidade cognitiva por meio da Mini Exame do Estado Mental – MEEM dos idosos que frequentam os centros de convivência na cidade de Parintins – AM e assim contribuir para o planejamento de atividades junto aos grupos. Método: Trata-se de um estudo transversal, descritivo, de natureza quantitativa, envolvendo idosos da cidade de Parintins - AM. Parintins. A população participante da pesquisa foi composta por idosos de 60 anos e mais, participante dos grupos de convivência distribuída na cidade, coordenados pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Trabalho e Habitação (SEMASTH). Participaram do estudo, 11 grupos, com um total de 1.286 idosos cadastrados e uma amostra composta de 296 participantes. O projeto foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Estado do Amazonas – UEA, com aprovação sob o Parecer 2.363.992. A coleta de dados foi realizada em duas fases: a que tratou de permissão para a realização da pesquisa e a aplicação dos instrumentos composto por dados sobre o perfil do idoso (gênero, idade, escolaridades estado civil, renda etc.), condições de saúde e hábitos de vida e a aplicação do MEEM. O rastreio do estado mental é constituído de duas partes, uma que abrange orientação, memória e atenção, com pontuação máxima de 21 pontos, e outra que aborda habilidades específicas como nomear e compreender, com pontuação máxima de 9 pontos, totalizando um escore de 30 pontos. Os valores mais altos do escore indicam maior desempenho cognitivo. Devido a conhecida influência do nível de escolaridade sobre os escores totais do MEEM, autores como Bertolucci et al (1994), Caramelli e Nitrini (2000) Brucki et al (2003) adotam notas de corte diferentes para pessoas com distintos graus de instrução . Nesta pesquisa foi utilizado a nota de corte sugerida por Brucki et al, sendo: 20 pontos para analfabetos; 25 pontos para pessoas com escolaridade de 1 a 4 anos; 26,5 para 5 a 8 anos; 28 para aqueles com 9 a 11 anos, considerando a recomendação de utilização dos escores de cortes mais elevados. Quanto à análise dos dados, estes foram apresentados por meio de tabelas, onde se calculou as frequências absolutas simples e relativas para os dados categóricos. Na análise dos dados quantitativos foi calculada a média e o desvio-padrão para os dados que apresentavam distribuição normal por meio do teste de Shapiro-Wilk ao nível de 5% de significância, já nos casos onde a hipótese de normalidade foi rejeitada foram calculados a mediana e os quartis (Qi). Na estimativa dos resultados dos instrumentos ainda foram calculados os respectivos Intervalos de Confiança ao nível de 95% (IC95%). Na comparação das médias quando aceita a hipótese de normalidade foram aplicados os testes t-student e Análise de Variância (ANOVA), sendo que nos casos que apresentaram diferença para mais de duas médias foi aplicado o teste de Tukey. O software utilizado na análise foi o programa Minitab versão 17 e o nível de significância fixado na aplicação dos testes estatísticos foi de 5%. Resultados: Participaram da pesquisa 296 idosos, desse total a maioria, 179 (60,5%) era do sexo feminino. A respeito da faixa etária, a maior parte, 72 (24,3%) tem entre 70 e 75 anos. Quanto à situação conjugal, 176 (46%) eram casados, 89 (30%) viúvos. Com relação à escolaridade, a maioria sabe ler e escrever, 221 (74,7%), sendo que destes, 167 (56,4) cursou apenas o primário. Quanto à renda mensal, a grande maioria, 214 (72,3%) declarou receber entre 1 a 2 salários mínimos. Verificou-se que em relação ao tabagismo, a maioria 159 (53,7%) declararam que nunca fumaram, 124 (41,9%) são ex fumantes e 13 (4,4%) são fumantes ativos. Quanto ao uso de álcool, 172 (58,1%) nunca beberam, 96 (32,4%) pararam de beber e 28 (9,5%) afirmaram que ingerem bebidas alcoólicas. Quanto à prática de atividades físicas, 191 (64,5%) disseram que realizam; 89 (46,6%) fazem caminhada e 67 (35,1) fazem dança. Quanto a frequência da prática de atividade física, a maioria 108 (56,5%) realizam de 1 a 2 vezes por semana. Dos principais problemas de saúde enfrentados, a maioria relatou hipertensão arterial (50%) e osteoartrose (19,6%). De acordo com os pontos de corte utilizados no MEEM, escores abaixo de 20 pontos em idosos sem escolaridade são indicativos de declínio cognitivo; abaixo de 25 para quem tem escolaridade também é sugestivo de déficit cognitivo. Dos 167 idosos que cursaram até o primário 86 (51,5%) tiveram uma pontuação <25. Em relação aos 62 idosos que afirmaram não ter cursado nenhuma série, 19 (30,6%) obtiveram pontuação <20. Dos 44 que começaram ou concluíram o 1° grau, 16 (36,4%) fizeram pontuação <26,5. Dos 17 que declararam ter o 2° grau incompleto ou completo, 2 (11,8%) fizeram uma pontuação <28. E por fim dos 6 idosos que tem ensino superior, 2 (33,3%) tiveram uma pontuação <29. Somando assim um total de 125 idosos com comprometimento cognitivo. Houve associação significativa da média do instrumento de avaliação da capacidade cognitiva com as variáveis gênero (p 0,005*), idade (p<0,001**) e escolaridade (p 0,001**) tabagismo (p<0,001**) e a realização de atividades físicas (p 0,031*). Considerações finais: Os resultados desse estudo confirmaram que o MEEM é influenciado pelas variáveis idade, escolaridade, tabagismo e a prática de atividade física e que uma parcela significativa dos idosos parintinenses apresentam declínios cognitivos. Tais resultados indicam a necessidade de reforçar a importância do diagnóstico precoce do déficit cognitivo, o que permite o tratamento mais eficaz e possibilita desenvolver ações efetivas que promovam a melhoria na qualidade de vida dos idosos. Os dados obtidos nesta pesquisa serão disponibilizados para a Secretaria Municipal de Assistência Social, Trabalho e Habitação (SEMASTH) para que sejam tomadas medidas cabíveis que venham contribuir para a promoção do cuidado com a saúde dos idosos cadastrados nos centros de convivência, que sejam implementadas atividades que trabalhem corpo e mente, possibilitando melhoras na qualidade de vida do público participante.