Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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SENTIDOS E SEXUALIDADE: DEBATE SOBRE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, SEXISMO E LGBTTIFOBIA
Manoella Carneiro, Fabiana de Jesus Nascimento, Pedro Henrique Luz de Oliveira, Hivison Nogueira da Silva, José Lânio Souza Santos, Noêmia Fernanda Santos Fernandes, Adriano Maia do Santos

Última alteração: 2018-01-22

Resumo


Apresentação: Trata-se de relato de experiência sobre vivência no projeto “Enfrentamento da vulnerabilidade social de jovens em razão da orientação sexual e identidade de gênero: cidadania e direitos humanos”, apoiado pelo edital 15/2016, dentro do Programa Sankofa, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O projeto de extensão, iniciado em junho de 2017, tem o objetivo de debater questões atuais sobre o enfrentamento à violência contra a mulher, ao sexismo e à LGBTTIfobia. Criou-se uma oficina, na qual pudessem ser discutidos tabus relacionados à sexualidade. Desenvolvimento do trabalho: realizou-se uma oficina “sentido e sexualidade” na UFBA, Campus Anísio Teixeira, em 13 de junho de 2017, para a segunda turma de mestrado em Saúde Coletiva. Uma sala foi ornamentada com imagens, objetos, vídeos, iluminação e sons que remetiam sentidos e significados sobre a sexualidade, na sequência foram trabalhados quatro textos sobre: “barebacking”; “sexualidade e pessoas com deficiência”; “travestis na Saúde da Família” e “homens e a não adesão aos serviços de saúde”. Os participantes foram vendados e conduzidas em pequenos grupos ao interior da sala e depois foram estimulados os sentidos por meio de toques, cheiros e sons. Como desdobramento, já sem vendas, os participantes visitavam os microespaços da sala e assistiam anúncios de violência por conta da diversidade sexual. Os grupos, em roda, eram questionados se já haviam sofrido algum tipo de violência e realizado um pequeno debate sobre a experiência. Impactos: A oficina proporcionou debates intensos e contribuiu no processo de rupturas de questões tabus para os mestrandos, pois foi observado que os mesmos ficaram surpresos com os temas trabalhados, além de participarem ativamente do debate. Possibilitou também, uma discussão singular sobre as invisibilidades, promovendo questionamentos enquanto sujeitos que vivenciam algumas das realidades abordadas (machismo, misognia, violência contra a mulher) ou profissionais que não saberiam lidar com certas situações consideradas tabus (pessoas trans, travestis etc.). Observou-se que a maioria dos participantes da oficina eram mulheres e todas haviam sofrido algum tipo de violência, cujas experiências, ainda, são compartilhadas e vivenciadas pela população feminina. Alguns dos relatos são citados a seguir: "um ex-namorado me agrediu porque estava bêbado e eu tinha descoberto uma traição dele, porém ele não assumia. Bateu minha cabeça na parede e me chutou as costas"; "violência é achar que pode mexer nas mulheres a qualquer momento. Chamar a mulher de gostosa, delícia e falar gracinhas e piadinhas; é um tipo de violência que acontece e já aconteceu não só comigo, mas com várias mulheres que conheço". Considerações finais: identificou-se a necessidade de criação de espaços que discutam o tema dentro e fora da universidade. A academia ainda reproduz modelos conservadores sobre a sexualidade e, por vezes, subtrai a capacidade criativa dos estudantes em conhecerem o corpo, além dos aspectos biológico e da medicalização. O empoderamento e o reconhecimento de um contexto de violência torna-se uma "arma" poderosa e necessária contra pré-conceitos, discriminações e violências que, muitas vezes, são perpetuadas, até que se quebre esse ciclo.