Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Vivência com Idosos em Projeto de Extensão Durante a Graduação
Alinne da Rocha Torres, Rizioléia Marina Pinheiro Pina

Última alteração: 2018-01-24

Resumo


INTRODUÇÃO: A vivência com idosos possibilita experiências que nenhuma outra faixa etária seria capaz de fornecer, pois apresentam uma visão da vida diferenciada e com maturidade. Tratando-se sobre seus aspectos psicossociais, são capazes de relacionar as vivências que tiveram ao longo da vida a conselhos que podem ser transmitidos aos mais jovens. No tocante à saúde, a maioria dos idosos residentes em um bairro da zona centro-sul de Manaus, possuem doenças como hipertensão, diabetes e problemas cardiovasculares. Por conseguinte, necessitam de uso contínuo de medicamentos e precisam de um olhar diferenciado pelos profissionais da saúde. Além disso, seus familiares precisam entender que a atenção destinada a essa população precisa ser dada de forma integral. O transcorrer do tempo traz limitações físicas por conta da qualidade de vida que é afetada e nem todos os idosos possuem acompanhamento e incentivo para envelhecer saudavelmente. OBJETIVO: Relatar a experiência vivida enquanto realizava-se o Programa Atividade Curricular de Extensão (PACE): Cuidado Integral ao Cuidador do Idoso, durante o ano de 2017, no período de junho até setembro. Com sede no PROASI (Programa de Atenção à Saúde do Idoso), zona centro-sul de Manaus, Amazonas. As atividades realizaram-se com os idosos cadastrados no PROASI, por meio de visitas a domicílio. Através dessas atividades, foram percebidos as dificuldades, desafios e aspectos positivos para aqueles que vivem a terceira idade naquele espaço.  METODOLOGIA: A experiência consistiu em visitar os idosos cadastrados do PROASI e realizar o Teste de Berg. Esse teste compõe-se de alguns movimentos que os idosos devem por em prática de acordo com sua capacidade, por exemplo: girar devagar (fazendo 360 graus), pegar um objeto do chão, apoiar-se em uma só perna, mudar de uma cadeira com descanso para uma sem descanso. Dessa forma, era possível observar aspectos como equilíbrio, postura, habilidade, agilidade e se usava a mão para se apoiar. Ao efetuar essas atividades, os resultados eram anotados, certo número de pontos era atribuido e se ao final, a soma dos pontos do idoso fosse inferior a 50, ele responderia a um questionário a respeito da sua qualidade de vida, pois alguns idosos, apesar de apresentarem algumas limitações, consideram boa sua qualidade de vida. Durante a aplicação do teste, a conversa a respeito do cotidiano do idoso era analisada, como também a relação familiar entre o idoso e outros moradores da casa, geralmente parentes ou cuidador. Além disso, também foram feitas no PROASI rodas de conversa com alguns idosos, a respeito do cuidado com a glicemia, dentre outros assuntos. RESULTADOS: Através da união dos resultados do Teste de Berg e observação, os acadêmicos do PACE puderam classificar os idosos em três grupos principais:

Grupo 1: Alguns idosos executaram o teste perfeitamente, conseguiram realizar os movimentos e obter nota maior que 50, alcançando nota máxima. O grupo do PACE ficou surpreso ao perceber que o estilo de vida desses idosos era com práticas regulares de exercícios, boa nutrição e alguns ainda trabalhavam. São idosos ativos e alegres. Desfazendo o estereótipo que todo idoso tem muitos problemas de saúde, usam bengala e apresentam estresse.

Grupo 2: Houve também idosos que tiravam superior ou inferior, mas ainda próximo de 50 pontos. Em maioria, eram idosos com alguns problemas de saúde, sem prática regular de exercícios, demonstraram limitações.  Muitos destes moravam sozinhos ou passavam a maior parte do tempo assim, não saiam muito de casa e a visita de parentes era pouco frequente. Outra, minoria, morava com algum parente, não é o que podemos chamar de solitários, entretanto, seus problemas de saúde os impediam de ser mais independentes e não conseguir realizar alguns movimentos do teste.

Grupo 3: Idosos com pontuação abaixo e não próxima de 50. No geral, idosos dependentes de parente ou cuidador, tinham problemas mais sérios de saúde, não podendo realizar muitos exercícios físicos.

Já através das rodas de conversas os idosos foram instruídos com palavras de fácil compreensão, obtendo mais informações de como se faz o teste glicêmico, valores considerados normais e problemas que o excesso de açúcar no sangue pode acarretar. Foi perceptível o quanto a roda de conversa foi esclarecedora, os idosos tiraram dúvidas e discutiram sobre o assunto. Os voluntários do projeto de extensão que acreditavam somente transmitir conhecimento equivocaram-se, pois a experiência trouxe muito aprendizado. Contribuiu para o conhecimento acadêmico dos participantes, de como lidar com o idoso, as formas de observar a realidade deles, a importância de um cuidado baseado na atenção, o papel da família e cuidadores para promover e incentivar uma boa qualidade de vida para os idosos, além do processo de ensino-aprendizagem com os mesmos. Nas visitas domiciliares, algumas dificuldades foram enfrentadas, como: o idoso não querer receber os integrantes do PACE e no início dos testes, a desconfiança por parte deles em falar com os alunos e fazer as atividades. Apesar dos contra-tempos, muitos idosos os receberam e foi possível coletar dados. Também houve contato com idosos que não puderam participar das atividades por estarem muito debilitados, com dores, e alguns são tão caseiros que não demonstraram vontade de ir ao médico.  CONCLUSÃO: A experiência adquirida durante a participação nesse projeto de intervenção promoveu reflexão sobre o processo de envelhecer, suas implicações na saúde do individuo, família e sociedade. Favoreceu aos acadêmicos de enfermagem participantes da Atividade Curricular de Extensão maior contato com a população idosa, aproximação com a realidade vivenciada pela comunidade, o despertar para um olhar atento aos cuidados direcionados aos idosos, bem como a importância de ofertar aos idosos atividades de educação em saúde relacionadas as práticas de autocuidado, bem como aos cuidadores e família dos idosos. Os acadêmicos tiveram a oportunidade de compartilhar e trocar conhecimentos com a comunidade a partir de uma linguagem de fácil compreensão, conhecer as perspectivas dos idosos no tocante à sua saúde, qualidade de vida, desafios que surgem com a idade e sua relação com familiares. Nesse sentido é necessário que profissionais de saúde, sociedade, Instituições de Ensino Superior e entidades governamentais estejam envolvidas e comprometidas com o processo de envelhecer da sociedade a fim de possibilitar uma melhor qualidade de vida nessa fase, além de favorecer aos discentes a aproximação com essa população, a fim de estimular o melhor atendimento destinado à terceira idade.

 


Palavras-chave


idosos;comunidade;educação