Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ENCONTROS COM A ARTE E AS AFETAÇÕES NA PRODUÇÃO DE SAÚDE E NOS MODOS DE EXISTÊNCIA
Daniel Noro de Lima, Túlio Franco Batista

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Nosso desejo de investigar modos de existência se dá a partir do reconhecimento de que é digno de ser vivido, qualquer que seja o modo existente. A produção da vida reinvindica seus próprios meios de expressão diante da ilimitada possibilidade de mundos. Reconhecer e escutar atentamente as vozes das singularidades é a atitude ética que adotamos contra formas de gestão biopolítica, que tentem à homogenização e à captura dos desejos por grupos hegemônicos. Temos especial interesse por aqueles que, de diversos modos, lhes são roubados direitos e oportunidades, mas que (r)existem à margem de determinadas normalidades instituídas.Visto isso, pretendemos trazer à discussão algumas possibilidades nas produções de saúde e existência, considerando os afetos gerados nos encontros de pessoas com a arte. Adotamos o conceito de saúde relacionada à potência de vida espinosana, na qual alegria, felicidade e prazer fazem parte de sua composição. Partimos do princípio de que a existência humana, assim como a saúde, estão expostas em graus variados, aos afetos produzidos no encontro com forças de fora, ou agenciamentos. Para que algo passe a existir realmente, é necessária uma ação de instauração. A existência é considerada uma conquista, um processo que eleva o existente a um “patamar de realidade”, e para que isso ocorra, o existir precisa ser instaurado. Mergulhamos no campo das subjetividades dos processos de instauração de existências e como estes se relacionaram com a produção de saúde nas narrativas feitas dos encontros de Alice e Paulo com o agenciamento arte.  Enquanto força agenciadora da produção subjetiva, a arte tem o potencial de convidar o outro a se comunicar com o seu corpo sensível produzindo afetações e   atuando na produção de desejos. Orientados pela necessidade de evidenciar subjetividades e experiências no campo do vivido, experimentamos o método do encontro no qual o conhecimento é ativador e produtor de intervenção na vida e acontece nas relações de saber-poder produzidas no encontro entre pesquisador e investigados. Foram realizadas entrevistas não estruturadas de modo que os investigados se sentissem à vontade para falar das suas experiências, suas emoções e suas afetações. Como ferramenta para a produção dos resultados e análises da pesquisa, optamos pela produção das narrativas de vida, pois possibilitam ao narrador reviver experiências resignificando-as e evidenciam também algumas maneiras pelas quais, Alice e Paulo tiveram suas existências afetadas pela arte. A partir dos resultados produzidos, pode-se inferir que a arte atua como agenciamento operado pelo sensível e possui potencial para fissurar mundos instituídos e refazer relações de saber-poder. Concluímos também que na disputa pela radicalização das práticas de saúde em direção a um projeto de saúde cuidador e produtor de potência, a arte se apresenta como possível campo a ser explorado na luta pela vida e pela produção de modos de existência.


Palavras-chave


Produção do cuidado; subjetividade; arte