Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CINE NEURAL: O CINEMA COMO FERRAMENTA DE ENSINO E APRENDIZAGEM EM NEUROCIÊNCIA
Raphaelly Venzel, Larissa Pessoa de Oliveira, Maria Clara Paulino Campos, Rodrigo Vásquez Dan Lins, Sabrina Macely Souza dos Santos, Rafael Brito da Silva

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Apresentação:

A Universidade Federal do Amazonas (UFAM), por meio da Pró-Reitoria de Extensão e Interiorização, autorizou para o primeiro semestre de 2017 a realização do Programa Atividade Curricular de Extensão (PACE) “Cine Neural”. Ocorrido nas dependências do campus Instituto de Saúde e Biotecnologia da UFAM, esse projeto objetivou disseminar o conhecimento em neurociências entre alunos do ensino médio por meio de sessões de cinema que abordaram a temática a fim de promover conhecimento e educação.

Neurociência compreende o estudo do sistema nervoso e suas ligações com toda a fisiologia do organismo, incluindo a relação entre cérebro e comportamento. Além disso, estuda também patologias associadas ao sistema nervoso e seus reflexos em todas as funções do indivíduo, procurando métodos de diagnóstico, prevenção e tratamento, além da descoberta das causas e dos mecanismos. Assim, discutir o assunto pode trazer benefícios tanto educacionais, no que se refere à ampliação de conhecimento sobre a área, quanto benefícios à saúde, visto que informações relevantes sobre o processo patológico no sistema nervoso podem ser ensinadas, melhorando a qualidade de vida dos envolvidos.

Nesse sentido, ainda, a inclusão de novas ferramentas no processo de ensino e aprendizagem se faz necessária, uma vez que favorece a fixação do conteúdo abordado e, por consequência, torna mais eficaz a transmissão do conhecimento. Dessa forma, levando em consideração as características culturais do cidadão das sociedades modernas, o cinema tornou-se uma proposta educativa evidente, quando representa um instrumento de mudança social pelas vias da técnica e da ciência. A dinâmica e o encantamento propiciados por esse entretenimento envolvem os jovens, potencializando a capacidade de entendimento acerca de determinado conteúdo, seja ele pautado no âmbito das disciplinas escolares ou de uma forma mais abrangente, a fim de compreender a sociedade.

Tendo isto em mente, o Cine Neural lançou a proposta na tentativa de implementar o cinema como uma maneira lúdica de ensino e aprendizado em neurociência, além de salientar a importância desse ramo na sociedade como um todo, de ampliar o senso crítico dos alunos do ensino médio e de relacionar a neurociência com a vivência dos alunos.

Desenvolvimento do trabalho:

As atividades do projeto de extensão foram realizadas por acadêmicos dos cursos que apresentaram em sua grade curricular a disciplina de biofísica no período de outubro de 2016 a fevereiro de 2017 (período letivo 2016.2), e foi dividido em etapas. Na primeira, houve a realização de reuniões com os acadêmicos para capacitação e levantamento de filmes relacionados à temática de neurociência. A capacitação foi realizada pelo coordenador do projeto, o Prof. Dr. Rafael Brito da Silva, por meio de discussões teóricas com a abordagem de conteúdos que compõem o tema. Posteriormente, na segunda etapa, por meio de um debate entre os acadêmicos e o coordenador, houve a escolha dos filmes utilizados como ferramenta de aprendizado e discussão. Três filmes foram escolhidos: Óleo de Lorenzo (1992), Réquiem para um sonho (2000) e Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (2004). Na terceira etapa, os filmes selecionados puderam ser transmitidos para a comunidade de interesse, com posterior discussão sobre cada longa-metragem apresentado. Por fim, na última etapa, pediu-se que os participantes avaliassem o projeto, bem como os acadêmicos participantes, a fim de saber se os objetivos do PACE foram alcançados.

O primeiro filme apresentado, Óleo de Lorenzo, retrata a história verídica de Lorenzo Odone filho do casal Augusto e Michaela Odone, um menino que aos cinco anos de idade começou a demonstrar sintomas de uma rara doença genética denominada adrenoleucodistrofia (ADL), que provoca uma incurável degeneração no cérebro levando o paciente a morte em no máximo dois anos. O filme conta a trajetória da família e a persistente tentativa do casal em encontrar formas de tratamento para ADL. A partir deste filme, pôde-se introduzir ao público alvo o mundo da neurociência, com explicações sobre a biologia celular e fisiologia do sistema nervoso, além de promover um debate sobre a origem, o acometimento e possibilidades de cura/tratamento para a adrenoleucodistrofia.

Com Réquiem para um Sonho, que conta a história de quatro personagens numa busca constante por seus sonhos e sua felicidade, mas que paralelamente estão envolvidas com drogas de abuso, pôde-se discutir o efeito da heroína, da cocaína e da anfetamina no organismo, além do mecanismo de ação de cada uma delas no sistema nervoso. Esse filme também trouxe a possibilidade de debate sobre comportamento e a ampliação do pensamento crítico dos adolescentes envolvidos no projeto.

Por último, Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças possibilitou uma discussão sobre memória, tendo em vista que o filme se passa em um tempo em que pessoas, assim como máquinas, são capazes de apagar lembranças indesejáveis. Apesar de ser uma ficção, o longa possibilitou o aprendizado sobre os locais do cérebro em que se armazenam as memórias, como o processo acontece e formas de relembrar mais eficientemente o que se aprende. Além disso, discutiu-se o Alzheimer, uma patologia neurodegenerativa que tem como um dos sintomas a perda de memória.

Resultados e/ou impactos:

As ações do projeto contribuíram para o desenvolvimento social e intelectual dos membros envolvidos, assim como apurou o senso crítico e os fez levantar questionamentos sobre a ciência e os mecanismos biológicos do corpo humano. Ademais, a realização do projeto no âmbito universitário proporcionou o contato direto entre alunos de ensino médio e de ensino superior em cuja grade a neurociência esteja inserida. Esse contato pôde despertar, ainda, o interesse dos jovens na escolha de um curso de graduação no futuro.

Considerações finais:

Por meio do PACE Cine Neural, que objetivou implementar o cinema como uma maneira lúdica de ensino e aprendizado em neurociência, ficou evidente que é possível realizar a inserção da arte na educação e, por consequência, na saúde. Ao transmitir conhecimentos tanto escolares (explicações sobre a biologia celular e a fisiologia do sistema nervoso – assunto que será aproveitado para a realização de ENEM e vestibilares, por exemplo) quanto sociais (proporcionando entendimento sobre efeito das drogas no organismo, doenças neurodegenerativas, interface mente-máquina), a iniciativa estimulou a busca por conhecimento e o aumento na qualidade de vida dos envolvidos no processo de aprendizagem e da família destes, quando disseminam em casa o que foi aprendido. Além disso, o projeto pôde auxiliar os jovens em decisões futuras, como a escolha de uma profissão. Essa compreensão, transmitida por filmes e posteriores discussões, é inovadora e de fundamental importância nos dias de hoje, pois a sociedade moderna se envolve cada vez mais com a indústria cinematográfica. Não é necessário um único gênero cinematográfico, quaisquer filmes que possibilitem discussão podem ser utilizados. Dessa forma, o saber dissemina-se com grande eficiência.


Palavras-chave


Neurociências; Ensino; Cinema como Assunto.