Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE, PARA O ENFRENTAMENTO DA MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA
victor paixão, Vera Lucia, Adria Vanessa Silva, Ana Karoline Silva, Euriane Costa

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Apresentação: A violência contra mulher é um fenômeno global, presente na sociedade devido a construção histórica de uma cultura androcentria e patriarcal, com predomínio da iniquidade entre gêneros. Por anos, muitas mulheres foram oprimidas e silenciadas, sendo expostas diariamente a situações violentas de natureza física, psicológica, sexual, moral e patrimonial, consequentemente resultando em transtornos psicológicos, debilidade física e óbito, tornando-se um grave problema para saúde pública. Contribuindo com aumento dos atendimentos e dos gastos para garantia da integralidade das ações de reabilitação das vítimas. Frente a essa realidade, surgem os movimentos feministas, para combater esses atos e garantir os direitos das mulheres, estabelecendo seu auge no Brasil com a criação da Lei 11.340 de julho de 2006, popularmente conhecida com Maria da penha. A partir desse momento se deu maior visibilidade para os casos em que a mulher se encontra em situação de violência, passando a se produzir números significativos de artigos na perspectiva da mulher agredida, no perfil dos envolvidos nos boletins de ocorrência e nos tipos de violência cometidas. No entanto, fazem-se necessárias medidas mais efetivas, que levem essa discursão para o conhecimento das comunidades, podendo assim construir em conjunto, uma percepção crítica do problema, proporcionando maior autonomia para os indivíduos no enfrentamento a violência. Dessa forma, atividades de extensão que trabalhem na perspectiva de dialogar com a comunidade em geral sobre meios de prevenção e combate à violência, são iniciativas fundamentais para redução dos casos e mudança desta realidade. Tem como objetivo relatar a importância da educação em saúde nas comunidades para um melhor enfrentamento da mulher em situação de violência. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência. Ação realizada em novembro de 2017, por acadêmicos de Enfermagem da Universidade Federal do Pará, participantes do programa de extensão de Empoderamento e fortalecimento da mulher amazônica frente a violência doméstica e familiar, para usuárias da Unidade básica de saúde de Vila nova vida, comunidade localizada no município de Moju, no estado do Pará. Para realização da atividade foram utilizados folders impressos, editados em Microsoft Power Pointee álbum seriado construído em cartolinas, após a fundamentação teórica, por meio de artigos encontrados na Biblioteca virtual de saúde (BVS). A atividade foi realizada no auditório da unidade, tendo duração média de 80 minutos, subdividida em três etapas. Na primeira foi realizado a recepção e acolhimento das usuárias, que estavam no atendimento e foram conduzidas até o auditório, as participantes receberam uma folha de papel em branco, ficando à vontade para riscar e amaçar sua folha, posteriormente se realizou uma comparação entre as marcas no papel e as marcas que uma mulher em situação de violência carrega, inserindo-as de forma participativa na discursão do tema e expondo sua gravidade. Na segunda etapa, com auxílio do álbum seriado, através de uma palestra semi estruturada, foram trabalhas questões voltadas especificamente para prevenção da violência, como identificá-la, o que fazer, como denunciar e as políticas públicas específicas, para que as mulheres tomem conhecimento que se presenciarem ou estiverem em situação de violência, existem meios para procurar ajuda e recorrer. Na última etapa, se formou uma roda de conversa para estabelecer a troca de experiências e relatar as vivências, nesse momento o protagonismo nas falas foi das participantes, que relataram casos de violência consigo ou com pessoas próximas, fazendo reflexão em grupo acerca do problema e pensando em soluções paras essas realidades.  RESULTADOS: Realizar atividades de educação e orientação para prevenção de agravos, é desafiador, dentro um cenário em que valoriza-se a atenção médico e ambulatorial, no entanto, devem ser buscadas estratégias para aproximar os usuários desses ambientes, seja para diminuição dos casos de violência ou para qualquer outro assunto dentro da área da saúde, pois o fazer saúde esta além da realização de procedimentos. No entanto, a falta de local apropriado e recursos são uma realidade para quem trabalha com extensão e requerem estratégias criativas para garantia da execução dessas ações, dentes elas a utilização do álbum seriado. A atividade foi bem recebida pelas usuárias, que participaram e estiveram atentas a todas as questões trabalhadas, no entanto a violência ainda é muito naturalizada na realidade desta comunidade, onde os parceiros vivem do extrativismo do coco e as mulheres cuidam dos filhos e da casa, com um predomínio muito forte da cultura do patriarcado, logo para elas, não é tão fácil a discussão da temática. Durante a abordagem das tipificações da violência perpetrada contra mulher, foi observado que a violência física é bem entendida por essas mulheres, no entanto poucos consideram os atos e conseqüências da violência psicológica como tal, tendo como entendimento que o conceito de violência a atos que agridam apenas a integridade física, necessitando de um melhor esclarecimento das violências psicológicas, moral, sexual e patrimonial. Outra questão problematizada pelas participantes e que apesar da existência de leis que garantem seguridade, elas não conseguem visualizar na prática sua efetividade sentindo-se desprotegidas ao denunciarem as autoridades, pois na localidade não possui serviço especializado, cujo podemos perceber o reflexo de uma gestão publica que se distancia e não consegue atender as necessidades da população. CONCLUSÃO: A violência perpetrada contra mulher dentro das relações conjugais, tonou-se um problema sério para saúde pública, principalmente pelo aumento dos casos e do seu custo para o setor, devendo-se buscar dentro da área, estratégias que auxiliem em seu combate e diminuição, frente a isso, atividades de educação em saúde mostram-se como estratégias eficientes para informar e sensibilizar a sociedade sobre temas relevantes ao aprendizado, tornando essa pratica  imprescindível para a integralidade na assistência nos serviços de saúde, fazendo com que os profissionais sejam capazes de desenvolver  trabalho em equipe junto aos usuários promovendo aprendizado e educação continuada, proporcionando empoderamento da comunidade para o autonomia no combate a violência. Portanto a atividade protagonizou-se  enquanto instrumento transformador da realidade, seja do ponto de vista dos acadêmicos, implementando  ações  de grande relevância dentro da sociedade e com isso agregando vivências, ou dos participantes tiveram a possibilidade de discutir um assunto que por anos foi naturalizado dentro de diferentes culturas e relações, compreendendo a necessidade da quebra desses paradigmas para mudanças na realidade.           


Palavras-chave


VIOLÊNCIA CONTRA MULHER; EDUCAÇÃO; ENFERMAGEM.