Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O PROJETO REDES E SUA INTERFACE COM AS MICRO POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS, VIOLÊNCIAS E VULNERABILIDADES SOCIAIS
José de Arimateia Reis, Melissa Leite de Azevedo, Helena Fonseca Rodrigues

Última alteração: 2017-11-03

Resumo


Apresentação: Este resumo compreende o relato das ações, entre os anos de 2014 e 2017, do Projeto Redes Intersetoriais de Cuidado a Pessoas com Demandas e Necessidades Relacionadas ao Uso de Drogas, Violências e Vulnerabilidades Sociais / Projeto REDES, financiadas pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas - SENAD, e executadas pela Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ. A execução deste projeto teve como finalidade articular redes intersetoriais de base territorial em vários níveis, desde os usuários das redes de serviços, passando também por trabalhadores e gestores dos dispositivos de prevenção, acolhimento e cuidado, nas esferas governamentais e não governamentais, municipais e estaduais, nas áreas de saúde, assistência social, educação,direitos humanos, segurança e justiça, universidades, movimentos sociais, entre outros. A partir da inserção sistemática no território de um ou mais articuladores e articuladoras sociais, por sua vez apoiados por um interlocutor regional, e também por coordenadores de território e supervisores técnicos, buscou promover a integração entre os diversos atores e serviços das redes locais, criando espaços para discussão de casos, mediação de coletivos, educação permanente, fóruns de álcool e outras drogas, incentivo a coletivos participativos, reunião com equipes nos serviços, suporte técnico, acompanhamento de casos, entre outros. Objetivo: Contribuir na organização das redes de serviços e articulação da intersetorialidade em atenção aos usuários e usuárias de álcool e outras drogas, pessoas vítimas de violências e vulnerabilidades sociais, utilizando métodos que favoreciam a integração entre áreas técnicas, para efetivação das estratégias prioritárias, apoiando processos de planejamento, monitoramento e avaliação das políticas públicas locais sobre drogas, violências e vulnerabilidades. Método: A problematização das situações enfrentadas nos territórios foi uma das principais estratégias metodológicas para o desenvolvimento de mediações, novas aprendizagens através das experiências compartilhadas e promoção de mudanças das realidades locais. Esses contextos territoriais complexos e heterogêneos eram compartilhados e discutidos por equipes reunidas no território, e também por equipes centrais em Brasília-DF e no Rio de Janeiro-RJ, compostas por áreas de coordenação e assessoria técnico-administrativas, em reuniões e encontros periódicos, para posterior definição das ofertas de intervenções técnicas, teóricas, de pesquisas e/ou de supervisão clínico-institucional a ser realizadas nos territórios. Tais ofertas eram desenvolvidas por consultores contratados, e pelos próprios supervisores, interlocutores, coordenadores de território e articuladores, e ainda pelos Centros Regionais de Referência (CRRs) implantados nos municípios junto às universidades públicas, bem como outras parcerias construídas, tais como os projetos de extensão em parceria com universidades, os projetos de inserção social, e ainda de prevenção ao uso de drogas em escolas públicas. Resultados: No período aqui descrito, a proposta central do Projeto Redes foi formar estruturas capazes de acompanhar, aprimorar e desenvolver articulação das redes intersetoriais em 54 municípios brasileiros localizados nas 05 regiões do país, um consórcio estadual e 02 Estados da federação, ampliando o olhar do cuidado ao usuário para além das necessidades de saúde, com maior efetividade desta com os demais setores (assistência social, educação, justiça, direitos humanos, audiências de custódia), e com participação de atores sociais diversos (movimentos sociais, movimentos de mulheres, operadores de segurança pública, usuários e usuárias de serviços, etc.), trazendo a construção do cuidado, da política de drogas, do acolhimento à violência e da atenção às vulnerabilidades sociais para espaços coletivos, nos quais as informações e evidências exitosas possibilitassem a concretização do exercício da cidadania, da garantia de direitos sociais, das modificações de concepções rígidas, racistas e segregatórias de minorias e segmentos sociais excluídos, assim como o fomento de tecnologias leves nos serviços, como o diálogo, o vínculo, a escuta, a troca de afetos, o acolhimento, a construção de projetos de vida junto aos usuários, entre outros. Considerações finais: Na perspectiva da mudança de paradigma nas políticas sociais, tais como a política de drogas, de prevenção e acolhimento à violências e vulnerabilidades, e superação das práticas moralizantes e repressoras, para posições mais éticas, as quais considerem os usuários de drogas e as populações excluídas em sua historicidade e seus contextos sociais, o projeto Redes construiu uma história de inovação, renovação, capilarização e oxigenação, nas diversas regiões do país onde foi implantado, possibilitando a construção de espaços horizontais para as trocas de experiências, discussão dos casos e redimensionamento da práxis nos serviços de atenção às pessoas em sofrimento decorrente do uso de substâncias psicoativas, vítimas de violência e imersas em contextos de vulnerabilidade social, de onde novas tecnologias sociais leves e dialógicas, assim como estratégias transversais de articulação e integração de pessoas, serviços e redes foram emergindo e se concretizando, numa teia que se fez e desfez, se construiu, se desconstruiu e se reconstruiu numa interface tecida com a marca da micropolítica pública, junto a processos coletivos, democráticos e igualitários.

 


Palavras-chave


Articulação intersetorial; Redes de cuidado; Território.